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Cronicas-->Dominó nas quintas -- 06/11/2012 - 10:59 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dominó nas quintas

Aroldo Arão de Medeiros

Todas as quintas-feiras eu jogo dominó no Joe. Assim chamamos o local onde há uma quadra de futebol suíço, de areia, e um espaço reservado para beber, jantar, divertir-se no dominó e jogar muita conversa fora. Somos dez assíduos contendores que brincamos e soltamos besteiras o tempo todo.
Um dos participantes tem vários tipos de doenças oftalmológicas. Certa vez me falou que só não tem catarata, mas que sua visão é de um rio poluído ao extremo. Até pensei, o que ele deve ver deve ser como o rio Iguaçu, no Paraná ou o Tietê, em São Paulo. Ele tem miopia (dificuldade de visão ao longe) e hipermetropia (dificuldade de visão ao perto). Pelos meus parcos conhecimentos do assunto, ouso dizer que o glaucoma (doença dos olhos causada pelo aumento gradual da tensão ocular) e a presbiopia (vista cansada, dificuldade de visão ao perto), fazem parte do rol das doenças que o afligem. Gosto de tê-lo como parceiro, porque se perco digo que jogaram contra um ceguinho, se ganho, que venci tendo como parceiro o Zoinho. O Zoinho tentou certa noite dar carona ao Canella no final dos jogos. O Canella retrucou:
- No carro, contigo ao volante, não embarco nem que o carro esteja parado.
O nosso mestre das quintas é o Aldori. Pega as pedras, conta-as uma a uma para não pegar nem mais nem menos que sete. Se errar a jogada enrola todos com explicações esdrúxulas. Se acertar esnoba interpretando o óbvio. Quando toma lisa, o culpado sempre é o parceiro. Chega invariavelmente depois das oito dizendo que a patroa só o libera naquele horário. Desconfiamos que só sai depois que acaba a novela Guerra dos Sexos. Será que significa alguma briga interior?
Meu vizinho, Zezo, gosta de jogar comigo. Não reclamamos um do outro e sempre, vencendo ou sendo derrotados, ficamos numa boa. Detesta quando o Álvaro fica atrás de sua cadeira peruando. O motivo - que parece natural - de gostar de ser meu parceiro, é que se um precisa de ajuda o outro socorre. Em caso de doença, ainda não houve necessidade, mas com os veículos de ambos os préstimos já foram feitos.
O Luizinho está sempre de visual novo na juba. Hora ela é preta e outras, acaju ou ainda outras cores que desconheço. As más línguas dizem que ele obedece aos conselhos da mulher com a qual está saindo no momento. Falam também outras coisas que nem é bom citar.
O sogro do Álvaro é considerado o mais fraco jogador. Acha que joga, mas não sabe nada relativo às pedrinhas. Diz que fechar o jogo é com ele mesmo. Impede que o jogo continue e os adversários ficam contentes. Tem um jeito sui generis de colocar os retàngulos de marfim na mesa. Dá uns revoltos com a mão extremamente engraçados. Nem o genro gosta de ser companheiro dele nessas simples competições. Quando cai para jogar com o sogro, Álvaro capricha para ganhar pelo menos uma partida, porque pode ser que o velho o deserde. Dizem que o jogador de dominó é igual ao vinho, quanto mais velho, melhor. Não lembraram de comunicar ao Gino, que é o que tem a idade mais avançada dentre todos.
Quase me esqueci do sobrinho do Zoinho. O defeito dele é ser corinthiano. No mais, é pessoa de boa índole e joga normalmente, falhando como todos. De vez em quando some. Uns dizem que arrumou namorada nova. Não sei não. Vou averiguar direitinho para ver o que ele arranjou mesmo.
O Zequinha é aquele que fala "Tocou na pedra tem que jogá-la". Ninguém obedece e ele ainda ganha esporro. Curou-se de uma doença que o estava atormentando e o retorno ao nosso convívio foi muito bom. Particularmente eu gosto quando ele diz "Vamos passar a régua", e sou seu adversário, porque sempre acaba o jogo, mas, é para ele.
A figura que causa mais alegria é o Canella. Sempre contente, tem suas filosofias que nos fazem cair na gargalhada. O cumprimento já é um "Tá ganho o jogo, não tem para ninguém". Até parece que está sempre casando, porque "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença" está sempre sorrindo. Quando fecha e ganha, diz que planejou ao colocar a segunda pedra. E olha que ainda faltavam cinco para descartar.
O Canella veio com a seguinte teoria "O brasileiro que venceu o campeão mundial de sinuca, o inglês Steve Davis, foi Rui Chapéu. O apelido advém de sempre usar um chapéu em seus desafios, televisivos ou não. Aroldo se tu te chamasses Rui, e como sempre usas boné, eu te apelidaria de Ruim Boné".
Os jogos são na quintas. Se fosse em Portugal seria numa casa de campo ou propriedade particular. Não é casa de campo, mas tem um campo de futebol ao lado. É uma propriedade particular, mas é com se fosse nossa, pois nos sentimos muito bem, e melhor ainda quando o proprietário, Joe, participa.
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