Incerto vento afoito,
Quando intermitente soprava
Desregrava o continuar das horas
Punha os cabelos em desalinho,
E os olhos em desvelo
Na esquina da minha rua, quando passava um tornado
Nenhum homem se atrevia a perambular, cruzar o asfalto
Os meninos, então ah! morriam amarelos
E as mulheres protegiam o rebento no ventre
Tínhamos medo do provável dilúvio repetido na catequese
Os cachorros, coitados, de rabos escondidos e calados
Corriam velozes sem rumo, quase que ao léu
Assombrados no pavor da tarde que os deixava sem abrigo
E todos os galhos sacudindo a um só tempo
Punham em risco a continuidade da espécie dos pardais abobalhados
Quanta saudade do sertão!
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