Sabe de uma coisa, filho?
Quando vejo tua cama vazia, e tão arrumadinha,
dá uma nostalgia...
E eu fico assim, meio que tristonha a embalar-te nos braços
da memória dos tempos de menino.
Dezenas de quilômetros nos separam todo dia,
amenizados pelo milagre da tecnologia,
que evito usar para não me tornar um enfado...
Ah! Quantas e tantas vezes, me pego digitando teu número
e desistindo logo, para não te passar a minha ansiedade, de mãe;
esta ansiedade explicável e constante
que faz o coração bater mais forte, a cada chamada tua...
Hoje olhei teu quarto, com o “gato Félix”
e tua infância feliz e risonha passou-me
num relance diante dos olhos
como filme de curta-metragem,
que resolvi “alongar” neste retrato... E na parede a camisa
com três estrelinhas, prenunciando, talvez,
as outras três, vinte anos depois...
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