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Artigos-->A busca da contextualização -- 07/08/2003 - 08:18 (Ricardo de Barros Bonchristiani Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se algum leitor, telespectador ou ouvinte brasileiro resolver vasculhar uma alternativa àquilo que se encontra diariamente nos veículos de informação, poderá sentir-se no labirinto de Dédalo, tamanha a escassez de opções.



Os quatro ventos sopram que os grandes meios de comunicação em massa passam por grave crise existencial no Brasil. A conclusão não é de nenhum catedrático em ciências da expressão, mas é a consciência coletiva quem diz. Uma recente pesquisa da Folha de São Paulo indicou, por exemplo, programas de audiência como Domingão do Faustão, Ratinho e Gugu como os piores. Paradoxalmente, aqueles feitos para “o povo”.



A visibilidade desses já clássicos da televisão brasileira é, na realidade, fruto de uma fibromialgia cerebral crônica por parte da audiência, causada pela inércia de fim de semana. Afinal, no Brasil, quem não sai de casa, assiste televisão.



Se, por acaso, o cidadão resolver ler para oxigenar o vácuo que surgiu assistindo A Turma do Didi, as opções à mão serão os mais lidos Folha de São Paulo, Estadão, Veja, Época. Parafraseando inversamente Neil Armstrong, nesse caso, o leitor deu um pequeno passo em direção à informação, mas um grande rumo à confusão. Complicado? Nem tanto.



É muito simples: se a televisão utiliza subterfúgios pouco saudáveis (para usar de eufemismo) para alavancar os índices no Ibope, os veículos impressos, apesar de parecer menos explícito, também, mas a fim de vender mais assinaturas, cobrar mais pela publicidade e, de quebra, manipular a opinião pública e favorecer grupos políticos, além de todo e qualquer canal de troca de favores e recursos.



Como levar em consideração a informação dita “imparcial” fornecida por uma empresa que é tão parte de um Governo como a própria faixa presidencial? Uma emissora que já elegeu e execrou um mesmo político? Como dar credibilidade a uma revista que pertence ao mesmo grupo? Como acreditar num jornal que tem entre seus colunistas um atual presidente do Congresso Nacional, arqui-inimigo de uma colunista que representa a opinião do veículo?



De quem seria, então, a culpa por essa casa di Irene que virou a imprensa? Os diretores? Globalização? Pós-modernismo? Corrupção? Crise do modelo capitalista? Alienação brasileira? Esses fatores estão relacionados, mas há um que, se não é determinante para a causa, pode sê-lo para a solução: o ensino superior.



Quando estudantes de jornalismo, em tempos de mídia tática, hackivismo e ciber militância, perguntam qual o endereço do Estadão na Internet, enquanto cursam o quinto semestre, a conclusão grassa: Caos. Esses indivíduos, graduados, são absorvidos pelo mercado (está mais para quitanda) e acabam levando a mediocridade das aulas para a mídia.



Resultado: “Sensura” (em manchete de capa de um recente semanário impresso), “Sadan Husseim” (em caracteres durante reportagem de TV), horas de espetáculo televisivo protagonizado por um policial suicida, reportagens “investigativas” baseadas em boletins de ocorrência, Rodovia Pedro “Táxi” (erro de digitação?), para não citar outras atrocidades que ocorrem no campo da ética jornalística, cujos produtos são o total desbaratino e massificação popular.



Os estudantes passam quatro anos cursando Jornalismo e saem preparados para redigir uma boa redação de oitava série. Como o problema é macro, seus efeitos estão em todas as mídias.



No Brasil, provavelmente Nicholas Lemman se inspirou para defender as idéias de um ensino jornalístico que valoriza o pensamento abrangente e contextualizado. Nosso país servindo como modelo a não ser imitado. Provavelmente, colocará suas idéias na prática na Faculdade de Jornalismo da Universidade Colúmbia, em Nova Iorque, para onde um certo Jayson Blair (ícone do jornalismo irresponsável), deveria ser reenviado.



Como consolação mórbida, certamente, de onde saiu um Jayson, sairão outros. O que evidencia que a citada crise não é uma exclusividade tupiniquim.



Mas, enquanto a reforma no sistema de ensino catedrático não ocorre, como fica o público leitor, telespectador, ouvinte? Vai ter que dançar o “vira” português e buscar os canais a cabo, revistas de ONGs, e outras poucas fontes de O2 disponíveis na antiga Terra de Vera Cruz, o que pode ser enquadrado como mídia independente. Ela existe, e sua luta é manter-se independente enquanto cresce.



A ferramenta que pode drenar esse pântano de mediocridade, desinformação, irresponsabilidade, desatino, insensatez, mercantilismo, egotismo, mesquinhez e sovinice da imprensa está numa fagulha de ética presente em alguns poucos e bons jornalistas que, bravamente, resistem, além de um punhado de formandos que buscam, não só trabalhar, mas participar do movimento de mudança.



Nessas mãos, está a missão de conseguir brechas em pautas para relacionar, comparar, confrontar, e injetar vida no cotidiano da população através das notícias, dos programas de TV, das entrevistas, dos comentários e todo o leque de instrumentos que a mídia dispõe para quem quer utilizar.
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