As naves volkanianas estão no meu encalço,não posso voltar a Flambion. Tudo està destruído,irão escravizar-nos. Malditos!Estão destruindo todos os planetas da área central da galáxia,desde que acabaram com o Conselho Galático.E infelizmente nada podemos fazer contra essas naves que eles desenvolveram.Nesse momento Flambiom já deve ter-se entregado a esses piratas do cosmo.Nossa frota foi completamente destruída e só resta minha nave.E estão me perseguindo,dentro de 3 tuns poderão disparar seus luzers.Ainda bem que esta nave me permite viagens interestelares.Mas se saltar para Capela,Alderaban ou qualquer outro sistema conhecido,estarei nas mãos deles.Já dominam todos esses sistemas.Vou ordenar ao computador para entrar na programação de probabilidades, um cálculo desconhecido,para um sistema qualquer do cosmo.Assim terei alguma chance se encontrar um mundo onde exista vida e sobreviver-me.Futuramente poderei voltar e tentar me unir a outros para acabarmos com a tirania dos volkanianos.
-Computador,entrar no programa de probabilidades.Calcular coordenadas para salto para um sistema desconhecido.
-Alerta!Alerta!Perigo!Saltar para sistemas não programados significa mundos desconhecidos.Completo o programa?-perguntou a voz sintetizada.
-Sim.Completar programa.Prioridade máxima.
-Programa completado, com coordenadas cósmicas desconhecidas.Aguardando ordem de ativar o salto.-concluiu o computador.
Nesse momento minha nave balançou-se toda.Foi atingida por descargas de luzers,disparadas por uma nave volkaniana.
-Computador,ativar o salto.-gritei
Perdi a consciência por segundos, como era comum no momento em desmaterializávamos.E logo vi à minha frente um espaço totalmente diferente de onde estava antes.O salto fora perfeito.
-Computador.Dados sobre localização espacial.
-Localização espacial desconhecida.Nave situada a um lado da galáxia,1,9 sins do centro.Sistema planetário detectado a 8 tuns.
-Faça rastreamento completo do sistema planetário.Ativar sonda remota.
-Sistema planetário composto de 9 planetas,dezenas de satélites e asteróides.Estrela central tipo G2V,amarela/laranja.Diâmetro equatorial 865.000 m,pulsa com velocidade 4MPH,temperatura máxima + 11.000 F e mínima + 7.000 F,período de rotação 30 AV.-falou o computador.
-Rastrear planetas.
-Nono planeta em ordem de aproximação da estrela central,tem o diâmetro equatorial de 1.457 mi,período de rotação de 6.39 da,apenas um satélite.Não há sinais de vida.Atmosfera não respirável.
-Próximo planeta.-ordenei ao computador.
-Oitavo planeta,diâmetro 30.770 m,período rotacional 16.04 h,8 satélites,anéis de poeira e gás,nenhum sinal de vida.Atmosfera não respirável.
-Prossiga.
-Sétimo planeta,diâmetro 31.800 mi,período rotacional 17,23 h,15 satélites,anéis de poeira e gás,nenhum sinal de vida.Atmosfera não respirável.
-Próximo planeta.
-Sexto planeta,diametro 74.600 mi,período de rotação 10.53 h,18 satélites,muitos anéis de poeira e gás,nenhum sinal de vida.Atmosfera não respirável.
-Prossiga.
-Quinto planeta,diâmetro 88.703 mi,o maior do sistema,período de rotação 9.84 horas,16 satélites,anéis de poeira e gás,nenhum sinal de vida.Atmosfera não respirável.
-Novos dados.
-Quarto planeta,diâmetro 4.217 mi,período rotacional l24,62 horas,2 satélites,nenhum sinal de vida.Atmosfera não respirável.
-Prossiga.
-Terceiro planeta,diâmetro 7.926 mi ,período rotacional 23,94 h,1 satélite.Alerta!Alerta!Sinais de vida captados.Atmosfera respirável.
-Faça rastreamento completo do terceiro planeta. Dê-me os dados sobre os outros dois últimos planetas.
-Segundo planeta,diâmetro 7.521 mi,período rotacional 243,02 d,nenhum satélite,nenhum sinal de vida.Atmosfera não respirável.
-Primeiro planeta,diâmetro 3.031 mi,período de rotação 58.65 d,nenhum satélite,nenhum sinal de vida.Atmosfera não respirável.
-Imagens e arquivos sobre o terceiro planeta.
-Distante para imagens nítidas.Aceleração de gravidade 32.1 ft/s/s,velocidade de escape 6.96 mi/s,temperatura máxima + 136.4 F,mínima - 126.9 F,satélite sem sinais de vida.Atmosfera oxigênio.Muito semelhante e Flambion.Imagens nítidas chegando.
Na tela surgiu a imagem do terceiro planeta do sistema da estrela amarela.Era muito bonito e envolvido por um halo azulado.O computador continuou a emitir dados,dizendo que ele fazia uma volta completa em torno de sua estrela central em 365,2420 dias,de 23,94 horas.A atmosfera era idêntica a Flambion,rica em oxigênio.Alí estava meu novo lar,por quanto tempo eu não sabia.Tudo dependeria da existência de seres inteligentes e do grau de sua evolução.
-Preparar curso para entrar na atmosfera do terceiro planeta.
-Curso programado,entrada dentro de 3 tuns.-falou o computador.
-Efetuar cálculos para pouso e frenagem.
-Cálculos completados,entrando na atmosfera do terceiro planeta.
Senti toda a nave vibrar e logo deduzi que algo estava errado.
-Avaria no sistema de propulsão da nave.Motores aquecendo-se rapidamente.Solo do planeta a 1,7 tuns.Frenagem programada.-anunciou o computador.
Os feixes de luzers dos malditos volkanianos avariaram os motores.A temperatura continua a subir e a qualquer momento a nave vai explodir.No entanto, para meu alívio, a frenagem foi completa e logo surgiram imagens do solo do planeta.
-Alerta!Alerta!Nave vai explodir dentro de 0.4 tuns.
-Ativar sistema de ejeção.Ejetar assento em altitude programada.Gritei desesperado ao computador.
-Assento ativado.Ejeção dentro de 0.01 tuns.
Antes da nave tocar o solo o assento ejetou-se.O sistema gravitacional entrou em açao e elevei-me verticalmente.A uma certa altura passei a voar horizontalmente,para longe do local.Nesse instante um barulho ensurdecedor ecoou pelos ares e senti uma forte onda de calor,provocada pela explosão da nave.
Controlei o sistema gravitacional do assento e fui baixando na direção do solo.Em instantes eu estava pousado no planeta Azul,como o denominei.Desembaracei-me dos cintos magnéticos e, estupefato, contemplei a fumaça que subia no local aonde a nave explodira.Cansado deitei-me no solo arenoso,estava num deserto,e dunas de areia me cercavam por todos os lados.A estrela amarela brilhava intensamente através da atmosférica do planeta,que era de cor azulada.Eu tinha pousado num lindo mundo.
Após refazer-me,resolvi cavar um buraco e enterrar o assento da nave.Pois se alí houvessem seres inteligentes eu deveria ter cautela e esconder minha origem,até saber em que grau de evolução estariam.Os raios da estrela amarela emitiam um calor infernal e tive de me despir do traje espacial,ficando só de short e camiseta.Com as mãos fiz um grande buraco na areia,alí coloquei o assento e o cobri.Tinha de procurar um lugar para me proteger dos raios da estrela amarela,caso contrário logo estaria morto.Achei nos bolsos, do traje espacial,algumas cápsulas alimentícias.Tomei uma delas e sobraram-me apenas algumas,que dariam para 5 dias no máximo.Protegi minha cabeça com o traje espacial e parti na direção aonde a estrela amarela se poria horas mais tarde.Minhas botas deixavam marcas na areia e logo deixei para trás o local do pouso forçado.E caminhei durante muito tempo e horas depois vi algumas montanhas longe.Calculei a distância e previ que antes da estrela se por eu estaria lá.
MEU ENCONTRO COM UM SER DO PLANETA AZUL.
Ao entardecer,quando a estrela amarela começava a se esconder no horizonte e o cansaço já tomava conta de mim, cheguei às montanhas.Alí havia muitos montes rochosos,de cores negra e avermelhada,formando profundos desfiladeiros.A vegetação se compunha de pequenos agrupamentos de árvores e gramídeas.Vi pequenos animais,estranhos para mim,que fugiam escondendo-se nas pedras ou na vegetação rasteira.Dalí em diante eu deveria agir com mais cuidado,pois se houvesse vida inteligente ela por alí,já que era um lugar propício para se viver.Logo me vieram a mente muitas perguntas: Seriam humanóides como eu ? Meus trajes iriam me denunciar ? Se fosse atacado como me defenderia ? Secretamente,eu teria de ver um ser inteligente para tomar uma decisão.
Estava muito cansado e procurei um refúgio entre algumas pedras.Dei uma olhada no lugar e vi que não havia perigo algum.Vesti o traje espacial,deitei e logo adormeci.
Amanhecia,quando acordei com os raios da estrela amarela,banhando mansamente o solo.Levantei-me e tirei o traje espacial.Segui para o topo da elevação e de lá pude descortinar um vale.Nele corriam dois rios, margeados por muitos agrupamentos de árvores e abundante vegetação rasteira.Era um planeta semelhante a Flambion.E onde havia água existiriam seres inteligentes, é uma lógica cósmica.Caminhei afoitamente montanha abaixo e cheguei ao vale.Segui na direção de um dos rios,pois tinha sede e ansiava por me banhar.
Cheguei às margens dele,quando a estrela amarela estava à pino no céu.Era um pequeno rio de águas claras,com muita vegetação e árvores nas suas margens.Em seu leito haviam grandes pedras escuras,marcadas pelo incessante bater das águas.Deduzi que não havia perigo algum em me banhar ou beber daquela água.Era muito límpida e cardumes de peixes nadavam agitadamente.Além disso,existiam muitos rastros de animais nas margens,que me levavam a calcular que dela bebiam.Tirei as botas e roupas e as escondi numa árvore.Entrei no rio,logo senti-me refrescado e refiz minhas forças com aquele banho.
De repente,ouço uma voz gritando palavras incompreensíveis.Escondi-me atrás de algumas pedras e vi surgir um bando de animais.Eram pequenos,possuiam 4 patas e seus corpos cobertos de pelos amarelados.Alguns tinham grandes chifres e emitiam berros longos.Eram semelhantes toknons,de onde extraíamos o copal,um alimento nutritivo.Atrás do bando de animais surgiu um humanóide,tocando-os com uma vara.Era semelhante a mim,tinha mais ou menos 1,65 metros de altura,rosto com maçãs salientes,nariz curvo,cabelos crespos e barba comprida, negros.A pele era amorenada e vestia apenas uma tanga,tendo o peito e costas nús.E nos ombros,debaixo do braço,tinha dependurada uma sacola.Tudo me indicava um ser pacífico,mas fiquei observando-o algum tempo.
Minutos depois,resolvi me mostrar e tentar um contato,já que ele estava sózinho.O difícil seria nossa comunicação oral,pois conhecia muitas línguas,mas as palavras que ouvi me eram desconhecidas.Saí detrás das pedras e levantei a mão direita em sinal de saudação.À princípio ele ficou assustado,mas ao ver minha atitude afável também abanou sua mão.Pronunciou algumas palavras,mas nada entendi.Não podia responder em flambione,porque ele me consideraria um estrangeiro.E como tratariam estrangeiros ? Resolvi fingir que não podia falar e apontei para minha boca,fazendo sinal de que algo me impedia de conversar.Ele acenou a cabeça,dando a entender que compreendera.Fez-me sinal para que me aproximasse das margens e fui até lá.Continuei dentro do rio e como não queria ser visto com minhas roupas,fiz-lhe sinal de que elas haviam sumido.Ele enfiou a mão na sacola e retirou uma pele de animal e me deu para cobrir minha nudez.Era uma tanga e a vesti,saindo do rio.
Toquei minha mão em seu ombro direito,em sinal de agradecimento e ele sorriu-me.Bateu com a mão direita no peito e pronunciou a palavra Jetor,várias vezes.Entendi que era seu nome e acenei a cabeça,dando a entender que compreendera.Ele retirou da sacola dois pedaços de algo escuro e me deu um deles.Levou aquilo a boca e começou mastigar.Eu fiz o mesmo, o gosto não era ruim e comi tudo.
Ele sentou-se e fiz o mesmo.E de vez em quando falava algo,mas eu nada compreendia.Quando os animais se fartaram de beber da água do rio,levantou-se e os ajuntou.E ajudei-lhe,então me convidou a seguí-lo.Pensei em minhas roupas,que estavam na árvore,com algumas cápsulas alimentícias,mas o melhor era acompanhá-lo.Mais tarde eu voltaria para busca-las,pois quanto às roupas o melhor era vestir-me como ele.Assim não despertaria suspeitas.Seguimos em frente e fomos tocando os animais.Era o meu primeiro contato com um ser inteligente do planeta Azul...
O ACAMPAMENTO DE JETOR.
Caminhamos alguns minutos e afastamo-nos do rio.Ao longe pude divisar algumas habitações primitivas,próximas a um arvoredo.Chegamos e lá haviam outros seres.Dois deles eram adultos,semelhantes a Jetor.Vestiam-se como ele,mas traziam chapéus turbantes na cabeça.Uma criança nua brincava perto deles.Três mulheres vestiam saiotes curtos,deixando suas pernas à mostra.Traziam uma pele enfiada no pescoço,que ia até a altura do umbigo,que lhes cobria os seios.Uma delas calçava sandálias rústicas e as outras estavam descalças.Seus cabelos eram longos,pretos,pele amorenada e bonitas de corpo.Ao me verem taparam seus rostos com parte dos lenços, que levavam à cabeça.Uma delas lavava alguns recipientes e as outras duas estavam próximas de um fogo,que ardia entre pedras.
Todos olharam-me assustados,mas eu pouco diferia deles,a não ser pela minha pele clara,cabelos curtos e sem barba.Os adultos e a criança aproximaram-se de mim curiosos.Jetor lhes disse algumas palavras.Deduzi que estava explicando como me encontrara e que eu era mudo.De repente apontando para os dois homens disse:
-Maruc.Jobar.repetindo as palavras diversas vezes.
Deduzi que seriam seus nomes.No entanto o interesse dos homens por mim durou pouco.Logo afastaram-se e foram recolher os animais que trouxemos.Jetor acenou-me para seguí-lo e chegamos a sua habitação.Era uma tenda rústica,retangular,feita com suportes de madeira, coberta em cima e dos lados com peles de animais.
Entramos e lá havia outra mulher,vestida com uma túnica longa,de um tecido rústico,que lhe cobria o corpo do pescoço até aos pés.Parecia bem mais velha do que as outras mulheres e deduzi ser a companheira de Jetor.Ele apontou-a e disse a palavra Minar,repetindo-a várias vezes.Entendi que era o nome dela e acenei com a cabeça.Ele conversou com ela, que sorrindo para mim,saiu da tenda.Três bancos de madeira,toscos,recipientes de barro e algumas esteiras trançadas de vegetais e peles amontoadas,era o que continha a primitiva habitação de Jetor.Minar voltou e trouxe dois recipientes de barro.Dentro deles havia alguns pedaços de algo escuro,semelhantes ao que comi na beira do rio.Entregou-me um deles e fiquei olhando aquilo,que estava quente,via-se fumaça.
Jetor pronunciou algumas palavras e fez um gesto de levar aquilo a sua boca.Logo entendi que estava dizendo para que comesse.Tomei um dos pedaços e comi.Deduzi que era carne de animal feita ao fogo.Há milênios,em meu planeta,havia sido abolido o costume de comer carne de animais.No entanto sabia que meus antepassados fizeram isso.E para era tão estranho.Minar saiu e retornou com dois recipientes pequenos,contendo um líquido branco,que nos deu para beber.Tinha o gosto semelhante ao copal dos toknons de Flambion.
Após aquela simples refeição primitiva, saímos da tenda e vi que a noite cairia em breve sobre esse mundo.A estrela amarela estava quase se pondo no horizonte.Os homens estavam assentados sobre pedras,debaixo de uma árvore,e nos reunimos a eles.Uma conversa foi entabulada por Jetor e os outros dois.Fiquei atento para tentar compreender algumas palavras,mas foi tudo em vão,aquela língua era incompreensível para mim.Jetor saiu e fiquei ali,sem saber o que fazer,enquanto os dois homens conversavam.
Levantei-me e aproveitei para dar uma volta.Aproximei-me dos animais e, tocando-lhes,senti que tinham o pelo macio e alto.Havia também um outro,de pelos escuros e orelhas grandes,semelhante aos clavacs de Flambion.Deduzi ser um animal para montar ou levar cargas.As mulheres lavavam os recipientes e cuidavam do fogo aceso no meio das pedras.Vi algumas varas com as pontas afiadas e outras com pedras pontudas, amarradas nelas.Logo deduzi serem armas primitivas,lanças e clavas.Tinha visto na cintura de um dos homens,algo semelhante a uma adaga rústica,de cor amarela/avermelhada.Vi também as mulheres usando facas,mas de pedra.Aqueles seres estavam num estágio primário de evolução,sem nenhuma tecnologia.
O céu achava-se coalhado de estrelas e olhei para o espaço,sentindo saudades de meu mundo.Jetor chamou-me e assentamos em roda do fogo,junto aos outros homens.E novos diálogos foram travados entre eles.Horas depois Jetor acenou-me para seguí-lo e entramos em sua tenda.Deu-me duas peles grandes e uma esteira,mostrou-me um canto e deduzi que poderia dormir alí.Ele,Minar e uma jovem deitaram-se do outro lado.Coloquei a esteira no solo e uma pele sobre ela e deitei-me,cobrindo-me com a outra,pois à noite a temperatura baixava bastante.As peles tinham um cheiro forte,semelhante aos dos animais.E eu,acostumado a dormir em camas gravitacionais,estava alí deitado rusticamente.E pensando como poderia voltar a Flambion,logo adormeci.
Acordei com Jetor balançando meu corpo e,ao vê-lo,assustei-me.Pois tudo aquilo me parecia um sonho.Levantei e fomos para fora da tenda.As mulheres já se encontravam na labuta diária.Tomamos um pouco do líquido branco e ele me deu algo amarelado e macio para comer,que se desfazia em minha boca.Entendi que chamavam aquilo de bolo,quando a criança pediu mais um pedaço a Minar.Jetor foi em direção aos animais, nós os ajuntamos e os tocamos para o caminho do rio.Os outros homens faziam o mesmo,com outro bando,mas seguiram noutra direção.Chegamos a um lugar aonde tinham muitas árvores e vegetação rasteira,própria para servir de pasto aos animais.Paramos alí algum tempo e quando eles se fartaram de comer,nós os tocamos para o rio,próximo dalí.Os animais amontoaram-se nas margens para beber água.Jetor deitou-se à sombra de uma árvore e fez-me sinal para vigia-los.Em pouco ele estava dormindo.
Fui até a árvore onde havia deixado minhas roupas e retirei as cápsulas alimentícias,deixando-as no mesmo lugar.Já que não poderia usá-las e sentia falta de minhas botas,pois meus pés doiam muito por estarem descalços.Jetor ainda dormia e os animais pastavam, resolvi recostar-me e descansar.Fiquei a meditar como poderia voltar a Flambion.Mas tudo me indicava que não haveria a mínima possibilidade.Como eu poderia encontrar uma nave nesse planeta,em estágio primário de evolução.
Retornamos ao acampamento e Jetor foi para sua tenda.Fiquei olhando Maruc e Jobar esticando algumas peles,amarrando-as em varas e deixando-as secar sob os raios da estrela amarela.As mulheres preparavam alimentos no fogo,cortando pedaços de carne e colocando-os para assar.Notei que elas não se aproximavam de mim,ou siquer me olhavam de frente e deduzi ser um costume delas,para com estranhos.
Pude observar as sandálias de uma das mulheres e resolvi fazer uma para meus pés,que já estavam machucados.Pois não tinha o costume de andar descalço.E,por gestos, pedi a Jetor que me desse um pedaço de pele para confeccioná-las.Mas ele chamou a sua filha e pediu-lhe que me fizesse um par de sandálias.Ela mandou que eu assentasse numa pedra.Tomou uma pele e a colocou debaixo de um dos meus pés,cortando-a,com uma faca,na medida correta.Depois fez alguns furos com um estilete de osso.A seguir tomou um cordel e foi enfiando-o nos buracos na pele cortada.Fez o mesmo com o outro pé e logo as sandálias ficaram prontas.Sorri agradecendo a Samira,que era seu nome e ela sorriu-me também.Vi em seus olhos negros um certo interesse em mim.Pois era a única mulher alí, que não tinha um companheiro e eu o único homem sobrando.Mas não conhecia os costumes daquele povo e teria que aprender mais sobre eles.Daí Samira,por enquanto,estava fora de meus planos.
NASCEM ESPERANÇAS DE VOLTAR A FLAMBION
Os dias foram se passando e eu continuava ajudando Jetor e outros com os animais.Aprendi que eram chamados de carneiros e ovelhas.Deles extraiam leite e carne,além de serem tosquiados para se conseguir lã,que servia para as mulheres tecerem cordas,roupas,etc.
Pouco a pouco fui aprendendo a língua daquele povo , seus hábitos e costumes.Conheci outros tipos de alimentos,como varios frutos que eram apanhados em árvores.Principalmente da oliveira,que eram pequenos e esverdeados.Desses frutos as mulheres faziam um óleo,moendo-os,que servia para cozinhar os alimentos,passar no corpo,etc..
Eu sabia,pelos dados fornecidos pelo computador da nave,que o planeta gastava 365.2420 dias para dar uma volta completa ao redor da estrela amarela,que denominavam de Los.E já estou aqui mais de 150 dias.Chamam-me de Miran,que quer dizer "mudo".Já compreendia a língua deles o suficiente para falá-la.E praticava, isolado,a pronúncia das palavras mais difíceis.Já estava cansado de ficar mudo e resolvi armar um plano para voltar a falar.
Quando todos estavam fora das tendas,eu vi um carneiro correndo e fui atrás dele.Atirei-me ao solo fingindo cair e gritei.Jetor veio correndo e espantado,disse:
-Voce gritou ?
-Sim.-respondi-lhe.
Trocamos algumas palavras e quando não sabia pronunciar uma frase correta,dizia apenas o suficiente para que me entendesse.E assim a partir daquele dia pude aprender muito sobre aquele povo e o planeta.Pois passei a me comunicar com todos no acampamento.Jetor e os outros acreditaram que o tombo me fez voltar a falar.Expliquei-lhes que vivi isolado muitos anos.E que havia machucado o pescoço e por isso não pude falar,durante aquele tempo.E assim os enganei.
Fiquei sabendo que muito longe dalí existiam outros povos.Cidades com altas muralhas e casas,feitas de pedras,tijolos de barro amassado e palha.Lá viviam reis,guerreiros,muita gente.Um desses lugares era a terra do Gips.Um povo rico e poderoso,que costumava escravizar os estrangeiros.Eles praticavam cultos estranhos e possuiam dezenas de deuses.Já os dujs eram monoteístas e acreditavam num Criador como eu.Porém me disseram que seu "criador" descia do céu e se misturava a eles.Fiquei curioso com esse fato.Jov era o nome que davam a "ele" e pedi a Jetor que me falasse mais sobre seu "criador".
Ele me contou que há milhares de anos atrás Jov salvou seus ancestrais,quando houve uma grande inundação no planeta.Choveram muitos e muitos dias e os rios inundaram toda a região.Jov tomou Oná e sua família,um casal de cada animal e os colocou numa barca.Todos os homens,animais,aves e répteis que ficaram,pereceram na inundação.No entanto Oná e os seus salvaram-se e quando as águas baixaram eles voltaram a pisar o solo.E assim repovoaram o planeta e os dujs descendiam deles.
Contaram-me também que, depois que o planeta estava povoado,os filhos de Jov desceram do céu.E vendo que as filhas dos dujs eram belas com elas acasalaram-se.E assim nasceram gigantes que foram famosos naqueles tempos antigos.Uma esperança nasceu em mim.Pois o que contaram,me levava a deduzir que seres de outros mundos pousaram no planeta Azul.Entraram em contato com os habitantes daqui e eles os consideraram deuses.Quanto a gigantes ,logo pensei nos trolans,uma raça de Trolan do sistema de Capela.São seres de estatura superior a 3,0 metros.Será que foram eles que entraram em contato com os habitantes do planeta Azul ? Na atualidade o mundo deles está sob o domínio dos volkanianos,mas alguns poderiam ter ficado aqui!
Fiquei sabendo que há muitos séculos atrás o povo do planeta Azul,que chamam de Arret,falava uma só língua.Mas Jov trouxe outros seres que falavam línguas diferentes e eles se misturaram entre os dujs.Formou-se uma grande confusão.Jov então separou em grupos todos aqueles que falavam uma só língua e os dispersou pelo planeta.Deduzi que os alienígenas trouxeram seres de outras partes do planeta ou até de outros mundos.Eles falavam línguas diferentes, daí foram levados em seus respectivos grupos linguísticos e colocados em outras partes do planeta.
Minha curiosidade ficou aguçada,havia possibilidade de voltar a meu mundo.Perguntei a Jetor porque não se comunicavam com outros dujs.Ele me disse que viviam distantes dalí ,mas que aguardava o chamado de Abaman,o chefe deles,para se reunirem.Ele tinha a missão de guiá-los a uma terra prometida por Jov.Deduzi que alienígenas chegaram a esse mundo e prepararam um líder para os dujs.Através de Abaman eles fariam desse povo seu aliado.Assim procurariam isolá-los dos outros.Fariam uma espécie de lavagem cerebral neles,ministrando seus ensinamentos a eles.Dessa maneira estariam programados para sobressair dentre os outros povos do planeta.E dentro de anos,dominariam todo os outros povos planeta Azul.Assim os alienígenas teriam todo esse mundo em suas mãos, através dos dujs.Experiências semelhantes foram testadas em outros mundos,em alguns sistemas.No entanto a maioria delas falhou.E naqueles planetas ficaram apenas lendas e mitos de deuses que desceram dos céus e viveram entre os seus habitantes.
Mas havia chances de voltar a Flambion,já que o planeta Azul era visitado por alienígenas.Mas e se fossem volkanianos?Eu jamais poderia me mostrar como um habitante de Flambion.Seria morto ou escravizado por eles.
Levantei-me cedo e levei os carneiros e ovelhas para pastar.Segui até ao rio e lá retirei meu traje espacial e as outras vestes e os enterrei num local seguro.Não podia deixar nenhuma pista de minha origem extra planeta Azul.Já tinha assimilado os costumes dujs,minha pele estava queimada por Los,falava razoavelmente sua língua e ninguém perceberia que eu era um flambione.E passava os dias ansioso por um encontro com Abaman o contatado...
NOTÍCIAS DE ABAMAN.
A vida corria tranquila no acampamento de Jetor.Baruc tinha como companheira Arl e Jobar,Gen.Samira,a única mulher livre, constantemente me dirigia olhares sedutores,procurando aproximar-se de mim.Ela tinha cerca de 18 anos,daquele planeta.Seus pais,Jetor e Mirna,sempre me davam a entender que desejavam que ela fosse minha companheira.Eu já tinha minha própria tenda,que construí com peles que me foram dadas por Jetor.Mas estava indeciso em me unir a uma mulher,pois tinha esperanças de voltar a Flambion.Samira era alta,esguia,olhos negros e linda de rosto e corpo.Mas mesmo assim procurava me afastar dela.Ela já tinha notado isso,mas sempre procurava ficar a sós comigo.
Levei as ovelhas e carneiros para o rio e, como Los castigava a minha pele,resolvi refrescar-me.Tirei a tanga e pulei na água.Minutos depois vi Samira de pé,nas margens,olhando-me.
-Estou nú.Saia daqui.Gritei-lhe.
-Eu sei,pois você deixou aqui sua tanga.respondeu ela sorrindo.
-Vá.Não fica bem você ficar aqui sozinha comigo.retruquei-lhe.
-Sinto calor.Quero nadar também.disse ela retirando a pele que lhe cobria os belos seios pequenos e pulou na água.
Ela veio nadando até onde eu estava.Fiz menção de sair,mas ela me pediu para ficar.E não tive outra alternativa senão permanecer no rio.E nadamos juntos,ela começou a brincar comigo,jogando-me água no rosto.Mas eu sempre procurava não lhe tocar,sabia que os costumes dujs eram rígidos em relação ao sexo.
-Você não pretende ter uma companheira ? -perguntou-me Samira.
-No momento não.Eu não posso,nada tenho para manter uma família.-respondi-lhe
-Mas se você me escolher como companheira,meu pai lhe dará algumas ovelhas.E poderemos viver delas.-respondeu-me sorrindo.
-Você é uma linda mulher Samira,mas eu tenho muitos não me unir a você.Tenho que resolver alguns problemas.
-Que motivos ? Eu nunca tive homem algum.Você será o primeiro e porque esperar mais.-disse-me ela abraçando-me e encostando todo seu corpo no meu.
A tentação de uma linda mulher,semi-nua,abraçada a mim era muito.Seus braços enroscaram-se em meu pescoço e ela ofereceu-me seus lábios.Num ímpeto,abracei-a e acariciei todo o seu corpo,enquanto meus lábios tocaram os seus.E beijamos ardentemente,mas aquele momento de fraqueza foi interrompido por mim.Não podia trair a confiança daqueles que me acolheram.Com delicadeza safei-me de seus braços e nadei para a margem.Peguei a tanga e a vesti.E gritei-lhe:
-Tenho que ir,até logo.
Reuni os animais e segui para o acampamento,deixando Samira decepcionada.Era a primeira mulher neste planeta que sentiu-se atraída por mim.Mas primeiramente eu tinha de pensar como voltar a Flambion.
Samira ficou sentida comigo por muitos dias,mas logo voltamos a falar.Eu continuei tratando-a como amiga,mas não sabia quanto tempo isso duraria.Pois a partir daquele dia ela passou me assediar com frequência.
Jetor e eu voltávamos de uma coleta de frutos da oliveira,ao entardecer.De repente, vi alguém montando um animal estranho,muito grande,uma cabeça pequena e duas córcovas no lombo.Jamais tinha visto um igual e logo fiquei sabendo seu nome,pois Amir, o garoto,gritou:
-Alguém vem montando um camelo!
O animal dobrou as patas dianteiras e traseiras e deitou-se.O homem que o montava,vestia uma túnica longa,chapéu turbante na cabeça e usava sandálias.Ele desceu e veio em nossa direção saudando-nos,e disse:
-Vim a mando de Abaman,Ele quer que todos os todos dujs que se reunam a ele,no vale de Rur.Pois breve iremos partir para a terra prometida por Jov.
Jetor chamou as mulheres e pediu que o viajante repetisse o que disse.Chegara o grande dia que todos os dujs esperavam há muito tempo.O homem chamava-se Mareng, assentou-se e as mulheres lhe trouxeram alimentos.Após comer e beber leite,passamos a conversar.Jetor havia me pedido para deixá-lo dormir em minha tenda.Então deixei muitas perguntas para quando estivéssemos sózinhos.Mais tarde fomos para minha tenda e passei a conversar com Mareng.
Como é Jov ?
-Só o vi uma vez,de longe.Ele é luminoso, como uma tocha de fogo e voa sereno pelos ares,sem ruído algum.Algumas vezes desce no topo de montanhas ou colinas.-respondeu Mareng.
Compreendi que falava de uma nave e perguntei-lhe:
-Como é Jov durante o dia ?
-Eu nunca o vi durante o dia,mas dizem que se parece uma nuvem.-respondeu Mareng.
Falava de uma nave,talvez discóide e de cor clara.
-Junto a Jov existem pessoas semelhantes a nós?-perguntei-lhe.
-Semelhantes não.Mas ele tem seus" enviados ",são altos e segundo dizem possuem duas peles,uma clara e outra escura por cima.Suas cabeças são arredondadas e seu rosto,já que possuem olhos,boca e nariz,ficam atrás de uma transparência semelhante à águas claras.No seu peito brilha um fogo avermelhado,que fica piscando continuadamente.-De suas mãos podem um fogo,que mata.respondeu o emissário de Abaman.
Deduzi que falava de um tripulante da nave.E pela descrição parecia tratar-se de um volkaniano,já que eles usavam trajes espaciais escuros e levavam no peito um intercomunicador, com uma luz que piscava continuamente.Quanto à descrição da cabeça era a de um capacete, com visor transparente à frente.E o fogo que sai das mãos,eram armas que emitem feixer de luzer.
Mareng falou-me também sobre Abaman.Disse que quando ele nasceu,uma estrela subiu ao céu.Viram-se outras quatro,vindas dos 4 quadrantes,serem engolidas por ela.Logo deduzi que poderia se tratar de uma nave-mãe e que recebeu em seu bojo outras menores.
Disse-me também que na terra onde viveram os pais de Abaman,os soinolibas tinham costumes estranhos.Suas mulheres,virgens, deviam,pelo menos uma vez na vida,ir até o templo de Etidrofa.Nesse local elas ficavam com uma coroa de corda na cabeça,com a ponta solta pelo salão.Então qualquer estranho que alí chegasse, tomaria a ponta da corda e iria até ela.Se agradasse da mulher,lançaria dinheiro no seu colo e se deitaria com ela no interior do templo.E assim depois da mulher ter cumprido o seu dever com a deusa,ela voltava para casa e ninguém poderia mais lhe seduzir.Esse povo construia altas torres,denominadas de tarugizs,compostas de muitos pavimentos.No último existia um quarto ricamente decorado,com uma cama grande,uma mesa de ouro e outros objetos.Alí,em certas noite,era levada uma virgem,em oferenda.Ela deveria dormir com um deus,que descia ali,sob forma luminosa.E assim nasciam filhos de deuses entre os soinolibas.Deduzi que se tratavam de seres vindos de outros planetas,em contatos com aquele povo.
Procurei extrair mais informações sobre os seres e a nave,que se contatavam com Abaman,mas Mareng nada mais sabia.Contou-me que apenas Abaman podia falar com Jov e seus enviados.
Bem cedinho Mareng partiu e nós nos preparamos para marchar para Rur,a fim de unirmos a Abaman.Desmanchamos as tendas,as peles e esteiras foram colocadas no lombo do asno e de alguns carneiros,como também outros objetos.E, depois de termos feito provisões de água e alimentos, saímos do acampamento.Lancei um olhar de agradecimento àquele local onde pude sobreviver durante todo aquele tempo.
Embrenhamo-nos por tortuosas montanhas e profundos vales.Seguimos pelo deserto afora,caminhando sob a areia ardente,banhada pelos causticantes raios de Los.Já havíamos perdido algumas ovelhas por falta de água.Mas após quatro dias de marcha chegamos a um oásis.Era um lindo lugar,onde floresciam tamareiras e outras árvores frutíferas,alí teríamos sombra,alimentos e abundava a água.Era um ponto de parada obrigatório após a travessia do deserto,pois garantia a sobrevivência dos viajantes e seus animais.Resolvemos descansar alguns dias naquele paraíso.
Jetor e Baruc improvisavam algumas tendas,as mulheres foram preparar alimentos e colher frutos eu e Jobar fomos levar os animais para beberem água.No oásis haviam três homens,vestindo largas túnicas compridas e turbantes na cabeça.Na cintura traziam espadas largas e punhais de cobre.Tinham animais idênticos aos clavacs de flambion,que eram chamados de cavalos.Segundo Jobar eram excelentes cavaleiros e seus animais os melhores da região.E realmente eram três exemplares belíssimos,dois negros e um branco.Eram sebars,habitantes nômades do deserto.Por precaução,pois poderiam ser ladrões,Jobar achou melhor armarmo-nos.Então tomamos,cada um,uma lança e levamos os animais para um poço.Ao passarmos próximos dos sebaras resolvi saudá-los,mas nem siquer olharam para nosso lado.
Minutos depois os sebars montaram nos cavalos e se prepararam para partir.Eu,desconfiado, não tirava os olhos deles.E, de repente,dois deles,partiram a galope para cima de nós,com espadas nas mãos.O outro galopeou na direção de Jetor e Baruc,que estavam longe dalí,armando as tendas.Dei um salto e escondi-me atrás de uma árvore e atirei a lança num deles.A estaca de madeira penetrou fundo no peito do sebar,que caiu do cavalo,esvaindo-se em sangue.O outro pegara de surpresa Jobar e o atropelou com o cavalo,jogando-o ao chão.Quando ele viu que eu havia acertado o seu companheiro,tocou o cavalo em minha direção.Novamente escondi-me atrás de uma árvore,de tronco grosso,enquanto ele a marcava com golpes de espada e eu rodava ao seu redor.Em dado momento,sua espada ficou momentaneamente presa na árvore,então eu o puxei pela túnica.Ele caiu do cavalo e espada soltou-se de sua mão.
Num pulo,o sebar levantou-se e retirou uma faca da cintura.E ficamos frente a frente e ele me atacou.Em Flambion eu treinava diáriamente lutas corpo a corpo.O sebara não seria adversário para mim,mesmo com uma adaga na mão.Dei um salto para o lado,peguei-lhe o braço em que trazia a adaga na mão e o dobrei.A seguir lhe dei uma cutelada mortal na garganta.O homem caiu,enquanto todo seu corpo estremecia no estertor da morte.Tomei a espada e corri para onde estavam armando as tendas.Quando lá cheguei,com alegria vi o terceiro sebar estendido no solo com uma lança atravessada em seu corpo.
-Eu o acertei,mas ele chegou a ferir Baruc no braço.disse Jetor ofegante.
-Os outros dois também estão mortos, eu os matei.Vamos ver Jobar,acho que ele também está ferido.
Jobar estava deitado no solo,desmaiado apenas.Tomamos um pouco de água,jogamos em seu rosto e logo ele voltou a si.Maruc tinha um corte no braço.Eu lavei o seu ferimento,rasguei um pedaço de tecido da túnica de um dos sebars e o enfaxei.
-Devemos enterrar esses corpos antes que chegue alguém.disse Jetor.
-Por que fizeram isso ? perguntou Baruc.
-Eles queriam roubar as mulheres e os animais.Salteadores são comuns nos desertos.respondeu Jetor.
Tomamos os cavalos e colocamos os corpos dos sebars sobre eles.Afastamo-nos do oásis e enterramos os sebars.Trouxemos os cavalos de volta e os amarramos perto das tendas.Recolhemos sacolas que levavam nas selas e dentro delas encontramos algumas pepitas de ouro e placas de prata,que eram usadas como dinheiro.Continham também alguns alimentos vegetais e cordas.Recolhemos as armas deles e Jetor me deu uma faca,uma espada e um cavalo.Disse que era o meu prêmio por ter lhes salvado a vida.Passamos a noite no oásis e bem cedinho seguimos em frente.
Faziam 3 dias que saímos do oásis e finalmente chegamos a uma cadeia de montanhas.Atrás dela estaria Rur,local do encontro.A vegetação abundava no local e encontramos uma fonte de água.Alí ficamos um dia a descansar.Ao amanhecer seguimos em frente.Quando anoitecia vimos ao longe algumas fogueiras e continuamos a caminhar.Duas horas depois chégávamos ao acampamento de Abaman...
O CONTATADO ABAMAN.
Dezenas de tendas achavam-se armadas e centenas de dujs se espalhavam pelo local,no acampamento de Abaman.Procuramos um lugar vago para armarmos nossas tendas e deixarmos os animais.E isso estendeu-se pela madrugada afora e conseguimos armar apenas duas tendas.Fizemos um curral improvisado para os animais,usando cordas.Passamos a noite vigiando-os,fazendo guarda por turnos.De manhã eu e Jobar fomos levar os animais para pastarem,enquanto Jetor e Maruc armavam as outras tendas.Encontramos um local próximo do acampamento, onde outros dujs levavam seus animais para pastar e alí ficamos algumas horas.Ao voltarmos,trabalhamos num cercado para os animais.Lavei-me e fui comer algo.Jetor me chamou e disse que iríamos até a tenda de Abaman.
Maruc foi conosco e chegamos a uma grande tenda,muito bem construída e coberta de boas peles de cabras.Ao seu redor estavam algumas mulheres,fazendo sua labuta diária com a alimentação.Um homem estava à entrada e perguntou o que queríamos.Jetor explicou-lhe o que desejávamos.Ele entrou e logo voltou dizendo que Abaman nos receberia.Entramos e nos vimos frente à frente com um homem alto,forte,de mais ou menos 60 anos de idade,barba esbranquiçada e cabelos longos.Vestia uma túnica branca,larga,que lhe cobria do pescoço aos pés,de mangas compridas,bordada com fios de ouro nas mangas e gola.Calçava sandálias e em sua cintura estava amarrada uma corda para compor sua veste.Nós o saudamos e ele cumprimentou-nos.Em seguida apresentou-nos sua mulher Arsa,que era de uma beleza sem par.E nos convidou a sentar em toscos bancos de madeira.
-Bemvindos ao nosso acampamento.disse ele,numa voz grave.
-Eu sou Jetor e estes são meus amigos Maruc e Miran. Viemos nos unir ao povo duj.-disse Jetor
-Todos os dujs são bemvindos.Breve partiremos para a terra prometida.-falou o chefe dos dujs.
-Eu sempre ouvi falar do senhor e era meu desejo conhecê-lo.Estou pronto a lhe servir.disse-lhe.
-Sou apenas um servo de Jov,pois através de mim é que "ele" fala com nosso povo.-disse Abaman.
Conversamos mais algum tempo e notei que ele era diferente dos dujs que conhecia.Era muito inteligente e realmente um líder.Percebi também que ele tivera interesse em mim,já que procurei demonstrar-lhe ser um homem de conhecimentos superiores aos dujs normais.Deixamos sua tenda e fomos dormir.
Os dias corriam normalmente e fui entrando em contato com aquele povo.A maioria dos dujs eram pastores nômades e viviam humildemente como Jetor.Pacíficos,viviam dos seus rebanhos e dos alimentos naturais que a terra lhes fornecia.
À tardinha eu conversava com Abaman,quando alguns dujs vieram até sua tenda.Eles queriam que o líder julgasse um problema que surgiu entre duas famílias,com relação a pastos para os animais.Abaman após ouvir ambas as partes envolvidas,decidiu,por direito,que Taiman e os seus estavam corretos.Mas os outros não concordaram com sua decisão e se dispuseram a agredí-lo.Eram dois fortes dujs e, ao empurrarem Abaman,eu intervi.Deixaram o líder e atacaram-me a socos.Saltei no ar e meti os pés no rosto de um deles que caiu ao solo.E quando o segundo pulou sobre mim,esquivei-me dele e lhe apliquei uma cutelada na nuca.O duj caiu semi-inconsciente.Nesse momento outros dujs irromperam tenda adentro e subjugaram os brigões.Eles foram retirados dalí e Abaman mandou que fossem expulssos do acampamento.
O líder já estava interessado em mim,pois havia notado que eu me diferenciava dos outros dujs.E com minha intervenção quanto o atacaram,ele viu em mim um bom auxiliar.E convidou-me para fazer parte dos homens de sua confiança.Contei a Jetor e os seus,que me incentivaram a ficar com Abaman.E assim passei a estar ao lado do líder,diáriamente,sempre na esperança de encontrar os alienígenas.
À noite,eu contemplava o céu estrelado procurando ver alguma nave,mas só os meteóros riscavam o espaço.A saudade de Flambion e o desejo de saber o que estava acontecendo lá,me invadia o peito.Como estaria meu mundo escravizado pelos volkanianos ? Às vezes me dava vontade de me unir a Samira,quem eu cortejava,e viver o resto dos meus dias como um duj.Mas de repente,me vinha a esperança de um dia poder encontrar uma maneira de voltar a Flabion.E assim angustiado,sem saber o que fazer,passavam-se os dias.
A cada dia chegavam mais dujs,com suas famílias e seus animais.Todos na esperança de ouvir de Abaman,a ordem de partida para a terra prometida por Jov.As tendas já se estendiam por mais de 2 quilômetros na região.Já começava a faltar pasto para os animais,próximos dos acampamentos.E muitos atritos começaram a surgir entre o povo,mas Abaman os resolvia com sua autoridade.Mas senti que aquela situação pioraria se não partíssemos logo.
Ao entardecer,eu fazia uma refeição fora da tenda,quando percebi algo luminoso,como uma bola de fogo,cruzando o espaço.Era uma nave,eu tinha certeza.Ela voou diretamente para o topo de uma colina próxima.Muitos dujs também a viram e colocaram os joelhos em terra e inclinaram a cabeça na direção do solo,levando as mãos ao peito e gritando Jov.Repeti o mesmo gesto que fizeram,mas fiquei olhando atentamente para a colina, onde ela brilhava como uma chama de fogo.Meu coração palpitava.Abaman disse ao povo que Jov chegara e foi aclamado.Encaminhou-se para a colina onde pousara a nave.Fiz menção de acompanhá-lo mas ele me disse:
-Somente eu posso me encontrar com Jov.Fique aqui e não se aproxime da colina,pois poderá morrer.Avise a todo o povo para que não me siga.
Abaman ficou na colina até o anoitecer e de longe víamos a nave profusamente iluminada,assemelhando-se a uma bola de fogo.De repente ela alçou vôo e silenciosamente passou por cima do acampamento,sumindo no espaço.Provocou pavor e admiração nos que alí estavam.Aquele povo jamais poderia compreender um engenho voador,uma nave espacial.Eles acreditavam que ela era o próprio "Criador",que descia dos céus.Era Jov,que em língua duj quer dizer "o altíssimo".Agora eu tinha certeza de que seres de outros planetas estavam aqui.No entanto restava-me saber se eram volkanianos.Pois não pude perceber a forma da nave,já que estava profusamente iluminada.
Abaman voltou e reuniu seus homens de confiança e nos disse:
-Jov pediu-me que lhes dissesse,que devemos partir em direção a terra de Nac.Desfaçam suas tendas,juntem seus animais e tudo que possuem.Tão logo estejam prontos iniciaremos a marcha para a terra prometida,amanhã.
De madrugada o acampamento já estava movimentado e todos os dujs desmanchavam suas tendas,ajuntavam seus animais e pertences.O trabalho durou até meio dia e Abaman,vendo que todos estavam prontos, deu a ordem para partimos.Caminhamos por montanhas,vales e desertos por muitos dias.Finalmente chegamos a um lugar muito bonito.Alí abundavam muitas árvores nativas,tais como videiras,figueiras,oliveiras e outras.Existiam centenas de moitas de Tamareiras carregadas de cachos,que permitiriam aos dujs fazer seu vinho,vinagre,bolos e tecidos.Além de aproveitarem seus caroços,que eram socados e macerados,para alimentarem os animais.Haviam muitas árvores de Gergelin,das quais produziam óleo e bebidas.Um grande rio banhava a região,onde existiam muitos pastos para os animais.Era um lugar propício para vivermos e as tendas foram armadas definitivamente.
Abaman mandou fazer um altar,de lenha.Matou um carneiro e espargiu seu sangue sobre ele e depositou o animal em cima,ateando fogo a tudo.Era uma oferenda a Jov,um costume antigo de sacrifícios aos deuses.Os dujs me contaram que anteriormente as oferendas eram feitas com vítimas humanas.Mas,há muitos anos atrás,Jov ordenou-lhes que as trocassem por animais.Deduzi que, além disso,também foi uma maneira de ensinar àquele povo a deixar de comer carne crua,com sangue.
Passamos a viver na terra de Nac e somente uma vez os volkanianos voltaram a se encontrar com Abaman.Eu o segui secretamente e,de longe para ficar fora do alcance dos bio-radares,pude ver a nave pousada e seus tripulantes.Era uma nave apropriada para incursões apenas no espaço interior do planeta.Deveria haver uma espaçonave-mãe em órbita ou pousada em um dos outros planetas do Sistema.E seus tripulantes eram os malditos volkanianos.Eles estavam em toda a parte da galáxia,até nesse mundo desconhecido..
Logo deduzi porque não deixavam ninguém acompanhar Abaman.Eles não queriam que o povo os visse ,somente a nave.Dessa maneira não se revelariam como humanóides semelhantes a todos nós.Somente Abaman podia vê-los,já que os julgava "os enviados de Jov",semi-deuses,porque vinham do céu.E realmente eles podem ser semi-deuses nesse planeta,com a tecnologia que possuem.Eu teria de aguardar uma chance para voltar ao meu mundo.Minha esperança era poder encontrar alguma nave de um planeta amigo.Mas isso seria difícil,melhor seria não me precipitar e aguardar os acontecimentos.Deveria fazer parte do plano deles,mas não podia jamais revelar a verdade.Pois,mesmo que o fizesse, os dujs jamais acreditariam.
Muitos tempo se passou,os volkanianos desapareceram.Deviam ter voltado a Volkan.E como dominavam a maior parte dos planetas habitados da galáxia,tinham outros interesses.Os alimentos começaram a escassear na região e o povo estava faminto.Os pastos acabaram e os animais morriam de fome.Os dujs começaram a murmurar contra Abaman.A situação complicou-se e conflitos surgiam diáriamente entre os dujs.E muitos começaram a sair dalí.Abaman perdera o controle da situação e aconselhou a todos que procurassem locais aonde pudessem encontrar pastos e alimentos.Ele também resolveu sair dalí,porque sem a ajuda dos volkanianos,nós e nossos animais morreríamos de fome naquele lugar.E resolvemos partir para a terra dos Gips.
OS GIPS.
Chegamos a Oriac,a cidade principal dos Gips,que tinham como rei Semtut.Era um lugar aonde se encontravam pessoas de muitas raças do planeta,como pude notar pelas variedades físicas.As estreitas ruas fervilhavam de pessoas.Viam-se encantadores de serpentes,saltimbancos,malabaristas,adivinhos,mágicos e cantores acompanhados de rufos e pífaros,mendigos,mercadores de escravos,vendedores de vinhos e licores,de tecidos e animais.Alí era o ponto de encontro de comerciantes vindos de muitas regiões distantes.
Abaman havia dito a sua mulher para que dissesse que era apenas sua irmã,porque é muito bonita.O rei dos Gips tinha o costume de tomar a esposa de qualquer um,quando esta lhe interessava.E além disso mandava matar seu companheiro.E se Arsa dissesse que era sua irmã ele seria bem tratado pelo rei.
Oriac era uma cidade primitiva,mas muito interessante.Tinha muitas construções megalíticas em pedra,mas a maioria das habitações eram feitas com tijolos secos sob os raios de Los ou cozidos ao fogo.Sua população era grande,onde viviam seres de várias raças,mas todos ainda em estágio primário de evolução.No entanto os gips eram mais evoluidos que os dujs.
Tão logo chegamos a fama da beleza de Arsa chegou aos ouvidos do rei.Abaman foi procurado por seus emissários e Arsa levada a presença de Semtut.Quando soube que era irmã de Abaman lhe lhe deu muitos presentes,como casa,camelos,carneiros e até escravos.Arsa ficou no harém do rei Semtut,onde ela seria preparada,por cerca de 12 meses meses,conforme a lei.E quando fosse chamada pelo rei,teria o direito de pedir as jóias e vestidos que desejasse.
Passamos a residir numa casa que tinha 3 quartos na parte inferior e na superior outros 3.No meio havia um pátio descoberto,calçado com pedras e algumas árvores.Duas escadas de madeira levavam ao andar superior.Tinha também um banheiro rústico,com sistema de fossa.As paredes eram rebocadas com barro e pintadas de branco.Uma moradia muito primitiva,mas bem melhor e mais higiênica que as tendas dos dujs.
Decidi conhecer a vida dos gips e infiltrei-me no meio deles.Os homens usavam tangas,muitas vezes com um saiote por cima delas e traziam o peito e costas nús.As mulheres vestiam-se com uma túnica comprida,que lhes realçava as formas do corpo.Eles usavam carregar as cargas à cabeça e suas mulheres nos ombros.Tinham um pouco mais de noção higiênica do que os dujs,mas hábitos estranhos.Os homens urinavam sentados e as mulheres em pé.Sua alimentação era constituida de frutas,peixes e carnes de certos animais,pois muitos eram considerados sagrados.
Pude saber que tiveram muitos reis e a dinastia deles iniciou com os "criadores",há mais de 4.000 anos atrás.Logo em seguida surgiram os semi-deuses e finalmente os espíritos dos mortos.Tudo isso nos levava a seres de outros mundos,que teriam vindo ao planeta Azul.Muitos deles não mais retornaram ou alguns aqui ficaram como eu.Os gips adoram a estrela amarela,Los.Consideram seu rei como o próprio "Criador",um ser divino descido dos céus que está alí para guiá-los.Isso nos mostrava que foram governados por seres de outros planetas,num passado distante.
Consideram certas aves,animais e répteis,a vaca,o boi,o crocodilo,o ibis,etc., como sagrados e até possuem cemitérios especiais para enterrá-los.Muitos de seus deuses são ídolos representando animais,aves ou répteis com corpo de humanóide.Pensei logo nos farianos,de Alderaban,seres gigantes, que usavam nos seus trajes espaciais,capacetes em forma de aves,animais ou répteis.Tudo isso poderia ser lembranças antiquíssimas dos contatos com os farianos.E tive a confirmação disso quando vi sua escrita,que chamam de orioghs,constituída de desenhos simbólicos.Não conhecia o planeta Faro,mas já tive contatos com alguns de seus habitantes e a escrita dos gips era semelhante a daquele povo.
Os gips são místicos,cheios de magia e até possuem um pequeno desenvolvimento em poderes paranormais.No entanto o que me levou de fato a concluir que tiveram contato com os farianos,foram as construções megalíticas em pedra.Esse povo do planeta Faro era especialista em arte na pedra,tanto usando luzers ou ferramentas manuais.No entanto Faro há muito tempo estava escravizado pelos volkanianos e daí o contato com os gips deve ter sido interrompido.E, talvez,até por intermédio deles,é que os volkanianos ficaram sabendo a localização do planeta Azul.
Nas minhas conversas com os gips pude ouvir várias histórias sobre muitos deuses.Eram lembranças de alienígenas de varios mundos da galáxia,que também chegaram aqui.Falavam sobre carros de fogo e flamejantes que cortavam o céu.E um dos "criadores" mais importante para eles era OT,que inspira os magos e feiticeiros.A vida dos gips era regida por um livro sagrado,que denominavam de Sortom.E muitas frases contidas naquele livro era transcritas em túmulos gips.Nesse livro falava-se sobre a reencarnação,uma filosofia que se estende por todos os mundos evoluídos da galáxia.Daí eles eram peritos na arte de embalsamar os mortos,pois acreditavam que o espírito iria necessitar do corpo em uma vida futura.Nesse livro encontram-se menções sobre seres espaciais,vistos como Espíritos da Luz,Legiões no Céu,Corro Através do Espaço e Tempo,etc..
Vi falar também nas pirâmides,construções megalíticas em pedra e resolvi conhecê-las.A estrela Los castigava-me com seus raios,mas logo cheguei às pirâmides montando um camelo.Realmente eram construções magníficas.Fiquei maravilhado,conhecia muitos planetas e jamais vi algo igual.Mas já tinha ouvido dizer os farianos eram peritos em construir pirâmides.Um gip me falou que a maior delas,tem 146 metros de altura e cada face triangular 231 m metros.Foi construída com mais de 2 milhões de pedras,blocos amarelados,com junções perfeitas.É toda revestida de pedra polida e quando Los expande seus raios ela brilha como um farol,como se fosse um sinal para visitantes espaciais.
Disseram-me que um barco vindo de Los foi enterrado próximo dela,há milhares de anos atrás.Talvez uma espaçonave avariada e os gips crendo ser o"criador" que morrera,a enterraram alí.As outras pirâmides, menores, são também obras fantásticas.Os gips jamais poderiam construi-las com seus parcos conhecimentos de álgebra,matemática e geometria.Alí estava o dedo dos farianos.No entanto diziam que as pirâmides eram túmulos de reis.Depois de vê-las eu não acredito que foram construídas simplesmente para túmulos.Elas encerram segredos muito mais preciosos do que isso.Eles, com a cultura que tem atualmente,não realizariam obras tão grandiosas,sem uma ajuda alienígena.As pirâmides,segundo me contaram,tinham mais de 4 milênios de existência.
Das pirâmides segui para a esfinge,uma estátua megalítica em pedra,representando o rosto de uma gip com corpo de um animal,um leão.Ela, impassível, contempla a areia ao seu redor.Em seu rosto um mistério permanece indecifrável através dos milênios.Fiquei maravilhado com tudo o que vi naquele dia,inclusive os templos construídos em pedra,com gigantescas estátuas representando seus deuses e as mastabas..
Quanto à religião dos gips existiam muitos cultos estranhos.Refar,um amigo gip,convidou-me para ir a um deles,que chamavam de O Culto do Bode Negro.Saímos à noite,andamos algum tempo por ruelas estreitas e chegamos ao templo.Refar se identificou e entregou ao porteiro algumas placas de prata,como pagamento, e deixaram-nos entrar.Pentramos numa grande sala,cheia de colunas e ornada de estátuas de bodes.Na frente do salão havia uma grande estátua de um bode preto .Sentamo-nos em almofadas,como faziam outras pessoas que alí estavam.Diversos músicos entoavam uma melodia alegre e ritmada.E de repente surgiram 8 mulheres semi-nuas,vestindo apenas uma saia transparente,deixando os seios à mostra.Elas começaram a bailar ao som da música,agitando seus quadris e ventres eroticamente.Serviram-nos vinho que era distribuido à vontade.Ficamos alí,extasiados,vendo a dança das belas mulheres.Os espectadores eram de ambos os sexos e tudo parecia uma festa normal.
A música parou e surgiu um homem vestido com uma túnica vermelha,que cobria-lhe o corpo do pescoço aos pés.Trazia na cabeça algo semelhante a um turbante ricamente decorado e nas mãos uma adaga de cobre.Um silêncio total tomou conta do ambiente e a seguir ouviram-se batidas ritmadas de um tambor.De repente surgiu uma mulher,vestida como as outras, puxando um bode preto por uma corda.Nesse momento os músicos entoaram uma melodia languida e todas as bailarinas passaram a dançar eroticamente,ao redor do bode.Aquela dança durou alguns minutos e a música parou.Ouvimos uma pancada como o soar de um gongo.
Uma porta se abriu,no pedestal da estátua do bode,e surgiu uma mulher nua,alta,linda de corpo e rosto,de cabelos longos e pretos.Novamente a música recomeçou, mas desta vez num rítmo frenético.Ela passou a dançar na frente do bode,que passou a fitá-la,enquanto as outras assentaram-se em semi-círculo em volta dela.Com movimentos eróticos ela dançava ao redor dele e,em dado instante,deitou-se a sua frente e o animal começou a lamber todo o seu corpo.Ela se contorcia em movimentos eróticos,tendo espasmos de prazer.De repente agachou-se em frente ao animal,que colocou patas em suas costas e fez sexo com ela.Deduzi que o ele estava treinado a fazer aquilo.
As bailarinas levantaram e dançaram freneticamente ao redor dos dois.O sacerdote deu um sinal com as mãos e a música parou.A dançarina nua,levantou-se e ele aproximou-se dela.Afastou-lhe o cabelo da testa e com o punhal fez um pequeno corte alí,e o sangue minou,sendo recolhido numa taça de ouro.Ele colocou um líquido na taça e o deu de beber ao bode.A mulher tomou o bode pela corda e saiu com ele,acompanhada pelo sacerdote.As bailarinas continuaram a dançar na frente da estátua do bode preto.
Rafar contou-me que aquela mulher fora iniciada no culto.Todas as que alí se encontravam,tanto as bailarinas como espectadoras,já tinham passado pela iniciação,ou seja tinham feito sexo com o bode.Os homens e as mulheres é que mantiam o culto com donativos feitos aos sacerdotes.Com o vinho distribuido à vontade,por alí,notei que logo aquilo se tornaria uma orgia sexual entre bailarinas,espectadoras e os homens que alí se encontravam.Duas mulheres semi-nuas sentaram-se ao nosso lado.E,em pouco tempo,já embriagados pelo vinho, eu e Refar estávamos participando daquela orgia que irrompeu no templo...
A VOLTA DE JOV.
Refar foi convidado para ir a uma festa no palácio do rei e fui com ele.Nas ruas próximas ao palácio o povo se amontoava e algumas carroças distribuiam pão para todos.Era um costume gip,quando o rei promovia uma festa.A fachada do palácio possuia grandes colunas e decorada com lindas estátuas de pedra,representando animais e aves.
Entramos num imenso salão luxuoso,onde centenas de pessoas encontravam-se de pé e outras assentadas em bancos,almofadas,tapetes e peles de leopardos e leões.Na frente ,numa espécie de altar ladeado de colunas, estava assentado o rei Semtut.Ele vestia um saiote ricamente bordado a ouro e usava um peitoral de pedras preciosas e peles ,no pescoço.Calçava sandálias decoradas e trazia na cabeça um turbante que descia pelos lados do rosto,com linhas horizontais,nas cores vermelha e branca.Numa das mão segurava um cetro e tinha a seu lado a rainha.Os reis gips tinham como costume casar com suas irmãs.La estavam tambem
um bufão corcunda e outros gips,sua corte.Colocamos joelhos em terra inclinamos a cabeça ao solo,fazendo uma reverência ao suposto ser divino dos gips.Misturamo-nos aos convidados , logo ofereceram-nos vinho e uma bebida espumante que chamam de cerveja,que era feita de cereais.Servi-me do vinho e Refar pegou um copo da outra.
Em pequenas e baixas mesas,espalhadas pelo salão, encontravam-se dezenas de variedades de frutas.Peixes cozidos eram servidos pelos escravos e escravas,que usavam apenas uma tanga.As escravas tinham os seios à mostra e pelas suas fisionomias,algumas de pele negra, deduzi serem de várias raças do planeta.Bailarinas semi-nuas dançavam ao som de harpas,flautas,alaúdes e liras, acompanhadas por tambores e cimbales.Em dado momento a música parou e as bailarinas sairam.No meio do salão colocaram-se em posição de combate dois homens fortes.O rei baixou o centro na direção deles e iniciaram uma luta sem compaixão,agredindo-se de todas as maneiras,com mãos e pés.Os espectadores torciam com um entusiásmo e furor jamais visto.Deduzi que aquele povo apreciava as lutas.Minutos depois um deles achava-se estirado no chão e foi retirado pelos escravos.Enquanto o vencedor era aplaudido com veemência por todos.A música recomeçou e as bailarinas retornaram.
Refar ficou conversando com alguns gips,seus conhecidos,e eu passei a rodar pelo salão.Num canto vi algumas pessoas jogando um jogo que chamavam de xadrez.Usavam um tabuleiro de 20 ou 30 casas e peças de madeira.Era semelhante ao zakion dos farianos,um jogo que exigia muito raciocínio.Outros jogavam outro,desconhecido para mim,numa tabuinha redonda,com peças semelhantes a cachorros e leões.
As mulheres dos gips,lindas e liberais,tinham os lábios pintados,unhas coloridas,cabelos e corpos untados com óleos aromáticos.Vestiam túnicas colantes,predominando as cores vermelha,amarela,verde e branca,que realçavam suas formas.Algumas deixavam à mostra parte dos seios.Nos seus braços,tornozelos e mãos viam-se jóias de variadas cores,de ouro e pedras preciosas.Traziam também brincos nas orelhas e em seus pescoços colares de bolinhas multicores.Algumas tinham a parte inferior das pálpebras coloridas e seus olhos brilhavam e pareciam maiores.
Os homens,na maioria,usavam tangas e um saiote transparente por cima e outros túnicas compridas. E como as mulheres traziam enfeites de jóias nos braços,mãos,tornozelos e pescoços.Alí estavam os súditos do rei,os gips mais abastados,onde o luxo imperava.E realmente a cultura deles comparada com a dos dujs era muito superior.
Uma linda mulher,alta,pele amorenada,cabelos longos,um corpo bem delineado e realçado por uma túnica branca,olhava-me insistentemente.Encontrei-me com Refar,mostrei-lhe a gip e perguntei-lhe quem era.Ele me disse que seu nome era Dalai,filha de Lavan,um famoso e rico embalsamador.Era filha única e,por ser viúvo,ele a criou com todo carinho.Falou-me também que era uma mulher muito culta e que falava duj.Resolvi cortejá-la.Aproximei-me dela e lhe ofereci vinho.
-Obrigado.Você é duj ?-perguntou-me Dalai.
-Sim.Eu sou.
-Eu me chamo Dalai,sou filha de Lavan o embalsamador
-Eu me chamo Miran.
Iniciamos uma conversa agradável e sentamo-nos nas muitas almofadas que sobravam no salão.E alí ficamos a conversar durante muito tempo.O ambiente da festa já caminhava para uma descontração total,pois o vinho e a cerveja corriam a solta.Dezenas de casais trocavam carícias e beijos,sobre as almofadas e peles espalhadas pelo salão.Dalai e eu fazíamos o mesmo e eu tomava vinho seguidamente.Mas pouco acostumado a bebidas me embriaguei.Creio que adormeci nos braços dela,quando acordei o dia já ia alto.Dalai não estava mais alí.Levantei-me e passei entre muitas pessoas que ainda dormiam no salão do palácio.Minha cabeça doia muito pelo excesso do vinho.E quando cheguei em casa pedi a um escravo para me arranjar um peixe.Eu o coloquei sobre a fronte para ver se a dor de cabeça cessava,segundo o que me ensinaram os gips.
À tarde,já melhor,resolvi ir a casa de Dalai para me desculpar,por causa da minha bebedeira.Procurei saber aonde situava-se a casa de Lavan e para lá segui.Um escravo atendeu-me e pedi-lhe para me anunciar a Dalai.Em pouco ele voltou e mandou que eu entrasse.Entrei num pátio ornado de vasos de pedra e bancos sob árvores.Duas escadas davam acesso ao segundo pavimento da casa e numa delas desceu Dalai.Ela trajava uma túnica curta,deixando à mostra lindas e bem torneadas pernas.Cumprimentei-a,me desculpei pela bebedeira,sentamos e passamos a conversar.O escravo trouxe-nos frutas e comi algumas e tomei um refresco.Minutos depois surgiu seu pai.Era alto,gordo e aparentava ter uns 60 anos.Saudou-me,em língua duj, e sentou-se ao nosso lado.E em minutos já conversávamos animadamente. E como me interessavam as múmias,logo perguntei-lhe:
-Qual o processo que utiliza para embalsamar os cadáveres ?
-Existem 3 processos de embalsamamento.O primeiro deles custa muito caro.Extraímos parte do cérebro pelas narinas e o restante é dissolvido por uma substância que injetamos.Com uma faca de pedra, etíope, abrimos uma abertura no flanco do morto e retiramos as vísceras,que são regadas de vinho de palmeira e polpilhada de temperos raspados.Enchemos o flanco com mirra raspada,cássia e outros perfumes e o costuramos.Mergulhamos o corpo no natrão e alí o deixamos por 70 dias.Retiramo-lo e o lavamos .Ele é enrolado em faixas de linho e besuntamos tudo aquilo com uma goma e o colocamos num ataúde de forma humana.Assim ele está pronto para ser entregue a família.
-Muito interessante!-exclamei!
-Já no segundo processo nós simplesmente injetamos óleo de cedro no corpo,sem praticar abertura ou retirar vísceras.E o fazemos pelo ânus.Mergulhamos o corpo em natrão por 70 dias e decorrido o tempo,retiramos os tampões no corpo e o óleo escoa e as entranhas e estômago dissolvidos saem com ele.O terceiro processo é simples,lavamos apenas o ventre do defunto com água e colocamos o corpo no natrão,no mesmo número de dias citados.Após isso ele é retirado e o entregamos à família.-concluiu Lavan.
-E o embalsamento de um rei ?-perguntei-lhe
-Eu nunca o fiz.Mas é realizado de uma maneira semelhante ao primeiro que citei,mas dentro de um ritual sagrado.No entanto é um trabalho muito superior ao que fazemos.Um aspécto curioso são os embalsamentos de mulheres jovens ou bonitas.Quando são de famílias abastadas elas só são entregues a nós três ou quatro dias depois que morreram,já em início de putrefação.Isso para que os embalsamadores não sejam tentados a abusar delas sexualmente.No passado era muito comum isso ser feito, pelos escravos que trabalhavam nas casas de embalsamamentos.
Após aquela conversa interessante ele se despediu de mim e saiu.Fiquei com Dalai mais alguns minutos e me despedi.Ela beijou-me ardorosamente,fazendo me prometer que voltaria.Sai,impressionado com o que ouvira sobre o embalsamamento.E logicamente era uma técnica que lhes foi ensinada pelos farianos.
Ao voltar encontrei Abaman no pátio da casa e passamos a conversar sobre o que falei com Lavan.De repente,num sobresalto,levantou-se e ficou estático.Seus olhos pareciam vidrados e senti que entrara numa espécie de transe.Postei-me a sua frente e toquei seu corpo.Ele estava rígido e não se movia.De repente falou:
-Sim.Eu irei ao encontro marcado.
Logo em seguida retornou ao normal e assustou-se ao ver me de pé à sua frente.E perguntou:
-O que houve ?
-Nada.-respondi-lhe mentindo.
Notei que Abaman entrara em transe e seu sub-consciente lhe alertava para um encontro com os volkanianos.Ele teria sido hipnotizado e uma ordem pós-hipnótica foi ativada.Ou então lhe implantaram uma micro-sonda em seu cérebro.E através dela os volkanianos se comunicavam com ele.Deveria vigiá-lo,para seguí-lo quando fosse ao encontro deles.
No outro dia,acordei cedo e perguntei aos servos onde estava Abaman.Eles me disseram que ele saira de madrugada.Senti que tinha perdido a chance de seguí-lo.Esperei-o durante o dia todo e parte da noite,mas ele não retornou.E assim se passaram 3 dias,mas ao entardecer ele chegou.Foi logo me chamando e disse:
-Jov retornou.Ele vai nos tirar daqui e Arsa das mãos do rei dos gips.Ele vai ferir os gips.E quando eles começarem a ser atingidos por Jov, mande os dujs espalharem a notícia que ele nos protege e que Arsa é minha esposa.
Os volkanianos não queriam que os dujs permanecessem na terra dos gips.Isso prejudicaria seus planos,pois assimilariam sua cultura e religião politeísta.E dessa maneira eles perderiam o total controle sobre os dujs.
A nave dos volkanianos começou a agir,desferindo ataques em todos os locais.Voando à noite,a baixa altura,causou estragos em povoações,plantações e até mesmo em Oriac.Também utilizou feixes de luzer e alguns gips foram mortos.O rei,quando ficou sabendo que Abaman era protegido de Jov, mandou chamá-lo.Nesse interin teve conhecimento que Arsa era sua esposa e não irmã.E assim Semtut se convenceu de que Jov castigava sua terra porque ele tomara Arsa.Após o encontro de Abaman com o rei,os volkanianos cessaram seus ataques.Saímos da terra dos gips e Abaman levava muitas riquezas e animais,que recebera de presente de Semtut,como também o seu parente Tol.Eu,como eles,trazia muitos animais,prata e ouro,tornara-me um duj rico.Viajamos muitos dias e chegamos a região de Selap,propícia para o pastoreio de cabras e ovelhas.Alí armamos nossas tendas e voltamos a vida tranquila de pastores.De Oriac só me ficou a lembrança de Dalai,que me presenteara com um punhal de ouro,filha de Lavan.
Como Abaman e Tol tinham muitos animais logo os pastos começaram a ficar insuficiente para ambos.Daí surgiram desentendimento entre os pastores deles.Abaman pediu a Tol que fosse para um outras terras,para que não houvessem brigas entre eles.E Tol seguiu com os seus para onde corria o rio Adroj,próximo da cidade de Modos.
INTERVENÇÕES VOLKANIANAS.
A região onde Tol habitava foi tomada por guerras,que envolveram diversos reis.Ibarumah,rei de Raames,foi um dos envolvidos.E segundo diziam ele era protegido por um "criador",que denominavam de Sámas,que lhe apareceu sob forma luminosa numa montanha.Dele recebeu algumas tabuinhas de barro,que continham leis escritas,um código para ser seguido pelo seu povo.Me contaram que as leis desse código eram semelhantes às pregadas por Jov aos dujs.Então deduzi que os volkanianos, anteriormente,fizeram contato com Ibarumah.
Ladaf,rei de Otnop,Romoal,rei de Maele unidos a Ibarumah faziam guerra Ara de Modos,Asreb de Romog,Banna de Mada,Rebenes de Miobes e Alab de Roges.Contaram-nos que as batalhas se prolongaram por muitos dias,no vale de Midis,onde existiam muitos poços de betume.E morreram muitos habitantes da região onde vivia Tol,que foi aprisionado com sua esposa e filhas.A notícia chegou ao nosso conhecimento e Abaman reuniu 300 homens.Partimos para libertar Tol e como eu tinha conhecimento de estratégia de guerra,sugeri a Abaman,que devíamos nos dividir e atacar à noite.E de surpresa chegamos a seus acampamentos e os pegamos dormindo e desarmados.Era uma luta corpo a corpo,usando armas primitivas,lanças,clavas,adagas,arco e flecha,algo que eu jamais tinha pensado em fazer.
Acostumado a lutar apenas dentro de um nave,vi a morte de frente muitas vezes,mas portei-me como um duj nessa noite.Cabeças e membros eram decepados e corpos perfurados pelas lanças,espadas,adagas e flechas.O sangue se espalhava por todo o local e gritos de horror eram ouvidos no momento da luta.Mulheres e crianças corriam para todos os lados e muitos deles mortos.Jamais tinha participado de um combate tão violento,mas no calor da luta eu tinha de matar para não morrer.E o fiz sem piedade para com os inimigos.
Conseguimos derrotá-los e perdemos poucos homens.Tol foi libertado,junto com sua família.Fizemos um saque completo nos inimigos,além de reaver o que tinham roubado dos outros.Eu convenci a Abaman a não matar as crianças e mulheres sobreviventes.E assim os levamos como prisioneiros.
O rei Cequimel ,de Melas veio até nosso acapamento.E,como havia nos apoiado,Abaman lhe deu um dízimo de toda a pilhagem e algumas crianças e mulheres como escravos.Ele era um ser estranho,diziam que era sacerdote do "altíssimo", e que não tivera pai ou mãe.Logo deduzi que era mais um contatado de alienígenas,talvez um ser de proveta,nascido de uma desconhecida mulher.Os reis de Melsa e Modos também vieram até Abaman e lhes devolvemos tudo que havia sido roubado de suas cidades.Abaman mandou que se fizesse oferendas a Jov,agradecendo pela vitória do povo duj.Um altar de lenha foi feito e,quando Los se pôs,a nave dos volkanianos,em forma de uma fornalha de fumo,como uma tocha de fogo,passou por entre os animais cortados.
A paz passou a reinar naquela região e os volkanianos disseram a Abaman que ele seria pai de uma grande nação.Porém Arsa era estéril.Mas eles a convenceram a cumprir a lei dos dujs,que permitia a esposa estéril escolher uma outra mulher, para que seu companheiro tivesse filhos com ela.Essa mesma lei constava do antigo código de Ibarumah.E Arsa escolheu Rag,uma linda escrava gip,para se unir a Abaman.
E tempos depois nasceu-lhes um filho e ele foi chamado de Leam.Abaman estava radiante e uma grande festa foi realizada no acampamento.
O tempo passou e à medida que Leam crescia,Rag constantemente zombava de Arsa,por sua esterilidade.Então ela pediu a Abaman que a expulsasse dalí,junto com o filho.Mas os volkanianos interviram ,Rag se humilhou perante Arsa e puderam continuar no acampamento.
A tarde estava muito bonita,eu e Abaman conversávamos à sombra de sua tenda,armada no vale de Erbn,quando vimos uma nave volkaniana cruzar o espaço e fazer um pouso numa colina, a 500 metros dalí.Minutos depois,três volkanianos vieram até a tenda,vestindo seus trajes espaciais.E Abaman foi recebê-los.Colocou os joelhos em terra e inclinou a cabeça ao solo,numa reverência.Eu tive de fazer o mesmo,contrariado,pois sabia que eram seres iguais a nós.Não os considerava como enviados do "Criador".Mas se demonstrasse o que sabia, eles desconfiariam de mim e seria morto.Entraram na tenda e Abaman disse:
Este é Miran.Homem de minha confiança,muito sábio e leal.
Eles simplesmente se limitaram a me olhar através dos visores de seus capacetes negros,sem nada dizer.Mas eu já não tinha receio de ser reconhecido.Meus cabelos e barba estavam crescidos,minha pele amorenada e falava bem a língua duj.Abaman pediu para pegar um novilho tenro e gordo,e que o matasse e assasse para alimentar os volkanianos.E disse a Arsa para fazer alguns bolos de farinha.Eles foram se lavar,enquanto preparávamos os alimentos.Quando ficaram prontos nós os colocamos numa mesa sob uma árvore.Os volkanianos tiraram os capacetes,deixando se ver seus cabelos louros e compridos.Sentaram-se,comeram carne,frutas,bolos e beberam leite.Como os dujs eram ingênuos,nem siquer desconfiavam que os volkanianos eram seres iguais a eles,já que precisavam se lavar e alimentar!Mas o fato de os encararem como semi-deuses,originava-se na nave,que acreditavam vir do céu,a morada dos deuses e inacessível aos homens.E ela era Jov.
-Arsa!Breve você terá um filho.-disse um dos volkanianos.
-Como ? Sou estéril!-perguntou Arsa rindo.
-Mas Jov tem o poder de fazê-la ter um filho.Você e Abaman irão se lavar para ver Jov.Mais tarde seguirão até a colina.Nós os esperaremos lá.-disse o volkaniano levantando-se e colocando seu capacete.
Os três seguiram para a nave.Horas depois depois Abaman e Arsa também foram para lá.Já era noite quando eles voltaram e Arsa estava radiante.Logo deduzi que os volkanianos fizeram a implantação de um ôvo nela.E logicamente deveriam te-lo produzido com o semen de Abaman e um óvulo de outra mulher.Uma técnica simples para os volkanianos fazerem uma mulher estéril gerar um filho de proveta.E isso já dominávamos há muitos séculos em Flambion,numa técnica apuradíssima.
Naquela noite a nave deles ficou pousada na colina,brilhando como uma tocha de fogo.Eles sempre pousavam em locais estratégicos,de difícil acesso para qualquer pessoa.Daí todos dizerem que o culto dos dujs era sempre nas montanhas.
No dia seguinte,de manhã, dois volkanianos voltaram à tenda de Abaman.E pude ouví-los conversando sobre a destruição de duas cidades,Romog e Modos.Eles falaram a Abaman que seus habitantes não estavam seguindo as leis de Jov.Adoravam muitos deuses nos seus cultos pagãos,práticas sexuais com animais e orgias inimagináveis.Doenças e mais doenças alastravam-se naquelas cidades.Inclusive uma delas era mortal, para os que a contraiam através do ato sexual.Dessa maneira aquelas cidades e seus habitantes estavam condenadas por Jov, deveriam ser varridas desse mundo.Abaman insistiu com eles para que poupassem seus habitantes,mas foi em vão.Eles estavam irredutíveis, no entanto prometeram-lhe avisar Tol,seu parente,que vivia em Modos,para que fugisse antes da destruição.Pouco depois os volkanianos partiram em direção a Modos.Na realidade os habitantes daquelas cidades,estragariam os planos deles se permanecessem juntos dos dujs.
Dois dias depois,Tol chegou a nosso acampamento com suas duas filhas.Eles estavam sujos,cansados, famintos e em prantos.O terror estampava-se nos rostos deles e, após acalmarem-se,ele narrou-nos o que acontecera em Modos.
-Ao entardecer os enviados chegaram a Modos.Iriam pernoitar na praça.Mas eu lhes ofereci minha casa e eles aceitaram.Mandei preparar um banquete e assar pães ázimos que eles comeram.Antes que fossem dormir os modositas,velhos e novos, cercaram minha casa.Alguns pevertidos pediram-me que entregasse os enviados a eles,para que os "conhecessem".Mas eu recusei e quiseram invadir minha casa.Eu até lhes ofereci minhas duas filhas virgens e lhes disse que podiam fazer com elas o que quisessem,para que não os molestassem.Mas foi tudo em vão,queriam os enviados.Me empurraram e se prepararam para arrombar a porta.Os enviados de Jov abriram-na,a turba estacou quando os viu.Eles afastaram-me e cerraram a porta.Nesse momento a multidão furiosa avançou na direção deles.Os enviados estenderam as mãos para a turba.Fachos luminosos sairam de suas mãos e cegaram todos que estavam alí.Os modositas levavam a mãos aos olhos e gritavam que tinham ficado cegos.E, sem rumo, afastaram-se da casa,correndo.-disse Tol.
-Passei o resto da noite vigiando os modositas,caso resolvessem retornar.Os enviados me disseram que deveríamos sair da cidade porque iriam destruí-la.Ao amanhecer cada um de nós procurava juntar nossos pertences,procurando levar o que pudéssemos.Como titubeássemos eles nos pegaram pelas mãos e fizeram-nos sair da cidade.Saímos às pressas e nos disseram que seguíssemos em frente,até a montanha.Mas eu lhes disse que iria para Roges.E ,então,me disseram que lá também estaríamos seguros.No entanto,jamais devíamos olhar para trás,pois se o fizessemos seríamos mortos.E corremos afastando-nos cada vez mais dalí.
-Ouvimos estrondos pavorosos,mas continuamos a correr em frente.Quando já estávamos perto de Roges,notamos a falta de Mila,minha mulher.Ela deve ter desprezado a advertência dos enviados e olhou para trás.E fatalmente deve ter morrido.completou Tol,rompendo em prantos.
Pela narrativa de Tol deduzi que os volkanianos haviam usado armas luzers nos modositas.Quando eles tentaram invadir a casa dele, eles os cegaram com fachos de luzer,tão intensos que afetam a vista por muitos dias.Quanto à pressa que sairam da cidade,deduzi que empregaram bombas de tempo.Assim tinham de sair antes de suas detonações programadas.Por este motivo Tol e os seus foram forçados a sair rapidamente.Quanto a Mila,mulher de Tol,ao ouvir o barulho da explosão olhou para trás.E ficou cega pelo brilho emitido pela bomba.Assim não pode acompanhar os outros na fuga e ficou dentro do raio atingido pela explosão.Seu corpo deve ter ficado semelhante a uma estátua de pedra.Eu já conhecia aquelas bombas e tinha visto o efeito que faziam em corpos mesmo distantes ,mas que permaneciam dentro do raio de explosão.Próximo a Modos o terreno tem muita areia e sal.Seus grãos foram levantados pelo vendaval provocado pela bomba,impregnaram-se no seu corpo e fundiram-se com calor emitido pela explosão.
Eu e Abaman já havíamos olhado na direção de Modos e Romog e tínhamos visto o fumo que saia da terra como de uma fornalha.Lembrei-me das batalhas em Flambion e quantas vezes vi aquele cogumelo de fumaça sobre nossas cidades.Senti revolta vendo os volkanianos destruirem seres primitivos,utilizando-se de alta tecnologia.Por que não eliminar somente aqueles que possuiam doenças contagiosas,que lideravam aquela gente e os incitavam a cultos animalescos? Mas alí morreram muitos inocentes,muitas crianças.Eu estava só naquele mundo hostil e nada podia fazer.Teria que limitar-me ao papel de espectador.
Tol ficou entre nós alguns dias.Mas,apavorado e desgostoso com tudo que acontecera, resolveu partiu com suas duas filhas para bem longe dalí.
A MORTE DO LÍDER.
O acampamento de Abaman estava em festa,pois Arsa havia tido um filho.Os volkanianos cumpriram a palavra.O líder estava radiante,pois assim sua descendência se perpetuaria através desse filho e do de Rag.Foi lhe dado o nome de Cas e no oitavo dia ele foi circuncidado.A circuncisão,um costume duj,realmente era muito proveitosa para aquele povo que não tinha noção de higiene.Que foi imposta a eles sob forma de aliança com Jov,era uma maneira de diminuirem-se as doenças transmissíveis no ato sexual.Era também obrigatório utilizar-se de uma faca de pedra para cortar o prepúcio, ao invez de cobre,logicamente para se prevenir infeccões.
As brigas entre e Rag e Arsa aumentaram-se,depois do nascimento de Cas.E então Abaman foi obrigado a expulsar Rag do acampamento junto de seu filho.Mas os volkanianos os protegeram e os levaram para o deserto,deixando-os com outros dujs,onde passaram a habitar.
O dia amanhecia quando fui acordado por Abaman.Ele estava triste e contou-me que, na noite passada, os enviados lhe disseram para sacrificar o seu filho a Jov.Eles mandaram que o levasse a colina e la fizesse um altar de lenha para o sacrificio.
-Leve Cas à colina, mas não se apresse em sacrificá-lo.Jov quer provar sua lealdade.-disse-lhe eu.
Abaman levou o garoto para a colina e preparou o altar para o sacrifício.Eu me armei com um arco e flechas,pois estava disposto a matar qualquer volkaniano,mesmo que morresse,se eles levassem adiante o sacrifício do garoto.Fui seguindo-o à distância e escondi-me,entre uma árvores, próximo do local.Quando tudo estava preparado Abaman tomou sua faca de pedra e pegou o garoto,enquanto um volkaniano o olhava.Levantou a faca para ferí-lo,mas o enviado gritou:
-Pare!De hoje em diante terá toda nossa proteção,pois nos é fiel.Alí atrás tem um carneiro amarrado pelos chifres a uma árvore.Sacrifique-o.
Abaman tomou o carneiro e o sacrificou,fazendo o ritual costumeiro,espargindo o sangue sobre o altar.Colocou-o sobre ele e ateou fogo à lenha.Esses sacrifícios de animais foram introduzidos pelos volkanianos com a finalidade de ensinar aos dujs como comer a carne deles.Pois anteriormente eles as comiam cruas e com sangue.E mantiveram o ritual,substituindo as vítimas humanas por animais.Eu me esgueirei e,secretamente,voltei ao acampamento.Abaman voltou com Cas e estava radiante,feliz por não ter que sacrificar seu filho a Jov.Alí tinha sido o grande teste de lealdade no líder dos dujs.Os volkanianos de agora em diante dariam todo apoio àquele homem,que para levar adiante seus planos.
Aos poucos eu ia aprendendo os costumes dujs.Darj,um pastor,procurou Abaman para que desse suas bêncãos a ele e Morel,viuva de seu irmão,já que pretendia esposá-la.E Abaman os uniu. Ele contou-me que todos os filhos que nascessem da união de ambos, eram como se fossem do próprio irmão falecido.Darj não teria nenhum direito sobre eles,assim ditava a lei.
Nossa vida de pastores corria tranquila.Muitos anos haviam se passado, mas os volkanianos desapareceram.Retornaram a seu mundo,mas eles voltariam, eu tinha certeza.Jetor e sua esposa haviam morrido e Samira acabou desposando Gort um pastor.Pouco tempo depois Arsa também morreu e foi enterrada na terra de Nac,numa gruta,num terreno que Abaman comprara de um Atiht.O líder ficou muito tempo chorando a sua morte.
Já faziam 25 anos que eu chegara ao planeta Azul.Quando cheguei tinha 20 anos,de Flambion,cuja duração dos dias eram de 30 horas.No entanto estava notando que, fisicamente, não tinha envelhecido nem cinco anos.Aparentava ter apenas 25 anos e isso me levava a deduzir que meu envelhecimento neste mundo não seguia o mesmo padrão de seus habitantes.Minhas células deveriam estar envelhecendo lentamente.Já tinha ouvido histórias sobre longevidade quando se vivia em outros mundos do cosmo.Falavam sobre planetas onde a gente permanecia sempre jovem.Mas tudo girava em torno de lendas,nada disso fora comprovado.Alguns diziam que isso era ocasionado pela mudança de um sistema planetáriopara outro.No meu caso Matin era uma estrela verde e Los amarela.Seriam os efeitos dos raios de Los que atrasavam meu envelhecimento ? Ou seria o salto imprevisto que tinha feito com a nave ? Mas na realidade eu me sentia um jovem de 25 anos,tanto no físico como na aparência,as histórias tornavam-se realidade.
Cas já estava com 17 anos e Abaman chamou-me e pediu que arranjasse uma esposa para seu filho Deu-me alguns camelos,ouro,prata e roupas e fui para a terra de Taposom.Chegando próximo a cidade de Roca,parei num poço para dar água aos camelos.Logo surgiu uma linda jovem.Ela trazia um cântaro e o encheu na fonte.Ofereceu água e tomei de seu cântaro.Conversamos e vi alí uma esposa ideal para Cas,inteligente e bonita.Dei-lhe de presente dois brincos de ouro e ela se foi.Pouco depois seu irmão, Bal, veio me buscar para ir a seu acampamento.Lá fiquei conhecendo o pai da jovem que era Leutb e contei-lhe que procurava uma esposa para o filho de Abaman.Conversamos e Acebe,a jovem,aceitou a proposta,como também seu pai.Deixei presentes para todos da família e parti de volta,levando a uma esposa para Cas.
Ao aproximarmos do acampamento encontramos Cas.Contei-lhe que era seu noivo.Ela cobriu o rosto com um véu,como era costume das noivas dujs.E eu a apresentei a Cas e ele a levou para o acampamento.Dias depois celebraram-se as bodas de Cas e Acebe,com muita festa e alegria no acampamento.
Abaman também casou-se novamente, com Arutec,e teve mais seis filhos.Os volkanianos desapareceram e não mais retornaram.Continuamos naquela vida tranquila de pastores,mas o tempo passou...
Abaman já velho e doente acabou por falecer.E antes de morrer me perguntou:
-Miran,Diga-me a verdade.Você é um enviado ?
-Sim,eu vim do céu,como os enviados.Como soube ?
-Você não envelhece como nós.É um homem muito inteligente e não podia ser um duj.Peço-lhe que guie meu povo após a minha morte.Prometa-me jamais os deixar sozinhos.
-Sim.Eu prometo.respondi-lhe.
Nós o enterramos numa caverna,no campo Norfe.Alí demos adeus ao grande líder dos dujs,um homem que, no mundo conturbado e em estágio primário de evolução em que vivia, tinha objetivos de paz e amor.
Fiquei só,pois todos aqueles que me haviam acolhido tinham morrido.Cas vivia prosperamente e tinha dois filhos.O povo duj espalhou-se novamente por toda a região,ficando cada vez mais numeroso.A terra de Nac tornou-se perigosa,pois começaram a surgir conflitos entre seus habitantes.A maioria dos dujs fugiu para a terra dos gips.E apesar da promessa feita a Abaman não consegui liderá-los.
Muitos dujs já começavam a notar que eu não envelhecia como eles.E caso os volkanianos voltassem,se soubessem disso eu estaria em perigo.Porque,logicamente,eles também já deveriam ter ouvido algo a respeito da longevidade em outros mundos.Vendi todos os meus animais e segui para Oriac.Lá eu seria um desconhecido e adotaria o nome de Aran.Levava muito dinheiro em barras de prata e ouro e teria uma nova vida.Assim poderia continuar buscando uma maneira de voltar a Flambion...
O NOVO LÍDER DOS DUJS.
Já viajava há muitos dias,cheguei a um oásis e resolvi descansar.Alí se encontravam muitas caravanas,era um ponto obrigatório de parada para os que iam e vinham de Oriac.Levei meus dois camelos para o poço e lhes dei dei de beber.Refresquei-me e senti refeitas as minhas forças,após aquela extenuante viagem.
Algumas pessoas estavam agrupadas debaixo de uma árvore,curioso me aproximei.Era um leilão de escravas e alí estavam seis lindas mulheres para serem vendidas.
-Olhem que lindas mulheres,saudáveis e de corpos esculturais.apregoava um gordo gip.
-Senhores,tenho aqui uma mercadoria que não vão poder deixar de comprar.Uma linda princesa Iam,vinda das mais distantes regiões de Arret.gritou o gip,puxando pela mão uma mulher de tez amorenada.
O mercador desabotoou sua túnica e a mulher ficou inteiramente nua.Tinha um corpo escultural,cabelos e olhos negros.Os compradores ficaram tensos na presença de seu corpo desnudo.
-Veja que belos seios,lindos quadris,pernas esculturais e sem nenhuma mancha no corpo.Uma perfeita deusa da beleza.continuava o mercador fazendo com que a escrava se virasse de todos os lados.
Realmente era muito linda e deslumbrava a todos.Mas era muito chocante ver aquelas mulheres vendidas como se fossem animais.
-5 placas de pratas.gritou um ebar.
-Ora meu senhor,ela é um tesouro e vale muito mais.disse o mercador.
-7 placas de prata.gritou outro comprador.
-Olhai a sua pele acetinada.Ela vale muito mais.
-10 placas.gritou outro.
-Quem dá mais por deusa em forma de mulher.
O mercador insistiu,mas ninguém aumentou o lance.E ele gritou:
-Vendida a esse senhor por 10 placas de prata.
O mercador mandou que a mulher se vestisse e a entregou ao comprador,um gip magro e alto.
A seguir tomou outra mulher.Despiu-a e passou a enumerar os seus atributos físicos.Era uma jovem de mais ou menos desesseis anos.Tinha um rosto lindo,a pele cor de trigo ,os cabelos louros,um corpo escultural,olhos azuis,de estatura mediana e os seios ainda desabrochando.
-5 placas.gritou um comprador.
-10 placas.gritou outro.
-É uma beleza duj,ainda virgem e vale muito mais.Ela é uma mulher diferente.Vejam sua pele clara,seus olhos azuis e os cabelos louros.gritou o mercador.
A jovem lançou-me um olhar,como se implorasse que a comprasse,para impedí-la de ir para as mãos daqueles que a "devoravam "com os olhos.Talvez percebera que eu era duj como ela e assim teria melhor tratamento.E então resolvi dar um lance.
-15 placas.gritei.
-16 placas.gritou um gordo gip.
-18 placas.gritou outro.
-25 placas de prata.retruquei-lhes.
O mercador continuou a apregoá-la,mas ninguém se atreveu a dar um lance maior que o meu.E então o leiloeiro cobriu-lhe o corpo e entregou-me a jovem dos cabelos louros.Enquanto alguns gips praguejavam contra minha alta oferta.Paguei-lhe e saí dalí acompanhado da escrava.
-Como é seu nome ? perguntei-lhe
-Zamar meu senhor.
-As mulheres dujs não são louras.Você é mesmo duj ?
-Minha mãe era duj.Mas meu pai era irgon,louro como eu.
Sentamo-nos a sombra de algumas tamareiras e retirei da bolsa algumas frutas e dei a Zamar.
-Como você foi parar nas mãos desse mercador de escravas.
-Minha mãe morreu e fiquei só.Alguns homens invadiram meu acampamento e me raptaram.Depois fui vendida para Aref,o mercador.
-E onde morava.
-Numa terra muito distante daqui,em Zacan.
-Pode ficar tranquila,eu não a manterei como minha escrava.Vou libertá-la.Estou indo para Oriac e lá você estará livre.
-Não! Vejo que é bondoso e quero ficar com o senhor.implorou-me a jovem abraçando-me.
-Pois bem.Veremos quando chegarmos a Oriac.E para sua proteção vou lhe colocar a minha marca.
Tomei uma pulseira de cobre,onde tinha meu nome escrito e a coloquei no braço esquerdo de Zamar.Assim todos saberiam que ela era minha propriedade.Eu havia adotado o nome de Aram para não despertar suspeitas nos volkanianos,caso os encontrasse novamente.
No outro dia,seguimos viagem e já estávamos próximo de Oriac.Afastamo-nos de um acampamento de leprosos,que viviam fora da cidade.Afetados pela doença eles se tornavam perigosos,muitas vezes assaltando os viajantes incautos para roubar alimentos.Ao entardecer chegamos a fonte Batuc,a um quilômetro da cidade e dirigimo-nos ao poço para dar água aos camelos.Quando Zamar aproximou-se dele,puxando seu camelo,um gip veio em sua direção e gritou:
-Maldita escrava duj.Você vai sujar a água.Primeiro eu bebo depois os animais.
Mas nessa altura meus camelos já estavam bebendo água.O gip desferiu uma chicotada em Zamar.Eu intervi e ele me atacou.Tomei-lhe o chicote e dei-lhe um soco no rosto ele caiu.Levantou-se e retirou uma adaga da cintura.Veio na minha direção e eu saltei para o lado,mas escorreguei na areia e caí.No momento em que ele ia cravar a adaga no meu peito surgiu um jovem,forte,segurou-lhe a mão e o atingiu com uma pedra na cabeça.O gip caiu ensanguentado e ficou imóvel.Eu levantei-me e agradeci ao desconhecido.Examinando o gip vimos que ele estava morto.Na verdade a sua intenção era matar-me,roubar a escrava e os camelos.
-Vamos enterrá-lo rapidamente antes que alguém veja.-disse o desconhecido.
Cavamos um buraco profundo na areia e enterramos o gip.
-Meu nome é Semion,sou um duj como você.
-O meu é Aram e esta é Zarma,minha escrava.Obrigado por tudo.Eu vou para Oriac e você ?-perguntei-lhe.
-Também vou.Eu moro lá.Sigamos em frente,é perigoso ficar aqui.disse Semion.
No caminho,Semion contou-me que estava indignado com a opressão que os gips faziam aos dujs.O rei dos gips chegou ao ponto de ordenar às parteiras que matassem os bebês dujs,do sexo masculino.E muitas mulheres dujs estavam colocando seus bebês em cestos,soltando-os no rio Olin.Pois se alguém os encontrassem eles teriam chances de viver.Falou-me também que ele fora um desses bebês e foi encontrado por uma parente do do rei.Ela o deu a uma mulher duj que o criou.Quando lhe disse que fui um dos homens de confiança de Abaman, ele ficou fascinado.Pois tinha grande admiração por ele.E tive que narrar-lhe toda a minha vida com o líder dos dujs.
Quando entrávamos na cidade surgiu um gip,acompanhado de alguns soldados do rei.E de longe ele apontou para nós e gritou:
-Foram eles que mataram Alimar!
Sesion,Zamar e eu montávamos os camelos e disparamos pelas ruelas estreitas de Oriac.Como estavam à pé não puderam acompanhar-nos.Assim pudemos despistá-los.Fomos para a casa de um amigo de Semion,escondendo os camelos no pátio.
O homem que estava com os soldados deve ter visto quando matamos ou enterramos o gip.Já não podíamos ficar em Oriac.Rabr,o anfitrião,nos preparou uma refeição de carne e frutas.Aproveitamos o resto da tarde para descansar,pois havíamos resolvido partir à noite.Não podíamos ficar em Oriac,pois seríamos mortos.Resolvi deixar Zamar , com Marna e Rabr.Mas a jovem queria a todo custo seguir-me,mas lhe convenci ficar.Pois estávamos sendo perseguidos pelos gips e ela nos atrapalharia na fuga.Deixei algum dinheiro para que ela comprasse roupas.Aquele casal gip a trataria bem e ela poderia ajudar Marna com o serviço de casa.Secretamente,dei a Rabr algumas placas de prata para que cuidasse de Zamar,dizendo-lhe que eu voltaria algum dia.
As mulheres prepararam-nos algumas provisões.E,quando a noite baixou sobre o planeta ,resolvemos partir.Despedi-me de Zamar, que abraçou-me efusivamente.E lágrimas de agradecimento vieram aos seus olhos,quando retirei a pulseira de cobre de seu braço,deixando-a em liberdade.
Esgueirando-nos na escuridão conseguimos sair da cidade,evitando as portas principais e dirigimo-nos para leste.Viajamos a noite toda e ao raiar do dia paramos para descansar.Seguimos em frente e nossa viagem se estendeu por mais 5 dias.Já estávamos longe de Oriac,nas terras de Naidn.
Chegamos a um lindo oásis,levamos os camelos a um poço e dávamos água a eles.De repente apareceram dois pastores dujs com alguns novilhos e aproximaram-se do poço.Em seguida,um bando de ovelhas surgiu,tocadas por sete lindas jovens.Elas levaram as ovelhas para o poço,mas os pastores não deixaram que aproximassem,para que não atrapalhassem seus animais beberem água.Semion tomou a defesa das moças e eu o imitei.Intimidados conosco, eles logo sairam dalí e elas puderam dar água às suas ovelhas.Eram dujs e algumas vestiam túnicas longas e outras saiotes,que realçavam suas formas femininas.Tímidas,apenas nos agradeceram e logo foram embora.Continuamos alí,deitados a sombra de tamareiras,descansando da longa viagem.Cerca de uma hora depois ouvimos algumas vozes.Eram novamente as moças e uma delas aproximou-se e nos disse:
-Eu sou Mainara.Meu pai,Ortej mandou convidá-los para irem ao nosso acampamento,que é perto daqui.Ele quer lhes agradecer.
Tomamos os camelos e seguimos as moças.Chegamos ao acampamento e um duj,gordo,de barba e cabelos brancos,veio receber-nos.Agradeceu por termos defendido suas filhas e convidou-nos para sua tenda.As moças nos serviram bebida e comida.Depois de muito conversarmos o duj disse que precisava de homens para trabalhar,já que contava apenas suas filhas.Como não tínhamos para onde ir,resolvemos aceitar o seu convite por algum tempo.E passamos a trabalhar para Ortej.
A vida no acampamento de Ortej era semelhante a que levei com Jetor.Passávamos os dias a pastorar as ovelhas e carneiros,tosquiá-las,caçar e colher alimentos vegetais.À noite reuníamos em torno de uma fogueira e alí ficamos horas a conversar.Eu tínha ímpetos de lhes contar como era um mundo evoluído,mas tinha de me conter.Mas procurava melhorar o nível de vida daquele povo,ensinando-lhes noções de higiene tudo que podia fazer para evoluí-los.
Já haviam se passado muitos meses que estávamos trabalhando para Ortej.Entre Semion e Arofe,a filha mais velha dele, surgiu uma paixão e ele acabou por desposá-la.Eu tinha simpatia por Alm,a mais nova das sete.Era uma morena alta,19 anos e muito bonita.Mas como era o único homem livre no acampamento,todas as solteiras me cortejavam.E assim passava algum tempo ora com uma,ora com outra.E diáriamente me metia em situações embaraçosas,com tantas mulheres ao meu redor,causando cíumes entre elas,mas procurava agradar a todas.Minha vida era tranquila e divertida com aquele povo.
Estava assentado sob a sombra de uma árvore,ensinando a Alm e Fain como fazer alguns colares de contas.De repente Semion chegou correndo e transtornado.
-O que aconteceu ?-perguntei-lhe
-Tive um encontro com Jov no deserto,próximo do monte Beroh.-respondeu-me ofegante
-Com o "Criador"?
-Sim.Uma chama de fogo surgiu-me no meio de umas sarças,que ardiam sem se consumir.Uma voz me chamou de dentro daquele fogo ardente.Era Jov e ordenou-me que tirasse as sandálias,para pisar naquele lugar sagrado.Assim o fiz.De repente,me vi cercado por intensa luminosidade,que me impedia de ver ao meu redor.Então Jov falou que eu devia reunir os anciãos dujs e dizer-lhes que o período de opressão dos gips acabará.Ele vai tirar todos os dujs das terras dos gips e levá-los para a terra prometida.Eu lhe perguntei como faria isso e respondeu-me que acreditasse nele.Pois todos os dujs sairão de lá ricos,com muito ouro,prata e animais.E finalmente me falou que era o protetor de Abaman e do povo duj.-finalizou Semion radiante.
Deduzi que ele vira uma nave profusamente iluminada no meio das sarças e,por um sistema de som,os volkanianos o convidaram a entrar nela.Os tripulantes não se mostraram a ele,para melhor impressioná-lo.E assim conversaram com Semion,quando estava numa sala intensamente iluminada.E ele jamais poderia compreender tudo aquilo.Eles voltaram,novamente me enchi de esperanças,com a idéia de retornar a Flabion.
Os volkanianos já poderiam ter implantado uma sonda cerebral em Semion ou o hipnotizado.Praticamente ele estava sob domínio deles,após aquela abdução.A nave voltou diversas vezes,já que pudemos vê-la pousando numa colina próxima.E,como Abaman,Semion não deixava ninguém acompanhá-lo.
-Aram.Acabo de voltar de um encontro com Jov.-chamou-me Semion,entrando tenda adentro,com uma estranha vara nas mãos e um objeto oval.
-E o que ele lhe disse ?.-perguntei-lhe.
-Chegou o momento de guiarmos o povo duj para a liberdade.Jov mandou que eu os tirasse das terras dos gips.
-Como você pode fazer isso sozinho,enfrentando os gips ?
-Ele me deu esta vara mágica,que pode transformar-se numa serpente,quando a jogo ao chão.Deu-me também esta placa redonda,para ser colocada debaixo da túnica.E quando se põe a mão sobre ela esta sairá branca,como se tivesse lepra.Ao retornar a mão sobre o peito ela voltará a cor normal.Deu-me também alguns grãos que, quando jogados na água,transformam-na em sangue.Tudo isso devo mostrar ao rei dos gips,para provar o poder de Jov.Eu lhe disse que não tenho o dom da palavra.E ele pediu que arranjasse alguém para falar por mim.E escolhi você,que sabe falar bem.-concluiu Semion.
Novamente eu estava dentro dos planos dos volkanianos.Junto deles teria maior chance para voltar ao meu mundo.E assim aceitei o convite de Semion.
Iríamos retornar a Oriac,depois de muitos ano.Semion levaria Arofe e seu filho.Eu despedi-me de Alm,suas irmãs e Ortej,prometendo voltar um dia.E partimos...
MILAGRES TECNOLÓGICOS.
Chegamos a Oriac e fui até a casa de Rabr procurar por Zarma,a escrava.Mas encontrei a moradia habitada por outras pessoas.Eles não estavam mais alí e ninguém me informava seu paradeiro.
Semion convocou,secretamente,os anciãos dujs e fizemos uma reunião.Explicamo-lhes que Jov ordenara-nos que os liderasse.Eles então pediram-nos provas de que Jov estava conôsco.Então Semion lhes demonstrou os poderes conferidos por Jov e ficaram maravilhados.Quando ele jogou a vara no chão, ela automáticamente transformou-se em uma serpente.Eu sabia que não passava de um engenho mecânico/eletrônico,preparado para essa transformação.Quanto a mão cobrir-se de lepra ,aquilo era realizado através de um aparelho que emitia feixes de luz,que coloriam a pele de branco e depois descoloriam-na.Já para se fazer a água transformar-se em sangue,eram utilizados grãos de plasma,altamente concentrados.Como todos os habitantes do planeta Azul desconheciam tecnologia,tudo aquilo era visto como milagre.E assim os dujs resolveram seguir Semion.Porque ele os conquistara com a demonstração de seus poderes.Assim era realmente o novo líder,o protegido de Jov.
Mandamos um emissário ao rei, pedindo uma audiência,como representantes de Jov.Como ele já tinha conhecimento do que Jov fizera ao seu antecessor Semtut,resolveu nos receber.Fomos ao palácio de Sifonem e, após as reverências de praxe,ele perguntou-nos:
-Porque dizem ser representantes de Jov ?
-Porque nosso "criador" mandou que o procurássemos. Eu sou Aram e este é Semion e fomos enviados por Jov.Ele ordenou que deixe os dujs,que estão em suas terras,irem ao templo de Tibar,no alto da montanha de Faror.Nosso povo deve fazer oferendas a ele.respondi-lhe.
-Como seu deus pode me dar uma ordem.Não afastarei os dujs de seus trabalhos diários apenas para obedecer a Jov.Nós temos nossos deuses e podem fazer oferendas a eles.disse o rei.
-Mas Jov tem poderes maior que seus deuses.
-Nenhum deus nesse mundo tem poder maior que Siriso ou Sis.Eles são os verdadeiros deuses de todos os povos.gritou o rei.
-Mas podemos demonstrar os poderes de Jov.retruquei-lhe.
-Então demonstrem seus poderes perantes meus magos.disse Sifonem.
Os magos foram chamados e Semion atirou a sua vara ao chão e ela transformou-se numa serpente.Os magos sairam e logo voltaram com duas varas.Jogaram-nas ao chão e surgiram duas serpentes,mas a de Semion,já programada,matou-as ao tocá-las, com um choque elétrico.Eu logo deduzi que os magos do rei fizeram um truque simples de ilusionismo.As serpentes estavam dentro de supostas varas ocas,feitas de uma folha seca denominada oripap.As folhas estavam enroladas em espirais e ao se retirar a pressão sobre elas,encolheram-se e liberaram as serpentes que ali estavam.Um truque simples que há séculos ilusionistas faziam em Flambion.
Semion mostrou sua mão ao magos e a enfiou debaixo da túnica.Quando a retirou ela estava branca,como se tivesse lepra.Os magos assustados afastaram-se dele.Recolocou a mão no mesmo lugar e logo ela voltou a cor natural.
A seguir ele pediu um recipiente com água,passou mão por cima dele,deixando cair disfarçadamente alguns grãos de plasma concentrado,ela transformou-se em sangue.
Mas os supostos milagres não convenceram o rei a deixar que os dujs saissem.Mas no fundo ele ficou com receoso.Já que percebera que tínhamos poder e éramos enviados de Jov.Mas saímos do palácio decepcionados,não conseguimos impressionar bastante Sifonem.
À tarde Semion foi ao encontro dos volkanianos e eles o instruiram para efetuar outro milagre.Mandamos um emissário ao rei dizendo que íamos transformar toda a água do rio Olin em sangue.E marcamos para que ele fosse lá com seus magos,quando Los estivesse no meio do céu.Em presença do rei e de seus magos Semion,no horário previsto pelos volkanianos,tomou uma vara e bateu com ela nas águas do rio Olin.Minutos depois elas começaram a chegar tintas de vermelho.Toda a água do rio havia se transformado em sangue e muitos peixes morreram.Os volkanianos simplesmente jogaram plasma concentrado em grande quantidade a alguns quilômetros rio acima.E a mesma coisa fizeram com alguns poços de água próximos a Oriac.Mas mesmo assim o rei continuou irredutível.E a partir daquele dia passou ainda mais a perseguir os dujs,dobrando seus horários de trabalho.
Semion encontrou-se com os volkanianos e narrou-lhes o que acontecia.Ordenaram-lhe que voltasse ao rei e lhe dissesse que Jov faria aparecer milhares de rãs na cidade.Voltamos a presença de Sifonem e comunicamo-lhe o que aconteceria.
Milhares de rãs invadiram a cidade dos gips e espalharam-se por toda a parte.Os volkanianos aproveitando-se de um fenômeno natural,a multiplicação das rãs durante as cheias do rio Olin,as dirigiram através de ondas sonoras para a cidade.E todos seus habitantes ficaram apavorados.O rei mandou-nos chamar e pediu que Jov retirasse as rãs,que ele atenderia nosso pedido.Comunicamos a sua decisão aos volkanianos.E no dia seguinte muitas delas amanheceram mortas.As outras os volkanianos as retiraram usando o sinal sonoro,levando-as de volta ao rio.Mas o rei voltou a palavra atrás e não quis liberar os dujs.
Voltamos aos volkanianos e eles nos falaram para dizer a Sifonem que Jov enviaria uma onda de mosquitos, à cidade dos gips.E assim foi feito,Oriac tornou-se insuportável com a invasão de milhares e milhares de mosquitos.Deduzi que os volkanianos usaram bombas bacteriológicas,com larvas de mosquitos,que foram lançadas em dezenas de locais da cidade.Mas mesmo assim o rei não cedeu.E novamente fomos à presença dele e lhe dissemos que nova praga iria cair sobre os gips.Uma onda de moscas invadiria toda a região.E da mesma maneira como fora feito com os mosquitos,os volkanianos usaram bombas bacteriológicas e as moscas invadiram Oriac.O rei chamou-nos e disse que os dujs poderiam praticar o seu culto em suas terras.Mas não aceitamos sua decisão.Pois nosso povo fazia sacrifícios de animais a Jov e muitos deles eram sagrados para os gips.E atritos iriam surgir entre nós e seu povo.Mas Sifonem não permitiu que os dujs saissem de suas terras.O prejuízo para eles seria muito grande.
Voltamos ao rei e dissemos que Jov mandaria uma peste contra os animais dos gips.Os volkaninanos nos entregaram centenas de cápsulas.Nós devíamos dissolvê-las em água e dar aos nossos animais para beber,um dia antes do marcado para a aparição da peste.Para mim era uma vacina a fim de proteger os animais dos dujs,mas Semion de nada sabia.Distribuimos as cápsulas entre os dujs que possuiam animais ,orientando-os como agir.No dia marcado a peste alastrou-se entre os animais dos gips,matando centenas deles.E logicamente os volkanianos usaram bombas bacteriológicas,que lançaram nos poços de água contaminando-os com o micróbio da peste.Sifonem pediu para interrompermos a peste e os volkanianos descontaminaram os poços de água.Mas o rei,ao ver que a peste desaparecera,ficou irredutível.E avisamo-lhe que nova praga se abateria sobre eles.
Recebemos dos volkanianos centenas e centenas de pequenas cápsulas que foram distribuidas entre os dujs.Instruímos a todos para tomá-las com água,pois elas nos protegeriam.A nave dos volkanianos fez surgir uma espécie de cinza,como das fornalhas,que logo cobriu o ar.Aquilo começou a cair sobre Oriac.E tumores e úlceras surgiram nos corpos dos gips,já que não estavam vacinados contra a epidemia.O povo começou a lamuriar e o rei chamou-nos ao palácio e nos deu sua palavra de que nos deixaria sair de suas terras,se deixássemos mulher e filhos.Não concordamos e voltamos aos volkanianos.
Novamente eles voltaram a agir.Usando-se de ondas sonoras,trouxeram milhares de gafanhotos,de Airis e Aibun, para a terra dos gips.Aquela nuvem por onde passavam destruia todas as suas plantações.Sifonem chamou-nos e mais uma vez prometeu-nos libertar todos os dujs.Mas quando os gafanhotos sumiram ele deixou de cumprir sua palavra.
Os volkanianos nos disseram que daí a três dias Jov faria o dia transformar-se em noite.No dia e hora marcados, perante o rei e sua corte,Semion levantou uma vara na direção de Los,a estrela amarela.Em minutos ela começou a ser tapada por uma sombra e pouco a pouco Los ia desaparecendo.O dia ficou escuro como noite e os gips apavorados pediam a Semion que interrompesse aquilo.E o rei prometeu-nos deixar saírmos de suas terras.Semion abaixou a vara e minutos depois aquela sombra foi se afastando, pouco a pouco, da estrela Los.E ela voltou a brilhar como antes.Fora um eclípse total de Los,já previsto pelos volkanianos,mas para os gips e dujs um milagre.
O rei,como das outras vezes,não deixou que partíssemos e os volkanianos tomaram um decisão extrema.Voltamos a ele e lhe dissemos que Jov mataria todos os primogênitos dos gips, se não nos deixasse partir.Mas o rei não cedeu.Os volkanianos estabeleceram regras para que seguíssemos,para que os primogênitos dos dujs não morressem.Um dia anterior mataríamos um cordeiro,ele seria assado e comido com pães ázimos e certas ervas amargas,mistag e jamita.O que sobrasse daquilo deveria ser queimado no dia seguinte.O sangue dos cordeiros mortos seriam aspergido pelos arcos e ombreiras de nossas casas,usando-se um feixe de hissôpos.Era o sinal para que o"destruidor"soubesse que alí morava um duj.E assim ele não entraria naquela casa para matar um duj.
Deduzi que o "destruidor" seriam minúsculas sondas biológicas,que deveriam atingir apenas os primogênitos dos gips.Usariam muitas delas,que estariam programadas para reconhecer as casas marcadas pelos sangues dos cordeiros.Então afastariam-se das residências dos dujs,assim diminuindo o trabalho delas,de penetrar em todas as casas.Somente entrariam nas casas não marcadas.Lá dentro a sonda,já programada,faria uma seleção física e biológica, daqueles que alí dormiam.Então após seleciona-los,o micro-computador calcularia as idades dos moradores e compararia seus adns.E assim ela atingiria apenas o primogênito,que,logicamente,seria a pessoa mais velha da casa ,depois de excluir o pai,mãe,avós,etc.,cujas as idades seriam superiores à dele.No caso de alí estar dormindo alguns dujs a sonda os detectaria,porque haviam comido das ervas amargas e escapariam da morte.E logicamente todas elas estavam programadas para matar o primogênito,usando alta voltagem ou outro processo qualquer.
Os volkanianos pensavam em tudo,para que os gips considerassem aquilo como um milagre em forma de castigo.
À noite, dezenas de sondas miniaturas estavam circulando por Oriac,matando todos os primogênitos dos gips.Uma matança para impor a força, a vontade dos volkanianos sobre o rei.De nada eu podia fazer,estava só e indefeso naquele mundo.Tinha de me limitar a ser apenas um espectador,do espetáculo mortífero que se desenrolava nessa noite.E assim aconteceu...
No dia seguinte,em quase todas as casas dos gips,choravam-se os primogênitos mortos,inclusive o filho do rei.E então ele nos chamou e,com voz entrecortada,disse:
-Saiam de nossas terras malditos dujs e levem com vocês Jov.
Saímos das terras dos gips levando rebanhos ,ouro ,prata e muitas vestes.Os dujs fizeram um saque completo em Oriac,já que todos os gips foram orientados pelo rei para presentear-nos.Seguimos pelo deserto ao longo do Mar Leverm.A nave dos volkanianos ia a nossa frente,voando a baixa altura.De dia assemelhava-se a uma nuvem e à noite a uma coluna de fogo,deixando os dujs maravilhados com sua visão.Aquilo nos dava moral,já que eu e Semion éramos agora seus líderes.
CAMINHADA PELO DESERTO
Mas os gips vendo que foram despojados,resolveram nos perseguir pelo deserto afora.Ao aproximarmos do mar Leverm,numa área de águas rasas,a nave dos volkanianos estacionou-se no espaço.Paramos e Semion foi ter com os volkanianos.Eles lhe disseram que esperasse o exercíto dos gips aproximar-se de nós.E quando estivessem a uma certa distância,as águas do mar se abririam para os lados e passaríamos por alí.Os gips nos seguiriam e seriam tragados pelas águas.Assim o fizemos, quando o exercíto dos gips aproximou-se, o mar se abriu e entramos por aquele caminho entre as águas.Os dujs ficaram maravilhados com o suposto milagre.Mas só eu e os volkanianos sabíamos que aquilo era obra de um campo de força.A nave havia emitido dois campos de força paralelos,que foram se abrindo.Formaram-se duas paredes de água.E atônitos os dujs viam as águas baterem nas paredes invisíveis dos campos de força,com muita violência,sem contudo uma gota siquer nos molhar.
Quando todos nós atravessamos, os gips estavam ainda no meio do caminho.Semion levantou a vara que tinha nas mãos,conforme o sinal já combinado com os volkanianos,e desligaram-se os campos de força.As águas voltaram a sua posição normal e tragaram todos os gips que alí estavam.A tecnologia tornava-se um milagre para aquele povo,que jamais esqueceria o feito de Jov.E tudo isso seria transmitido de geração em geração até o futuro distante.É claro que se os volkanianos quisessem eles poderiam usar os luzers contra os gips,mas eles queriam mostrar aos dujs seus poderes e usavam a tecnologia para fazer os supostos milagres.E realmente fora um espetáculo magnífico.Mesmo eu,acostumado à tecnologia,senti emoção quando caminhava por alí,enquanto as águas batiam furiosamente nos campos de forças,invisíveis.
Naquele dia houve uma grande festa no acampamento.As mulheres tomaram seus tamborins,cantaram e dançaram a noite toda.Só pudemos comer pães ázimos,não pudemos levedar a farinha que trouxemos,porque os gips não nos deram nenhuma dilação.Os volkanianos resolveram marcar aqueles dias na história dos dujs.Ditando-lhes leis a serem cumpridas.Instituiram que todos os anos,durante sete dias,comeríamos pães ázimos e que deveriam consagrar todos primogênitos a Jov, para que jamais esquecessem de quando sairam da terra dos gips.
No outro dia seguimos em frente para o deserto de Rus,chegando a Rama,um local onde todas as fontes de água eram amargas.Os dujs começaram a murmurar e a reclamar contra nós e Jov.Queixavam-se de que morreriam de sede naquele lugar.Fomos até os volkanianos e eles pediram-nos uma amostra da água.Analisaram-na e nos deram algunas cápsulas,para que atirássemos aquilo dentro das fontes.E assim o fizemos e minutos depois todas as fontes continham apenas água doce.Para Semion fora um milagre,mas para mim um reação química,já que as cápsulas estavam cheio de um preparado para neutralizar o amargo das águas.
Seguimos em frente até Mil e dalí ao deserto de Mis.Já havíamos caminhado muitos meses,com milhares de pessoas e os alimentos começaram a faltar.E novamente o povo,mal agradecido,começou a murmurar contra nós e Jov.Fomos até os volkanianos e explicamos o que estava acontecendo.E eles nos disseram que providenciariam alimentos para todos.Iriam jogar um alimento,que deram o nome de anam,durante seis dias,na semana.Mas aquilo não poderia ser guardado de um dia para o outro,pois apodreceria.Porém no sexto dia todos os dujs poderiam colhê-lo suficientemente para alimentarem-se no sétimo dia,que era de descanso.Voltamos ao acampamento e explicamos a todos o que aconteceria.Nesse momento a nave dos volkanianos saiu detrás de uma elevação e surgiu profusamente iluminada.Todos os dujs inclinaram-se na direção dela em sinal de respeito.Ela sobrevoou a região e desapareceu.
À tarde começaram aparecer milhares de codornizes no acampamento.E o povo começou abatê-las e se fartaram de comer carne,alguns até adoeceram..Eu deduzi que ele empregaram ondas sonoras para atraí-las,já que estávamos no período em que migravam em bandos inteiros de outras regiões.E cansavam-se durante a sua travessia do mar Leverm,podendo ser apanhadas facilmente.
No outro dia o solo apareceu qualhado de uma coisa miúda,de cor esbranquiçada.Era o Anam e todo o povo colheu aquele alimento,enchendo seus vasos de terracota.Ele tinha gosto de flor de farinha amassada com mel.Muitos dujs desrespeitando nossa ordem,já que fora estipulado um gomor por cabeça,colheram demais e o guardaram para o dia seguinte.No entanto aquilo amanheceu cheio de bichos e cheirava mal.
É claro que os volkanianos tinham feito um cálculo,tomando-se por base a o número de pessoas que levávamos,para produzir o alimento.Ao chegarmos ao sexto dia o povo colheu o suficiente para o dia seguinte.E ao amanhecer o anam estava perfeito,conservado como no dia anterior e podia ser comido.Eu tinha conhecido alguns vegetais da região e uma árvore chamada Tamarix produzia algo semelhante ao anam.Mas para a grande quantidade que os volkanianos estavam jogando aos dujs,deveriam estar fabricando algo semelhante,ajuntando-lhe vitaminas e proteínas.Já no sexto dia a composição era diferente e daí ele podia ser guardado para o dia seguinte.Nosso animais também forneciam-nos carne e leite.E assim os ânimos serenaram-se,já que os dujs estavam alimentados e tranquilizaram-se.
Continuamos a caminhar pelo deserto e chegamos a uma região chamada de Midif.Mas alí não havia muita água e logo o povo começou a reclamar.Os volkanianos disseram a Semion que fosse,de manhã, para a pedra de Beroh.Eles lhe entregaram uma nova vara e lhe ensinaram como usá-la.Ele devia apontá-la para um local marcado numa pedra e logo a água jorraria.Logo após seu uso deveria voltar à nave e devolvê-la.Voltamos e explicamos ao povo que no dia seguinte haveria água para todos.
Ao amanhecer todos os anciãos reuniram-se próximos à pedra de Beroh.Semion tomou a vara e apontou na direção de uma marca branca que havia numa pedra e nesse momento a água jorrou.Aos poucos um poço se formou alí e todos os dujs saudaram o suposto milagre.A vara de Semion nada mais era do que uma arma luzer.Um feixe de luzer atingiu um depósito subterrâneo de água, ela foi liberada e aflorou à superfície.Senti-me tentado a roubar aquela vara,pois com aquela arma poderia destruir os volkanianos e ficar com a nave.Mas Semion não a largava e ,se o fizesse, até mesmo o próprio povo iria contra mim.E além de tudo aquela nave não me levaria a outros sistemas planetários,pois era limitada apenas a vôos no espaço interior do planeta.Desisti do intento,eu deveria continuar dentro dos planos deles.Não tinha um lugar para onde ir sem que me caçassem.No entanto, eu gostaria de saber notícias do que acontecia em Flambion.
A vida corria tranquila no acampamento.O povo estava calmo,pois não faltavam alimentos ou água.Semion e eu conversávamos,quando ele foi chamado apressadamente por Gorak.Um animal havia machucado um garoto.Ele saiu rapidamente de minha tenda e deixou sua vara.Olhando-a notei que era outra,eles a trocaram.Passei a observá-la,porem sem a tocar.Pude notar que alí haviam minúsculos microfones e câmeras embutidos.Era um espião eletrônico entre nós,ainda bem que eu sempre desconfiava de que eles nos espionavam com sondas.Mas agora eu sabia que onde Semion estivesse, com aquela vara,eles estariam monitorando-nos.Pouco depois ele voltou e apanhou de volta a vara.
A nave dos volkanianos há muitos dias não era vista.Será que partiram ? Estávamos assentados em volta de uma fogueira,quando chegaram alguns homens apavorados e feridos.Contaram -nos que Celam atacou alguns dujs a quilômetros dalí.Semion chamou alguns homens e lhes disse que reunissem todos os guerreiros,para atacarmos Celam.
-Não poderemos vencê-los,são muitos.-exclamou Jor.
-Não se preocupe Jov estará conosco.-respondeu Semion.
Eles sairam e perguntei a Semion:
-Como Jov poderá nos ajudar se ele partiu ?
-Realmente ele partiu,mas os enviados deram-me esta vara e ensinaram-me a manejá-la.Quando eu a seguro com as duas mãos e aperto isso aqui,os homens perdem a razão.-respondeu-me.
-Mas se os nossos homens estiverem lutando eles também serão atingidos ?
-Não.Eles me ensinaram algo para protegê-los.Todos os nossos homens colocarão mechas de pano no ouvido,tapados com cera.Assim não ouvirão o grito de Jov.-completou Semion.
Deduzi logo que era uma arma de ultra-sons,de longo alcance,usando baterias atômicas.Sons fortíssimos, penetrariam nos ouvidos dos inimigos e eles ficariam atordoados.E aquilo afetaria até o seu raciocínio.Os volkanianos ensinaram a Semion como usá-la,bastando pressionar um botão,assim protegeria seu povo enquanto estivessem distantes.
Ao amanhecer subimos a um monte de onde podíamos contemplar o exército de Celam em posição de combate.Os guerreiros dujs,já com os ouvidos tapados,aguardavam nosso sinal de ataque.Semion levantou a vara com as duas mãos,na direção dos homens de Celam.Era o sinal para os dujs, que partiram céleres na direção deles.A arma de ultra-som foi acionada.Os homens de Celam levavam às mãos aos ouvidos procurando tapá-los.Desciam de seus animais,jogavam as armas ao chão procurando fugir daquele som que os atormentava.Enquanto isso nossos homens os matavam sem piedade.Quando Semion ficava cansado de segurar a vara eu e Mareb lhe sustentávamos os braços naquela posição.Quando derrotamos o exército de Celam, Semion abaixou a vara de ultra-sons,desligando-a.E mais uma vez a tecnologia foi vista como milagre,impressionando esse povo simples e contribuindo para ganharmos uma batalha.
Ortej,sogro de Semion,veio nos visitar e juntos trocamos idéias,no sentido de que devíamos dividir um pouco de nossos deveres para com outros dujs.Semion e eu não poderíamos sózinhos julgar os desentendimentos que surgiam entre o povo e ministrar ensinamentos.Resolvemos escolher,dentre os homens mais leais,alguns que seriam nomeados juízes.Assim dividiríamos em grupos todo o povo que estava alí.Eles julgariam as questões mais simples e as mais graves seriam trazidas a nós.E assim foi feito.Escolhemos 50 homens e comunicamos seus nomes ao povo,dividindo-os pelos acampamentos.Dessa maneira eu e Semion pudemos descansar um pouco dos problemas,algumas vezes fúteis,que eram trazidos diáriamente a nós pelos dujs.
UMA FANTÁSTICA APARIÇÃO DE JOV.
Continuamos a nos mover no deserto e paramos próximos ao monte Ianis.A nave de observação dos volkanianos tinha voltado.Semion foi ter com eles e ao voltar me disse que Jov faria uma grande aparição no topo do monte.Ele reuniu o povo e lhes disse que Jov faria deles uma grande nação e no terceiro dia ele desceria no topo do monte Ianis.No entanto era preciso que o povo se preparasse para ver sua aparição maior.Todos deveriam lavar suas vestes e banharem-se.Os volkanianos ordenaram que colocássemos sinais ao redor do monte,para que o povo os respeitasse e não os ultrapassasse.Caso contrário seriam mortos.Não poderiam tocar a base do monte ,enquanto uma busina não fosse tocada.
Deduzi que uma espaçonave faria uma descida alí.Seria uma espaçonave-mãe,como chamávamos as que usávamos para voar de um sistema a outro,levando a bordo outras naves menores.Semelhantes as que os volkanianos utilizavam-se aqui,apropriadas apenas para incursões no espaço interior do planeta.No momento de sua descida o monte inteiro seria tomado por eletricidade e poderia eletrocutar qualquer ser vivo que o tocasse.E isso se estenderia por alguns minutos até que os motores fotomagnéticos fossem desligados totalmente.E realmente será uma visão da qual jamais o dujs se esquecerão.Pois se uma simples nave de observação já os maravilhava,o que não irão pensar de uma espaçonave.
O terceiro dia chegou,a manhã estava linda e o céu azul sem nuvens.De repente ouvimos estrondos como trovões e vimos clarões como relâmpagos.Aproximava-se a espaçonave e o barulho ensurdecedor,era como o soar de muitas trombetas,ecoando por toda a região.Uma nuvem densíssima cobriu o monte.O povo amedrontado foi conduzido por Semion para fora do acampamento.Todos os dujs cheios de pavor e admiração presenciavam a aparição.A espaçonave profusamente iluminada baixava sobre o monte Ianis,que fumegava e no meio de chamas ela descia lentamente.O fumo,da vegetação queimada pelos foguetes de frenagem ,subia como se fosse de uma fornalha e tudo aquilo incutia pavor nos dujs.O barulho dos motores tornavam-se cada vez mais forte,para em seguida diminuir-se.O barulho cessou e a espaçonave havia pousado.Por quase uma hora a fumaça rondou o monte Ianis e pouco a pouco dissipou.De repente um barulho como de uma buzina soou e uma voz se fez ouvir,por um potente sistema de som,por todos o acampamento:
-Povo duj.Eu sou Jov,estou junto de vós e farei dos dujs uma grande nação,que dominará todas as terras e povos deste mundo.No entanto é preciso que sigam meus ensinamentos,não se misturem aos outros povos e não cultuem outros deuses.Ordeno que suba ao monte o meu protegido,Semion, e que ninguém atreva a seguí-lo,porque aquele que o fizer será morto.-falou a voz de um volkaniano.
Sesion subiu ao monte Ianis e ficou lá por algumas horas.Voltou dizendo que eu deveria subir com ele.Os sacerdotes poderiam ir até o limite estabelecido ao redor do monte,para contemplar Jov no cume.Subi junto de Semion e minhas batidas cardíacas aumentaram-se,novamente eu estaria frente a frente com os volkanianos.Eram inimigos seculares de meu povo e escravizaram meu mundo.Mas tinha de agir assim se quisesse sobreviver.Eles jamais me reconheceriam,eu havia me tornado um perfeito duj.
Chegamos ao topo do monte e a visão da espaçonave surgiu à nossa frente.Semion colocou os joelhos em terra e inclinou a cabeça,fazendo uma reverência a Jov e eu fiz o mesmo.Ela era discóide,de cor cinza,com varios suportes de aterrissagem em forma de hastes,repleta de vigias,grandes janelas e no alto uma grande cúpula transparente.Teria em torno de 150 metros de diâmetro,por uns 50 m de altura.Era uma espaçonave interestelar de última geração,movida por motores fotomagnéticos.Ela faria inveja a qualquer habitante de planetas evoluídos, que situam-se em nossa galáxia.Alguns volkanianos estavam em terra e um deles veio em nossa direção.Fizemos ao enviado a reverência de praxe.E ele disse em língua duj:
-Sigam-me.Jov vai conversar com vocês.
Levitamos até uma porta de entrada,através dos feixes gravitacionais.Semion ficou maravilhado ao se ver alçado a uns 10 metros de altura, sem que nada visse por baixo de seus pés.Eu também fingi estar apreensivo,pois não podia demonstrar que conhecia aquilo.Uma porta se abriu,entramos e o volkaniano nos deixou.Era uma sala profusamente iluminada e sem janelas ou móveis.A porta se fechou e ficamos alí de pé.Uma voz se fez ouvir:
-Eu vos tirei das mãos dos gips e vos salvei de muitos outros povos que desejavam vos oprimir.Vós sois os meus representantes perante o povo duj.Ditarei minhas leis,que terão de ser cumpridas por todos,para que sejam protegidos por mim.
Os volkanianos deixaram-nos a sós para que ficássemos mais impressionados.Queriam nos dar a impressão de que era Jov quem falava,já que o som saia das paredes da sala aonde estávamos.Era um plano bem arquitetado e que realmente surtia efeito num duj.
-Deveis me amar sobre todas as coisas;não fareis imagens ou esculturas para adorar;não chamareis o meu nome em vão;honrareis teu pai e tua mãe;não matareis o seu semelhante;não roubareis o seu semelhante;não prestareis falso testemunho;não cobiçareis o que pertence ao teu próximo;respeitareis o dia de sábado que será para descanso.falou a voz de um volkaniano.
Ele continou a nos dizer, em minúcias,todas as leis que devíamos seguir.Percebi que pela primeira vez estavam cumprindo o que estabelecia o código do antigo Conselho Galáctico,que foi exterminado por eles.Transmitiam aos dujs as regras básicas para se viver em sociedade,noções de moral e justiça e a crença em um Deus,Espiritual.Faziam exatamente o que todos os povos de planetas evoluídos fizeram com habitantes de mundos em estágio primário de evolução.Futuramente os dujs criariam códigos para suas próprias leis e métodos para se cumprí-las.Dessa maneira os habitantes do planeta Azul não necessitariam mais interferências alienígenas.Por que os volkanianos agiam assim ? Fiquei intrigado!Talvez por terem dominado centenas de mundos na galáxias,isso estava escapando de seu controle.E assim prefeririam ter mundos aliados do que subjugados.
No entanto, o fato de deixarem os dujs considerarem uma espaçonave como o próprio "Criador" era válido,até um certo ponto .O povo duj jamais compreenderia se eles dissessem o que era uma espaçonave interestelar,quem eram e de onde vieram.Mas se o faziam dessa maneira eles tinham um objetivo para o futuro,quando o planeta fosse inteiramente dominado pelos dujs,explorariam esse mundo através deles.Mas por serem considerados deuses pelos dujs,facilitava o trabalho deles para impor seus ensinamentos,a esse povo em estágio primário de evolução.
Já era noite quando descemos do monte e ao chegarmos escrevemos tudo que ouvimos na espaçonave.No outro dia cedo reunimos os sacerdotes e Semion repetiu-lhes tudo que Jov dissera.E pediu-lhes para divulgar ao povo as leis ditadas por Jov.Ao pé do monte fizemos um altar e levantamos doze colunas de pedras,simbolizando a divisão do povo duj em 12 tribos.Semion e eu escolhemos alguns jovens para preparar oferendas a Jov e seus enviados.Os alimentos foram preparados dentro do ritual ditado por eles,que nada mais era do que uma higiene perfeita.
Na frente do altar Semion leu para o povo o livro da aliança entre os dujs e Jov.Logo em seguida convidou os sacerdotes para subirem ao monte,até um certo limite,para contemplarem Jov e levar as oferendas.Subimos ao monte e os dujs ficaram maravilhados.Badan chegou até a mim e disse:
-Como são grandes os pés de Jov.
Ele se referia às hastes de aterrissagem.Quanto ao corpo da nave e a cúpula transparente,os dujs diziam que era um pavimento de safiras,límpido como um céu sereno.Seguindo o ritual,comemos das oferendas e bebemos.Nenhum volkaniano estava de fora da espaçonave,não queriam ser vistos pelos sacerdotes.As oferendas foram deixadas próximas da nave e descemos do monte.Ninguém além de nós e os sacerdotes subira ao monte.O povo ficou lá em baixo,respeitando os limites impostos por Jov.
Amanhecia e novamente a voz de um volkaniano fez se ouvir pelos acampamentos,através do sistema de som da espaçonave.
-Semion e Aram devem subir até o monte e lhes darei as leis e mandamentos que dujs terão de cumprir,escrevendo-as em tábuas de pedra.Eles ficarão aqui durante alguns dias.Como chefe dos dujs,até que voltem,ficará Jor,o sacerdote.Todos deverão obedecer-lhe,esse é o desejo de Jov.
Saímos em direção ao monte Ainis e lá no topo a espaçonave assemelhava-se a uma nuvem,pois era de cor clara.No entanto à noite era vista com seus sistemas de iluminação ligados,daí tinha a aparência de um fogo ardente.Naquele momento eu fazia parte dos dujs.Senti que devia esquecer minha origem e participar da evolução deles.Pois os volkanianos mostravam-se bem intencionados em evoluir o povo duj,apesar das muitas riquezas que extrairão desse mundo...
A DOUTRINA DOS VOLKANIANOS
Sentados ao redor de uma grande mesa estavam varios volkanianos.Sobre ela viam-se diversas maquetes de vasos,mesas e outros objetos.Eles nos convidaram a sentar e como Semiom fingi ficar indeciso fazer o que que nos mandavam.Eu não podia demonstrar a eles que conhecia cadeiras gravitacionais.Um deles tocou nos controles digitais da mesa e logo dois assentos pairaram a uns 45 cm do solo e nos fizeram um sinal para assentar. Mesmo assim Semiom ficou com medo de assentar-se ali e o fez com cuidado e eu o imitei.
-Estão aqui para fazerem o que Jov ordenou.Terão de construir uma tenda especial para ele, de acordo com o que lhes mostraremos. Olhem para ali.disse apontando-nos uma imagem que surgiu na parede.Era uma projeção holográfica.
Imagens da tenda especial foram surgindo,enquanto o volkaniano nos explicava como construí-la.Ela seria dividida em três partes.A primeira seria um pátio,cercado com armações de madeira,cobertas com peles,de pé,formando um retângulo de 100 m de comprimento por 50 m de lado.Dentro dele se construiria a tenda.Ela teria uma divisão onde se colocaria uma arca e outros objetos e na outra um altar,uma mesa,candelabros,etc..A tenda teria traves,travessas e colunas e seria coberta por peles de cabra,nos lados e em cima,tudo em dupla cobertura.E alí se colocariam ricas tapeçarias e cortinas separariam as dependências.Teria as medidas de 30 m de comprimento por 15 de largura.De fora da tenda ficariam uma bacia e um altar para holocáustos,que seria revestido de cobre,onde todos os dujs poderiam fazer sacrifícios,lavarem-se e purificarem-se.E tudo isso deveria ser construido de maneira fácil de se montar e desmontar,para se transportar.
A seguir surgiu a imagem da arca e um deles começou a falar como fazê-la e quais os materiais empregados.Deveríamos usar madeira de acácia e revesti-la com ouro por dentro e por fora. Ela teria duas argolas de cada lado e se fariam dois varais de acácia,também cobertos de ouro,para carregá-la.Suas dimensões seriam 1,30 m de comprimento por 78 cm de altura e largura. Semiom estava maravilhado pois jamais tinha visto algo semelhante,como a projeção holográfica. E eles continuaram a nos mostrar o que fazer. Teríamos que fazer dois objetos semelhantes à uma nave discóide, que seriam colocados em cima da arca, um de cada lado.Construiríamos também um propiciatório,uma lámina de ouro puríssimo, para ser colocado no meio das estátuetas das naves.E abaixo deles ficaria o oráculo, que, segundo explicaram, era por onde Jov falaria conosco e nos ouviria, quando necessitasse.
Logo deduzi que a arca encerraria um equipamento armazenador de eletricidade e as duas representações da nave captadores de energia estelar,oriunda da estrela Los.Tudo aquilo serviria para a instalação de um sistema de comunicação,o oráculo.Através dele se transmitirão e receberão mensagens e tudo isso estará acoplado a um computador vocal,devidamente programado.Ele resolverá os problemas quando os volkanianos não estiverem aqui. Quanto aos varais para carregar a arca logo deduzi que seriam para a proteção das pessoas que a carregassem. Assim estariam protegidas de choques elétricos que poderão matar quem a tocar.Atraves das varas e das pessoas que as segurarem, se fará uma descarga elétrica para a terra. Pediram-nos também para fazer uma mesa de acácia e nela colocar as mesmas argolas nos quatro lados, para ser carregada por varais de ouro, semelhantes aos citados.
Surgiram também imagens para a construção de um candelabro de ouro composto de 6 braços e um no meio ,sete lâmpadas, que logo calculei fazer parte do equipamento captador de energia estelar.Além disso deveremos fazer pratos, copos, turíbulos e taças de ouro puríssimo.A seguir mostraram-nos as maquetes de tudo o que vimos na tela,que posteriormente seriam entregues a Semion,para que os artistas dujs fizessem os objetos semelhantes aos modelos..
-Deverão fazer vestes adequadas para servir a Jov e uma especial para Aram e Semion. Somente usarão vestes sagrados Jor, Badan, Baui, Razal e Ramat, que são seus homens de confiança. disse um volkaniano.
As imagens relativas às roupas,que surgiram na tela, eram compostas de uma túnica, sobreveste, coletes para frente e atras.Uma tiara de pano para a cabeça, faixa, um peitoral com diversas pedras preciosas engastadas.No peitoral disseram que seriam colocados o tummim e arim,através deles Semion falaria com Jov.Deduzi serem aparelhos de comunicação.A seguir deveríamos fazer uma lámina de ouro para se colocar na testa.Nela seriam escritos os 12 nomes das tribos dos dujs.Por baixo do manto,na barra,teríamos que colocar romãs de púrpura e campainhas de ouro, alternadas.Fiquei curioso quanto às campainhas e perguntei-lhes para que serviriam.
-Para que se ouça o som delas, quando qualquer um de vocês entrar no santuário ou sair dele.Pois do contrário morrerão.-respondeu o volkaniano.
Logo deduzi que haveria um sistema de segurança na sala principal da tenda especial.Ele seria desativado quando o computador captasse sons de campainhas ou seria desligado por eles.Caso contrário o sistema de segurança estaria ativado e,logicamente,a pessoa que alí entrasse seria atingida por feixes de luzers.Além disso, aquelas campainhas serviriam também para quando eles ouvissem seus sons,saberiam que alguém estava entrando na tenda.E assim preservariam sua intimidade dentro dela.Já que não desejavam ser vistos portando-se como seres normais e sim enviados de Jov.
Já haviam passado varios dias em que estávamos na espaçonave.Foram ditadas leis relativas à liberdade e a vida,com relação aos escravos,casamentos,crimes,propriedades,danos causados a outrem e punições para aqueles que as infringirem.Falaram-nos também para que instruíssemos ao povo para plantar durante 6 anos e deixar a terra descansar no sétimo.
Fomos instruidos também como fazer e usar os altares para holocáustos e queima de incensos,bacias e outros utensílios.Tudo aquilo fazia parte de um sistema de higiene perfeita para uso dos sacerdotes.Estabeleceram o pagamento de um tributo a cada jud,para a manutenção da tenda especial,que seria de meio ciclo de prata.A seguir falaram sobre o perfume sagrado e óleos que teriam de ser usados nos rituais.E pelas essências utilizadas,mirra,cinamono,cássia e outras plantas odoríferas, logo deduzi que eram perfumes e desinfetantes.E só podiam ser usados dentro da tenda especial,por nós,os sacerdotes.É claro que os volkanianos tinham medo de contrair as doenças que se alastravam no povo duj.
Um volkaniano entrou apressadamente na sala e disse:
-O povo jud está impaciente e até fundiram um bezerro de ouro e o estão adorando.
-Seu povo não aprende Semion.Temos que lhes dar uma lição e destrui-los.Porque não confiam em Jov.-disse o chefe deles.
-Deixe-me descer e eu os controlarei.disse Semion
-Pois bem. Você é o líder,desça e os faça ver a verdade.-ordenou o volkaniano.
Saímos da nave e descemos o monte.Semion trazia em suas mãos duas tábuas de pedra,onde foram escritos , por feixes de luzer,os 10 princípios de justiça,moral e vivência em sociedade.As leis sagradas dos dujs.Chegamos ao pé do monte e de longe já escutávamos gritos e cantoria do povo.Uma verdadeira orgia reinava nos acampamentos,muitos embriagados e despidos.Semion indignado com o que faziam, jogou as duas tábuas de pedra no solo e estas se quebraram.Nesse momento muita gente se virou para ele.Jor aproximou-se e ele lhe perguntou:
-Como deixou que o povo fizesse esta ofensa a Jov?
-Todos estavam insatisfeitos e pediram-me para fazer um bezerro de ouro para adorá-lo. Não pude evitar porque senão me matariam.-respondeu Jov.
Semion tomou o bezerro e o atirou com força a uma pedra quebrando-o.E gritou:
-Como castigo por essa blasfêmia a Jov, aqueles que o fizeram terão de purificarem-se.
Mandou que apanhassem os pedaços do bezerro quebrado e jogou-os numa vasilha com água.
-Aproximai aqueles que blasfemaram contra Jov e bebam dessa água.-disse Semion aos gritos.
Maurs,Jem ,Tinam,Burus e Jefal aproximaram-se e tomaram a vasilha e beberam da água.Mas Malur,que chefiava alguns homens,se rebelou contra Semion.
-Quem estiver com Jov que se reuna a mim.-disse Semion.
Uma multidão logo nos rodeou e os homens desembainharam suas adagas e espadas.
-Matem o seu irmão ou seu amigo se ele estiver contra Jov.Que não sobre nenhum renegado.gritou Semion.
Nesse instante uma intensa luta irrompeu pelos acampamentos.Corpos feridos misturavam-se aos mortos e gritos de horror eram ouvidos.Mas a batalha durou pouco tempo, os homens que apoiavam Semion eram maioria absoluta.Passaram a fio de espada todos os chefiados por Malur.Naquele dia morreram 300 dujs renegados e seus corpos se estendiam por toda a parte e o sangue cobria o solo.Semion ordenou que fossem levados para fora do acampamento e enterrados no deserto.Senti-me triste por não poder fazer nada para evitar tudo aquilo.Uma matança inútil por divergência de crenças religiosas.Crenças que não levavam ao verdadeiro Criador ,que é sinônimo de paz e amor,mas a cultos primitivos.Até meus ancestrais em Flambion haviam passado por lutas semelhantes.Era a evolução do ser inteligente,de primitivo a cósmico.
NOSSA VIDA NO DESERTO.
Tudo que os volkanianos pediram foi feito.A tenda especial para Jov foi construída e de acordo com as maquetes,além dos utensílios necessários para o culto.Os volkanianos já tinham instalados os equipamentos eletrônicos na arca,em segredo.Pois quando desciam ao solo e entravam na sala tenda,ficavam protegidos por cortinas.Jov nos guiaria pelo deserto até a terra prometida.Logo deduzi que a espaçonave voltaria a Volkan e alí ficaria apenas uma nave pesquisadora,com alguns tripulantes.Daí a necessidade de se construir uma tenda especial,era a maneira que encontraram para aquele povo seguir seus ensinamentos.Assim os volkanianos estariam sempre presentes aonde estivesse o povo duj,podendo intervir a qualquer momento.Pois sabiam que situações embaraçosas surgiriam,já que iríamos penetrar em terras habitadas por outros povos.Semion subiu ao monte Ianis e horas depois desceu com duas tábuas de pedras,onde estavam escritos, em língua duj,os dez princípios de moral e justiça que regeriam esse povo.
Ele me disse que o grande Jov iria partir e que eles lhe permitiram vê-lo.Na realidade ele queria ver a espaçonave funcionando e fiquei imaginando como veria isto.
O ronco dos motores da espaçonave estremeceu toda a região e ela partiu célere rumo ao cosmo.Horas depois Semion desceu do monte e tinha uma resplandescência sobre seu rosto.Deduzi que era uma substância química que haviam passado em seu rosto para proteger a pele,do calor emitido pela nave.E logicamente ele deve ter usado um traje especial,luvas e visores escuros para vê-la levantando vôo.
A tenda especial,já montada,recebeu a visita da pequena nave que pairando sobre ela.E emitiu um facho de luz tão intenso que Semion não ousou entrar alí.Todo o local ficou coberto por uma luminosidade fantástica.E os volkanianos desceram para a sala especial,sem que pudéssemos vê-los,para instalar os equipamentos.
Seguimos nossa caminhada pelo deserto.Um sinal foi combinado entre os volkanianos e nós.Quando queriam que seguíssemos em frente a nave levantaria vôo e afastaria da tenda especial.Quando devíamos parar para descansar ela pairaria sobre um local e alí seria armada a tenda.De dia ela assemelhava-se a uma nuvem para os dujs,pois era discóide e acinzentada . À noite tinha a forma de uma chama,pois apresentava-se toda iluminada.
Todos nós,os sacerdotes,tínhamos que nos lavar e higienizar todos os utensílios,ornamentos e nossas roupas com os preparados químicos,os óleos,perfumes e água sagrados.Os turíbulos queimariam incenso,um desinfetante em forma de fumaça.Tão logo a nave pairava sobre a tenda,tínhamos de providenciar oferendas,sob forma de alimentos,que eram preparados num ritual sagrado,que nada mais era do que uma perfeita higiene.Os melhores animais eram escolhidos e a melhor parte de suas carnes eram preparadas para os volkanianos.E todos nós tínhamos de comer daqueles animais,primeiramente,pois assim eles estariam seguros de que aquilo não estava envenenado.As partes não aproveitáveis dos animais eram destruídas por feixes de luzer,vindos da nave.E isso aos olhos dos dujs era um fogo que vinha de Jov.
Conversávamos na tenda de Semion quando Jor surgiu correndo.Ele parou ofegante e disse:
-Badan e Iba estão indo para a tenda de Jov.Vão oferecer-lhe incenso.
Saímos correndo,pois sabíamos do perigo que corriam.Quando chegamos a entrada da tenda vimos um facho luminoso atingir em cheio os corpos de Badan e Iba.Eles cairam mortos,sendo atingidos por uma carga de luzer.Eu e Semion vestimos nossas roupas especiais e o computador ouvindo o tintilar dos sinos em suas barras,desligou o sistema de defesa.Entramos e recolhemos os corpos de Badan e Iba e pedimos aos outros que os enterrassem.Semion reuniu o povo e falou-lhes do castigo que os dois receberam ao tentar entrar na tenda de Jov.E que aquilo não se repetisse,pois os que o fizessem seriam mortos.Aos sacerdotes escolhidos para entrar na ante-sala,disse-lhes que jamais se descuidassem de vestir a roupa completa e seguissem todo o ritual programado.Deveriam lavar-se e ungir seus corpos com os óleos sagrados.E que jamais bebessem vinho ou outra bebida qualquer antes de entrar alí.
Passamos a ensinar os dujs tudo que os volkanianos nos ditaram,quando estívemos na espaçonave.Falávamos sobre os animais que podiam ser comidos,já que antes eles comiam qualquer um.Uma lista extensa de animais proibidos,como o camelo,o coelho e a lebre,que não tem unha fendida,mas ruminam.O porco que tem a unha fendida,mas não rumina,também era proibido se comer.Na realidade eram animais cuja carne não faria bem aos habitantes daquela região quente e outros por medidas higiénicas.Expusemos também uma lista extensa de animais aquáticos,sendo permitidos comerem apenas os que possuiam barbatanas e escamas.Quanto às aves foram proibidos:o falcão,águia,milhafre,abutre,corvo,avestruz,coruja,açor,mocho,gaivota,íbis,cisne,pelicano,cegonha,,garça e a poupa,incluindo-se o morcego.No tocante aos insetos alados explicamo-lhes que só poderiam comer os gafanhotos e grilos e jamais os que possuiam apenas 4 patas.
Ensinamos que não se podia tocar em cadáveres de animais,pois ficariam impuros.Na realidade para evitar-se a contamição de micróbios.E nunca comer a carne de um animal que fosse encontrado morto.E aquele que tivesse contato com cadáveres de pessoas,também deveria se purificar,lavando-se e também as suas vestes.
Falamos sobre a higiene na menstruação das mulheres e no parto.Explicamos também sobre o período em que as parturientes deveriam se purificar,após o nascimento dos filhos.E durante esse tempo não poderiam se aproximar da tenda especial ou tocar nada que fosse considerado sagrado.Como não haviam sanitários nos acampamentos,ensinamos que no ato de defecar deveriam tomar uma varinha e com ela fazer um buraco no solo.E alí depositariam suas fezes e depois o tapariam.E que deveriam cumprir a lei de descansar no sétimo dia,após os seis de trabalho.E assim seguíamos deserto afora,sendo guiados pela nave dos volkanianos.
Diversas festas foram introduzidas pelos volkanianos, para o povo duj.E assim o primeiro dia do sétimo mês seria santo,ninguém poderia trabalhar.No dia dez do mesmo mês todos os dujs teriam que oferecer um holocáusto a Jov e confessar suas faltas,seria o dia da expiação.E do dia em diante deveríamos realizar 8 dias de festa,sendo que o primeiro e oitavo seriam de repousos
Um dos sacerdotes aproximou-se de mim e disse que um jovem de nome Mir havia brigado com outro.E Mir tinha amaldiçoado o nome de Jov,gritando contra ele aos quatro ventos.Foi preso e eles aguardavam a minha decisão.Eu lhe disse para trazer o jovem.E fui a tenda especial consultar o oráculo,não queria ter aquela decisão em minhas mãos.Vesti a roupa especial e entrei na sala.Aproximei-me da arca e narrei o que acontecera ao oráculo,que nada mais era do que um sistema de som,acoplado a um computador.E logo uma voz sintetizada se fez ouvir:
-Se alguém blasfemou contra Jov deve morrer.Levai-o para fora do acampamento e o apedrejai,esta é a lei.
Não tive outra escolha,mandei que levassem Mir e que o povo o apedrejasse por ter blasfemado contra Jov.Fiquei chateado todo o dia,mas estava dentro do sistema dos volkanianos e não podia deixar de cumprir suas exigências.Pois do contrário quem morreria seria eu.Eles usavam supostos milagres tecnológicos para impor nos dujs seus ensinamentos,mas se não conseguiam faziam uso da força,matando aqueles que se opunham a eles.Eu não concordava com issso,mas tinha de obedecer.
Aos primeiros albores da madrugada, a nave afastou-se da tenda especial.Era o sinal para partirmos.E logo todos se prepararam para desmanchar suas tendas.A tenda especial era desmanchada por uma equipe escolhida pelos sacerdotes.E só eles podiam tocar e ver os utensílios utilizados lá dentro.Tudo isso era feito em segredo e coberto com peles para o transporte,dentro de um ritual tido como sagrado.
Viajamos por cerca de um dia e meio e então a nave se deteve.Era o sinal para acamparmos alí.E assim seguíamos rumo a terra prometida por Jov.Aos poucos fomos organizando-nos e fizemos duas trombetas de prata,que serviam para chamar o povo.Se fossem soadas uma vez somente, os sacerdotes se reuniriam na tenda especial,duas vezes era o sinal para que o povo se aproximasse.Criamos também outros sinais,para dar a partida de determinados grupos,tomando-se como base a posição dos acampamentos pelos pontos cardeais.
Estávamos acampados no deserto de Naraf e o povo estava cansado da viagem.Muitos passaram a murmurar contra Jov alguns organizavam-se em grupos de renegados.Levamos a notícia ao conhecimento dos volkanianos e eles então atacaram suas tendas com feixes de luzer.Fizeram uma incursão sobre o acampamento e o fogo devorou uma extremidade dele,queimando muitas tendas.Novamente pela força intimidaram os dujs.
Maton e seu escravo Fij vieram a nossa presença para resolvermos um problema.
-Meu escravo Fij está comigo há sete anos e devo libertá-lo de acordo com a lei.
-Sim,está correto.disse Semion.
-Mas ele quer levar mulher e filhos e segundo a lei eles me pertencem.disse Maton.
-Está certo.E se você Fij quiser ficar junto de sua mulher e seus filhos,deverá permanecer escravo para sempre.Esta é lei de Jov.-disse Semion.
-Então não quero minha liberdade,pois amo minha mulher e meus filhos.disse o escravo.
-Que se faça o que estabelece a lei.disse Semion.
Maton encostou a cabeça do escravo numa madeira que sustentava a tenda e lhe furou a orelha com uma sovela.Era o costume duj,significando uma união estreita entre o escravo e a casa que pertencia.
Todos continuavam insatisfeitos e fatigados por aquela viagem incessante.Eroc,Nadat e Noriba revoltaram-se contra Semion.Eles queriam liderar o povo e vieram a nossa presença dizendo que mais de 250 homens estavam com eles.Levamos o problema aos volkanianos e pediram a Semion que entrasse na sala principal.Alí ele ficou alguns minutos e quando voltou,me disse:
-Já está tudo resolvido,eles serão castigados por Jov.
Fiquei curioso para saber o que aconteceria.No entanto eu já previa novas mortes.Amanheceu e Semion mandou que tocassem as trombetas duas vezes.Era o sinal para o povo aproximar-se da tenda especial.Pouco a pouco foram chegando os dujs,no entanto os que se rebelaram permaneceram à porta de suas tendas.A nave que alí pairava acendeu todas as suas luzes.E Semion dirigiu-se a todos:
-Eroc,Nadat e Noriba disseram que devem ser os legítimos dirigentes do povo duj.Aqui estamos reunidos porque Jov vai apontar aqueles que devem dirigí-los.Que Eroc reuna os seus 250 homens e ofereçam incenso,em seus turíbulos,a Jov.No entanto se os homens que estão contra mim morrerem de morte ordinária, é um sinal de que não sou o líder de vocês.Mas se morrerem de modo que a terra os trague a todos é o sinal de que blasfemaram e são culpados.
Eu logo calculei que algo terrível estava para acontecer.Eroc e seus 250 seguidores postaram-se a um lado da tenda especial.Nadat,Noriba e seus familiares estavam às portas de suas tendas.
-Afastem-se todos vocês,das tendas dos renegados e não toqueis em nada que lhes pertença,para que não morram também.Pois eles serão tragados pela terra.bradou Semion,levantando os braços.
Nesse instante ouviram-se diversas explosões e a terra pareceu abrir-se,no locais aonde situavam-se as tendas dos renegados.Seus corpos dilacerados jaziam misturados na terra que os cobriu.Deduzi que bombas de controle remoto foram colocadas nas suas tendas,à noite, por Semion ou algum volkaniano e ativadas naquele momento.Mas, no mesmo instante,em que aquilo acontecia feixes de luzers atingiram em cheio Eroc e os duzentos e cinquenta homens que portavam turíbulos.Seus corpos cairam ao chão,carbonizados pelos luzers.Um cheiro de carne queimada impregnou todo o acampamento e duzentos e cinquenta e um dujs permaneciam inertes no solo.Fiquei horrorizado com aquilo,vendo pessoas serem mortas simplesmente para que os volkanianos pudessem impor aos dujs suas leis.Mas nada podia fazer,estava impotente contra tudo.
O terror tomou conta do acampamento e o povo apavorado afastou-se da tenda de Jov.Semion mandou que Razael apanhasse no meio dos corpos os turíbulos de bronze.E lhe disse que com eles fizesse láminas para usar no altar.Assim todos se lembrariam do dia em que Jov destruiu os renegados.Quanto tudo cessou,Semion pediu que retirassem os corpos e os enterrassem bem longe do acampamento.
Por ordem de Semion foram feitas 12 varas e em cada uma dela se escreveu um nome,o meu estava numa delas.Semion disse que elas seriam colocadas perto da arca e no outro dia recolhidas.Na que nascessem brotos,o nome que estava alí seria do seu substituto ou seu auxiliar.No outro dia as varas foram recolhidas e em presença do povo foram mostradas.Somente uma tinha brotos e saiam flores.E era exatamente a que tinha o meu nome.Os volkanianos tinham me escolhido para ajudar Semion a chefiar os dujs.E logo deduzi que eles a tinham trocado por uma que tinha brotos e nela escreveram meu nome.A vara foi levada para a sala principal e deixada alí,para que todos se lembrassem disto.
A partir daquele dia trágico para muitos dujs,parentes dos renegados,ninguém ousava aproximar-se da tenda especial,a não ser quando chamados pelas trombetas.Mas eu não me sentia bem com tanto morticínio inútil,pois já tinha certeza de que o plano dos volkanianos não iria surtir efeito com aquele povo.
A MORTE DE SEMION
Continuamos nossa caminhada pelo deserto e chegamos a Nis. Ali a a nave estacionou-se e armamos o acampamento. A água era pouca e logo o povo começou a reclamar e surgiram dissidências. Fomos à presença dos volkanianos e ordenaram a Semion que na manhã seguinte reunisse o povo, no local aonde a nave estaria pairando. E apontasse a vara para um sinal numa pedra e dela a água jorraria. No outro dia eu e Semion seguimos para lá, acompanhados pelo povo. Ele parou próximo a uma pedra e apontou a vara na sua direção e desferiu um feixe de luzer,por duas vezes seguidas,na pedra e a água vagarosamente começou a aflorar à superfície, para em seguida surgir abundantemente.O feixe de luzer abrira um buraco diretamente na nascente.O povo saudou com alegria a aparição da água e logo começou cavar ao redor, para fazer um poço. Porém os volkanianos repreenderam Semion, porque ele atirara duas vezes na rocha e sua ordem fora para fazê-lo apenas uma só vez.Preocupavam-se com pequenos detalhes.
Semion convocou-me para ir a tenda especial,pois teríamos de julgar uma mulher adúltera.Fomos e minutos depois o esposo trouxe a mulher até nós.Ele explicou-nos que ela o estava traindo.E segundo a lei ela teria que passar pelo o ritual das "Águas da Maldição".Esse sacrifício consistia em dar a mulher uma vasilha para que bebesse a água que ela continha.Se a mulher estivesse dizendo a verdade ela não morreria,caso contrário cairia morta,alí à nossa frente.Semion passou a inquirir o esposo:
-Você encontrou sua mulher com outro homem ?
-Sim.Eu os encontrei fazendo sexo na minha tenda.E ele ao ver-me fugiu.
-E você Mirane,confirma o que seu esposo diz ?
-Não.Ele está mentindo.Não é verdade.respondeu a mulher em prantos.
-Você vai tomar a Água da Maldição e se tiver mentindo morrerá.disse Semion.
-Não preciso tomar dessa água,eu não estou mentindo.respondeu agressivamente Mirane.
Semion continuou a inquirir o casal e tudo estava claro que a mulher traira o marido.Semion apanhou a vasilha com água e a entregou a mulher para beber.Ela hesitou em levar aquilo à sua boca.Os os sacerdotes a seguraram e a fizeram beber.Minutos depois todo seu corpo começou a tremer e a mulher caiu morta aos nossos pés.Seu esposo carregou seu corpo e saiu junto com os sacerdotes.
Fiquei curioso.Aquela água só poderia conter algum veneno.E perguntei a Semion:
-E se essa mulher fosse inocente ?
-Ela não teria morrido.respondeu-me.
-Mas como!Ela teria de beber da mesma água que foi dada a ela ?
-Aran você deve saber de tudo,pois é o meu substituto.Vê este anel.Esta pedra é móvel.-respondeu Semion , empurrando-a. -Neste pequeno recipiente havia veneno em pó.Após o interrogatório do casal,eu tinha certeza que a mulher o traira.Então ao tomar a vasilha despejei o conteúdo do anel na água.Ela tinha de morrer,como manda a lei,era culpada,para que outras não façam o mesmo.Quando não são culpadas,elas não hesitam em beber a "Àgua da Maldição" e seus depoimentos nós mostram quando estão inocentes.completou Semion.
Fiquei atônito,pois os volkanianos pensavam em tudo,para impor aos dujs suas leis.Principalmente nos castigos,dando-lhes um cunho de milagre,usando-se de truques.E,talvez,quantas mulheres inocentes teriam morrido daquela maneira,quando se fazia uma interpretação errada dos seus atos.
Chegamos próximos a Sedac e solicitamos de seu rei permissão para atravessar suas terras. E isso nos foi negado e ele armou seu exército contra nós. Insistimos em pagar pela água e pasto para nossos animais, mas ele ficou irredutível.Os volkanianos sugeriram que evitassemos um conflito,desviamo-nos daquelas terras e que fóssemos rumo ao monte Roh.
Semion adoeceu e tudo indicava que ele morreria. Comuniquei aos volkanianos este fato. Eles instruiram-me para chefiar o povo duj. E nos últimos momentos de vida nós o levamos para o topo do monte Roh.Ali retirei suas roupas de sacerdote e vesti seu filho mais velho Razael. Ele seria meu companheiro e juntos guiariamos os juds para a terra prometida. Ficando só com Semion tive desejos de contar-lhe toda verdade, mas ele não acreditaria.E me fez prometer que eu levaria os dujs à terra prometida.Faleceu e nós o enterramos no topo do monte. As lágrimas me vieram aos olhos e dei um adeus àquele amigo de tantos anos. No entanto, eu tinha uma missão dificil pela frente, que era dirigir aquele povo, de acordo com as ordens do volkanianos.
Seguimos em frente em nossa caminhada para a terra prometida. Ao penetrarmos na região dos nacs, o rei Dara emboscou alguns de nossos homens que iam a frente e os levou prisioneiros. Como eram muito numerosos eu resolvi pedir ajuda aos volkanianos e eles me entregaram a vara de ultra-sons. E com ela pudemos derrotar o povo de nac, destruir suas cidades e libertar nossos homens. Dali seguimos rumo a Mode e acampamos.Já havia me decidido guiar aquele povo até a terra prometida e depois cuidaria de mim.
Mas como sempre o povo estava insatisfeito e murmurava contra Jov. A confusão se estabeleceu nos acampamentos e nossa vida achava-se em jogo. Expus tudo que acontecia aos volkanianos. Eles me disseram que restabeleceriam a ordem.Reuni os sacerdotes e suas famílias na ante-sala da tenda especial, conforme ordem dada por eles. E sairam da nave dezenas de sondas luminosas, em forma de fusos, que passaram a queimar o povo, causando chagas e até mortes entre os dujs. Muitos gritavam para que fizéssemos parar aquilo,que chamavam de "serpentes de fogo",já que arrependiam-se de tudo que fizeram. Então pedi aos volkanianos, e recolheram as sondas na nave.
Eles nos ordenaram que fizessemos uma" serpente de bronze " e,todos aqueles que foram "mordidos" pelas de fogo, ficariam curados.Na realidade eles colocaram um acelerador de células ,apropriado para cicatrização rápida,no interior da estátua de bronze.E assim todos aqueles que tinham sido queimados,aproximavam-se as partes afetadas de seus corpos dela.Em horas suas queimaduras estavam cicatrizadas,pelos efeitos dos raios emitidos pelo acelerador de células..
Nossa caminhada continuou pelo deserto e chegamos a terra dos Amors.Seu rei Noes não nos permitiu passar por ali e mandou seu exército contra nós.Novamente tivemos de utilizar a vara de ultra-sons e os derrotamos,passando a habitar alí.Pouco tempo depois surgiram os Nasabs,que tinham como chefe o gigante Goh,com seus 2,50 m de altura.Ele era um descendente dos antigos trolans e também nós os derrotamos.Éramos invencíveis,utilizando a tecnologia,a vara de ultra-sons,naquelas batalhas corpo a corpo e raras vezes os volkanianos intervinham.E assim o povo duj passou a ser temido pelos que habitavam terras próximas a nossa...
A TERRA PROMETIDA.
Chegamos a Mites e alí armamos as tendas.Porém os dujs começaram a se entregar a libertinagem,com as mulheres boams,que residiam próximas dalí.Elas faziam o culto a Rogebelf,que tinha como objetivo práticas sexuais diversas.Nossos homens passaram a perder a cabeça por essas mulheres, que os seduziam como queriam.Elas praticavam toda variedade de sexo ,eram extremamente sedutoras em relação às mulheres dujs.Muitos já não mais nos obedeciam e fomos obrigados a comunicar aos volkanianos o que acontecia.Mandaram que matássemos todos os que estavam infiltrados nos cultos dos boams.Fomos obrigado dar a ordem aos nossos seguidores para matar todos eles.Nossos homens aprisionaram os adéptos do culto de Rogebelf e mataram todos eles.
Os volkanianos ordenaram-nos que marchassémos contra os Boams.Ao amanhecer partimos com 12.000 homens para as terras deles e travamos uma batalha encarniçada e conseguimos derrotá-los.Saqueamos suas cidades ,tomamos tudo que possuiam,rebanhos,ouro,prata e queimamos seus templos.
Os nossos homens trouxeram muitos prisioneiros,mulheres e crianças boams.Fui a tenda de Jov e relatei tudo o que acontecera ao oráculo.E ele respondeu-me que matasse as mulheres que não fossem virgens,pois elas é que viraram a cabeça dos dujs.Implorei aos volkanianos para perdoá-las mas foi tudo em vão.E com o coração magoado tive de mandar matar muitas mulheres boams.No entanto, salvei secretamente a maioria,procurei deixar as mais jovens,mesmo que não fossem virgens.E as outras e as crianças foram distribuidas entre os combatentes,como escravos.
Ordenaram-me para dizer todos os nossos homens se purificassem.Deviam lavar-se e também suas roupas.E que os bens conquistados dos boams,que fossem de ouro,cobre,prata,estanho,ferro e chumbo fossem purificados pelo fogo.E os outros como tecidos,etc.,pela água sagrada,um desinfetante.Devido à vida sexual desregrada dos boams, eles queriam eliminar alguns micróbios.Tudo que saqueamos deles foi dividido entre os combatentes e sacerdotes.Uma porcentagem ficou para Jov,a fim de manter a tenda especial.
Eu já estava apavorado com tudo aquilo,tanta matança simplesmente para se dominar um povo.Tinha de fugir dali,pois a todo o momento via o sangue correr em minhas maos.Era o chefe e de mim partiam as ordens ditadas pelos volkanianos,que tinham de ser executadas a dedo.Mas como fugir? Eles mandariam perseguir-me e seria morto.
Já estávamos próximos de entrar na terra prometida e fui a tenda especial e consultei o oráculo.
-O que faremos se os nacs não quiserem nossa presença em suas terras ?
-Atravessai o rio Adroj e destruam todos os povos que vivem lá.Não deixe siquer uma pessoa viva.Reduzi a pó seus ídolos e estátuas,apaguem toda a sua memória.E depois da vitória divida a terra para as doze tribos,em partes iguais.Construam cidades e façam algumas para servir de refúgio, para aqueles que derramarem sangue de um outro duj,sem intenção,até que possam ser julgados.-disse o oráculo.
A seguir os volkanians me instruiram o que devia fazer quando chegássemos ao rio Adroj,pois Jov faria um milagre.
Pela manhã começamos a desmanchar o acampamento,já que a nave saiu de cima da tenda.A tarde estávamos próximos do rio Adroj.A arca ia na frente carregada por quatro homens,como os volkanianos me ordenaram que fizesse.No horário previsto por eles os homens que carregavam a arca colocaram os pés no leito do rio.Mandei que parassem e continuassem a segurar a arca e nesse instante as águas pararam de correr.Os dujs atravessaram o leito seco do rio.Quando todos eles passaram e,a arca foi levada a outra margem,as águas começaram a correr no leito do Adroj.Mais uma vez os volkanianos usavam sua tecnologia para fazer um suposto milagre.Quando vi as águas retornarem baças e terrosas,logo deduzi que desferiram feixes de luzers nos barrancos das margens do rio.Eles cairam e foram represando as águas,que deixaram de correr.Depois que os dujs passaram. eles liberaram o leito e as águas continuaram a correr normalmente.
Acampamo-nos do outro lado do rio Adroj e quando todos estavam organizados,os volkanianos me ordenaram que mandasse fazer facas de pedras.A seguir deveriamos circuncidar todos aqueles que ainda não o tinham feito.Aquilo fora dado aos dujs como uma lei.Na realidade era uma medida higiênica,pois assim se evitava a permanência de micróbios debaixo da pele que cobre o pênis.Ainda bem que eu, em Flambion,já tinha feito a circunsisão.Tinha-me operado,num hospital,em que se fizeram uso de feixes de luzer.
Nossa primeira conquista naquela região seria a cidade de Ocirej,de 180 ares de extensão ,que era toda cercada de muralhas.Elas tinham dez metros de altura e eram duas com,a distancia de 5 metros entre elas,feitas de tijolos de barro e palha,secos e cozidos.E sobre essas muralhas construiram-se residências.Na cidade existia apenas um portão,muitas palmeiras e ciprestes.Todos os seus habitantes estavam com medo dos dujs.E assim se armaram lá dentro ,já que era muito bem protegida pelas muralhas.Os volkanianos disseram-nos que iriam abrir brechas nas muralhas.Mas para isso a arca teria que dar sete voltas em torno da cidade,durante sete dias.Porém no último dia ela daria sete voltas ao redor dela.E sete homens deveriam estar tocando trombetas à frente da arca.
Para os volkanianos era muito simples abrir brechas naquelas muralhas ou simplesmente destruir seus habitantes,bastariam usar os feixes de luzers.Mas eles queriam valorizar os dujs,transferir seus poderes a eles,deixando-os lutar a sua maneira.Pois assim aquelas batalhas seriam transmitidas de geração em geração.Veríamos alí mais um feito tecnológico e deduzi que utilizariam raios-tração,para puxar as muralhas,que cairiam para a frente.E toda aquela encenação da arca ficar dar sete voltas durante sete dias sobre a cidade,era uma guerra psicológica.Aquilo deixaria os habitantes de Ocirej apavorados e cansados.Assim a conquista da cidade seria mais fácil.
Escolhi os sete homens que iriam tocar as trombetas e mais quatro para carregar a arca.E eles,a uma distancia que impedia de serem alvejados por flechas e protegidos por uma guarnição,deram a primeira volta ao redor da cidade.As trombetas soavam e os habitantes de Ocirej estavam apavorados,sem saber porque fazíamos aquilo.E assim o fizemos durante seis dias seguidos.
No último dia,os homens carregando a arca,deram sete voltas ao redor da cidade e pararam de frente para ela.Os volkanianos tinham-me instruido para dar um sinal,que seria levantar as mãos para cima.Assim o fiz.Nesse momento as trombetas soaram e todos os dujs gritaram a plenos pulmões o nome de Jov.Em segundos todos nós vimos as muralhas penderem-se para a frente.Os tijolos caiam junto com os guerreiros que alí estavam,soterrando-os.Dezenas de brechas foram abertas e nossos homens atacaram em massa.Os habitantes de Ocirej,cansados,com falta de água e apavorados com a destruição das muralhas, não aguentaram a fúria sanguinária dos dujs,quando penetraram na cidade.Homens,mulheres e crianças foram mortos,sem piedade.Os animais e aves foram retirados da cidade e todos os pertences de seus habitantes foram amontoados.Tocamos fogo em tudo,conforme instruções dos volkanianos e não se tocou em nada. Ninguém trouxe qualquer coisa daquela cidade,que ficou em chamas.
Os volkanianos ordenaram que conquistássemos todas as cidades da região e a próxima seria Iah.Três mil homens seguiram para lá,mas muitos dujs foram mortos e outros perseguidos até nossos acampamentos.Resolvi comandar o ataque,já estava dentro daquela carnificina e não podia sair.Armei uma emboscada e mandei milhares de homens se esconderem ao redor da cidade,que tinha muita vegetação à sua volta.Reuni mais 3.000 homens e fomos até a entrada de Iah.Os inimigos vendo aquilo e julgando-nos em número inferior,sairam da cidade em nossa perseguição.E batemos em retirada,subindo até um monte..
E do alto eu, estratégicamente colocado,levantei um,escudo,e quando os raios de Lós nele refletiram,ele brilhou.Era o sinal para os homens que estavam emboscados.Eles avançaram para a cidade desprotegida e nela penetraram,matando todos que estavam alí.Quando os inimigos viram a fumaça, que subia da cidade, eles resolveram voltar.E nós fizemos um ataque por todos os lados e ficaram presos no meio.Matamos mais de de 5.000 ihaianos. O rei de Iah foi enforcado pelos dujs,numa árvore.E seu corpo foi coberto por dezenas de pedras,como um sinal de nossa conquista.No monte Labeh todo o povo ofereceu holocáustos a Jov,pela vitória.
Os povos que viviam naquela região ficaram aterrorizados com nossa presença.Muitos se uniram para nos combater,mas os Noabs foram espertos e nos enganaram dizendo que vinham de uma terra distante.Assim fizemos uma aliança com eles,dando-lhes nossa palavra de paz.Mas o rei Cedes,de Melasur,ficou sabendo disso e atacou a cidade deles.E um pedido de socorro veio a nós e mandamos nossos homens,à noite,para ajudá-los.Pegamo-los de surpresa,dormindo, e no momento do ataque a nave dos volkanianos emitiu uma luminosidade fantástica em cima do acampamento deles.E os derrotamos.Muitos deles gritavam que Los,a estrela amarela, parou sobre Noabag.Ao fugirem ainda enfrentaram uma tempestade de granizo,provocada pela nave,que matou muitos.Os reis inimigos esconderam-se numa caverna.A entrada delas foi tapada por nós,com grandes pedras.Posteriormente eles foram retirados,enforcados e sepultados dentro da caverna.
Seguimos destruindo todas as cidades ao redor e as saqueamos.Cairam Adec e Ambil.Fizemos um sítio a Siugal,acampando ao seu redor alguns dias.Alí existiam árvores de oliveira de 9 metros de altura e 2 m de circunferência.Os habitantes de Siugal vestiam longas túnicas com mangas,que eles mesmo teciam e tingiam.Atacamos a cidade e os derrotamos.A pilhagem foi grande,consistindo de animais,trigo e cevada.Pelo chão viam-se dezenas de punhais e até navalhas de cobre.Nos pescoços das mulheres mortas viam-se colares de granada e cristal e em seus cabelos pentes de marfim.Cães da raça seluki vagavam pela cidade saqueada.Lá encontramos muitos teares e mandei que os levassem para nossos acampamentos.Futuramente seriam usados por nossas mulheres.
Novos reis se uniram contra nós ,mas nada impedia nosso avanço.Uma a uma as cidades foram caindo sob o jugo dos dujs.Perto das águas de Norem juntou-se um grande exército contra nós.Mas caímos sobre eles e os desbaratamos e os perseguimos até Nodis.E não ficou ninguém vivo.Cortamos os jarretes de seus cavalos e destruímos seus carros de guerra.Conquistamos Rosa e matamos seu rei,que liderava as outras cidades.E por fim derrotamos os Cins e assim conquistamos toda a região.
Muito sangue havia corrido por alí.Conquistamos a terra prometida,mas eu já me tinha tornado um bárbaro,pois matar tornou-se um hábito cotidiano.Mas estava cansado de retransmitir as ordems dos volkanianos,que só ordenavam-nos destruir e matar.E os dujs eram tão ingênuos,pois se raciocinassem bem,poderiam deduzir que se Jov fosse realmente o "Criador",jamais precisaria de fazê-los passar pelo que passaram e não faria correr tanto sangue.Se Jov fosse o próprio Deus num simples piscar de olhos,Ele os colocaria numa terra prometida,sem guerras.Mas somente eu sabia que eram volkanianos,humanóides como nós.As conquistas cessaram e a paz voltou àquela região,já que não haviam inimigos a nossa volta.Os dujs cresceram e muitas cidades foram construídas...
UMA MORTE FORJADA.
A nave dos volkanianos deixou-nos,já faziam seis meses que ela havia partido.E consultávamos somente o oráculo,que na realidade era um computador de última geração,contendo um programa específico para guiar os dujs.Ele nos ditava as medidas a tomar,quando o consultávamos.Eu já estava cansado de ver tanto sangue derramado e resolvi preparar Aduj,filho de Raican,para me substituir.Ele é um grande guerreiro,sábio e ponderado, o chefe indicado para o povo duj.
Malefir trouxe a minha tenda dois homens que haviam brigado,dias atrás.Um deles havia quebrado o braço do outro e no entanto nem ligara para o fato.Então o fiz cumprir o que nos ditavam as leis de Jov:
-Você o feriu,quebrando-lhe o braço.Não será punido desde que o indenize,pelo tempo em que ele estiver inativo e não puder trabalhar.Deverá arcar com todas as suas despesas,esta é a lei.
O agressor concordou em indenizar o ferido até que se restabelesse e então os dispensei.
Já faziam mais de 40 anos que eu tinha chegado ao planeta Azul e pelos meus cálculos eu deveria estar com 65 anos de idade.Mas os efeitos da estrela Los alteravam as minhas células e eu não envelhecia como os habitantes desse mundo.Fisicamente eu tinha a idade aparente de 35 anos .Para os dujs isso seria um milagre,já que eu era protegido de Jov.Mas para os volkanianos não,poderiam desconfiar de mim,pois logicamente conheceriam teorias a respeito do envelhecimento lento,quando se vivia em sistemas estelares diferentes.Eu ia ter problemas com eles quando voltassem.E assim enquanto estivessem ausentes eu poderia sumir e deixar Aduj em meu lugar.E ele auxiliado pelos sacerdotes conduziria aquele povo.Mas o melhor seria forjar minha própria morte.
Reunimos os homens para atacar Ceseb e dei a Aduj o comando,mas segui junto com eles.Alí se travou uma batalha violenta e saímos vitoriosos.Nossos homens cortaram os polegares dos pés e das mãos do rei Ceseb,que foi capturado.Assim ele não poderia mais manejar armas.Chegamos próximos a Melasur e armamos as tenda.Eu disse a Aduj que ficaria na tenda.Nossos homens seguiram em frente e chegaram até Melasur.E alí travou-se uma batalha encarniçada contra seus habitantes.Enquanto lutavam,procurei entre os mortos um corpo duj que tinha minha altura,cabelos e barbas semelhantes.Levei-o para minha tenda e desfigurei-lhe totalmente o rosto,após vestí-lo com a roupa sagrada.Assim só o reconheceriam pelas minhas vestes.Vesti apenas uma tanga,cortei meus cabelos e fiz minha barba.Tornei-me uma outra pessoa e juntei aos combatentes.A cidade foi conquistada e incendiada.Misturei-me à celebração da vitória e os homens seguiram diretos para a minha tenda.Aduj entrou,logo saiu correndo e gritou:
-Aram foi morto!Nosso chefe foi morto!
O plano tivera sucesso como eu previra.Meu suposto corpo foi levado de volta a cidade.Realizaram-se as cerimônias de sepultamento,com muita pompa.E levaram aquele corpo até o monte Anor e lá o enterraram.Foi interessante ver o meu suposto sepultamento.Já não mais existia Aram e,logicamente os sacerdotes,iriam comunicar o fato ao oráculo.E eu já tinha dito a ele que o melhor substituto para mim,caso morresse,era Aduj.E assim o oráculo ao ouvir sobre minha morte,tendo em seu programa o nome de Aduj,ordenaria que ele assumisse o comando dos dujs.E assim foi feito e ele foi reconhecido chefe por todas as tribos.Eu passei a viver como um desconhecido no meio deles e adotei o nome de Maran.
As guerras contra as cidades não cessaram,pois os derrotados sempre davam problemas aos dujs.O exército dos Lifts se reuniu para combater-nos e marchamos contra eles.Perdemos muitos homens e Aduj ordenou que se buscasse a arca.Quando ela chegou ao acampamento um brado uníssono ecoou nas gargantas dos dujs e foi ouvido pelo exército dos Lifts.Eles ficaram aterrorizados,pois souberam que tínhamos trazido a arca e alí estaria Jov para os ferir.E travamos uma batalha sangrenta,mas fomos derrotados e fugimos.E os Lifts tomaram a arca.Para os dujs aquilo foi a maior derrota,ao ver o que tinham de mais sagrado nas mãos do inimigo.
Um duj de nome Faro,tinha sido capturado e depois fugiu.Voltando ao nosso acampamento contou que:
"Quando os Lifts tentaram colocar as mãos na arca,dois deles foram mortos instantaneamente.Os outros com medo afastaram-se.Um dos prisioneiros foi torturado e explicou-lhes como ela era carregada,através dos varais de ouro.E assim colocaram 4 dujs carregando-a e a levaram para Toz,colocando-a no templo de Nogad.Mas no outro dia a estátua de Nogad jazia no chão.Tornaram a colocá-la de pé,mas no dia seguinte sua cabeça e mãos apareceram no chão.Os sacerdotes ficaram com medo da arca e ninguém entrava no templo,onde ela estava."
Eu logo deduzi que o computador da arca estava agindo,utilizando-se de feixes de tração.Os lifts teriam muita dor de cabeça com ela.
Tempos depois chegaram notícias de uma peste que assolava os lifts,ferindo-os de tumores.Aquilo atingia seus intestinos, que eram colocados para fora e apodreciam.Deduzi que tinham mexido em algum equipamento nuclear e daí vasaram-se radiações,que se espalharam entre eles.Todos os lifts estavam com medo da arca e pediram ao seus chefes para retirá-la dalí.Já haviam decorrido sete meses que ela fora capturada e, então , a enviaram de volta.Atingidos pela peste eles estavam enfraquecidos.Resolvemos atacá-los e retomamos suas cidades,derrotando-os.
Mas os lifts não desistiam e novos grupos se reorganizavam.Um deles estava aproximando-se de nossa cidade.Então nos reunimos para atacá-los.Chegando a um vale um dos lifts surgiu por detrás de uma pedra e gritou:
-Quem tem coragem de lutar comigo sózinho ?
Todos nós ficamos com medo.Ele tinha cerca de 3 metros de altura,um gigante.Logo deduzi ser um descendente dos trolans.Aduj gritou para nós:
-Quem vai enfrentar o lift ?perguntou Aduj.
Do meio dos guerreiros surgiu um jovem,de uns 16 anos, e disse que o enfrentaria.Seu nome era Adav.Aduj disse-lhe que era jovem demais e seria morto,mas ele insistiu em lutar com o gigante.Então colocamos uma armadura nele,mas ele a tirou.Foi até um regato pegou algumas pedras e as colocou num alforge.E saiu na direção do gigante,sem portar arma alguma.O lift ao vê-lo pilheriou:
-Não possuem homens,pois mandam-me um garoto!
O jovem tirou uma pedra do alforge e a colocou numa funda e quando o gigante partiu em sua direção, ele a arremessou.A pedra atingiu em cheio a testa do gigante.Ele cambaleou,enquanto o seu rosto tingia-se de sangue, e caiu.O jovem correu e tomou a sua grande espada e a cravou em seu coração.A seguir cortou a sua cabeça e a segurando numa das mãos a levantou.Um brado de vitória saiu das gargantas dujs.Os lifts apavorados fugiram dalí.Adav foi agraciado por Aduj com um alto cargo entre seus comandados.E as armas do gigante foram levadas como troféu.A noite uma grande festa foi realizada e as mulheres cantaram e dançaram,acompanhadas por címbalos e tamborins,entoando versos sobre o feito de Adav.
MELASUR
Os anos se passaram e numa de nossas guerras contra os lifts,que comumente se reorganizavam,Aduj foi morto.E o povo duj escolheu para seu novo líder Adav.Ele havia se destacado em todas as incursões que os dujs fizeram a cidades inimigas.E realmente era o indicado para guia-los.Adav tomou a decisão de seguir para a cidade de Melasur.
Quando estávamos perto de Noc,os bois que puxavam o carro onde estava a arca ficaram assustados.O carro balançava e ela ameaçava cair.Nesse momento,um jovem de nome Azur correu para a direção do carro,tentando impedir que a arca caísse.Eu estava perto e gritei,tentando impedí-lo de tocar nela.Mas foi em vão,Azur levou suas mãos na arca e caiu fulminado por um choque elétrico.Os bois foram acalmados e o corpo de Azur retirado dalí.Adav ficou com medo dela e não quis deixá-la em sua casa,quando chegamos a Melasur.E a entregou a Debo,para que a levasse para Tego.
No entanto como o povo tinha adoração pela arca,os dujs começaram a visitar a casa de Debo.E assim ele foi prosperando e tornando-se conhecido cada vez mais.Adav com medo disso resolveu trazer a arca para Melasur.Mandou construir um templo para colocá-la e três meses depois fomos buscá-la em festa.Alí ela foi colocada e passou a ser objeto de adoração dos dujs.
Há muito tempo que os volkanianos tinham partido.Eu vivia como um desconhecido no meio dos dujs.O oráculo continuava a orientar Adav no seu comando do povo duj.Mas eu sentia que os volkanianos jamais dominariam o planeta através dos dujs.Eles constantemente desviavam-se de seus ensinamentos e praticavam os cultos religiosos de outros povos.Até o líder, Adav,cometia muitos erros.Chegou ao ponto de tomar Asabte,a mulher de Iru,um de seus soldados.Mandou-o para a frente de combate contra os lifts,com um número limitado de homens,a fim de que ele morresse.Casou-se com a viuva e teve um filho com ela.Os dujs vendo os erros de seu chefe passaram a dividir-se.Uma ala estava com Adav e outra com Labs que pretendia o lugar dele.E assim uma luta irrompeu entre eles,mas Adav conseguiu derrotar os renegados e continuou como líder.
A noite estava muito bonita e céu coalhado de estrelas.Meus pensamentos estavam voltados para Flambion.Tentava adivinhar o que estaria acontecendo em meu mundo,sob domínio volkaniano.De repente notei algo, semelhante a uma estrela azulada,cortar o espaço em diagonal na direção de uma colina próxima.Deduzi ser uma nave profusamente iluminada.Eram os volkanianos que retornavam.No dia seguinte notei que tudo continuava normal na cidade.E calculei que Adav não fora chamado por eles.E realmente eles não precisavam dele para saber o que acontecia por alí.Bastava entrar em sintonia com o computador da arca,que saberiam de tudo.Dias depois uma peste alastrou-se na cidade e morreram muitos dujs.Tão logo ela surgiu, a nave dos volkanianos passou a fazer vôos rasantes sobre Melasur.Deduzi que eles queriam que os dujs soubessem que Jov estava alí e que a peste era um castigo para eles.
Percebi de início que a água estava contaminada,já que conheci aquele tipo de doença em Ramicar,no sistema de Prócion.Bastava que se tomasse cuidado em não tomar água contaminada.Para evitar a doença teria que se fervê-la e passei disfarçadamente a ensinar aos dujs como evitá-la.Os volkanianos descontaminaram a água e a peste cessou.Adav se encontrou com eles nas colinas.E,logicamente eles o ameaçaram,caso não mudassse sua maneira de liderar os dujs.Pois quando voltou ordenou que se fizesse um altar para Jov e o glorificassem.
Adav convocou mandou seus comandados espalhar a notícia,entre os dujs,que todos os adoradores de Baal,podiam praticar o culto abertamente.E mandou que se marcasse uma grande festa no templo de Baal.No dia da festa centenas de pessoas alí se reuniram.Ao acabar o culto,quando as pessoas sairam,Adav mandou seus homens matarem todas elas.E em frente ao templo de Baal centenas de corpos ficaram estendidos no solo.Era uma ordem dos volkanianos para exterminar aquele culto do meio dos dujs.
Adav mandou construir um outro templo para Jov,numa colina ,em Melasur.A parte principal tinha 10 m de largura por 36 de comprimento.Foram usadas pedras talhadas, e madeira de cedro e abeto para o interior.Foram feitos alguns alojamentos e na parte principal,como na antiga tenda especial,foi dividido em três partes,o Ribed,Laceh e o Malu.Havia uma grande área aberta à sua frente,onde foram colocadas as bacias de cobre e o altar dos holocáustos.Uma das bacias era enorme e ficava sobre 12 estátuas de bois.O templo foi ricamente decorado e tudo coberto em ouro,além de todos os utensílios para os rituais dos sacerdotes.
Para alí foi levada a arca com muita festa e quando os sacerdotes se retiraram a nave dos volkanianos baixou sobre o templo.Uma luminosidade fantástica se espalhou por todos os locais.Os dujs admirados falavam sobre a nuvem e a glória de Jov que havia baixado alí.Os rituais, ditados pelos volkanianos, começaram a ser praticados pelos sacerdotes no novo templo.E iniciou-se um período mais tranquilo para os dujs.
DESTRUIÇÃO DE MELASUR
Adav conseguiu juntar uma riqueza fabulosa e contruiu para si um palácio ricamente decorado em ouro.E sua maneira de viver era invejada por todos os outros reis.Comprava quadrigas dos gips e cavalos dos soiris e setihs.Possuia muitos navios e carros de guerra e um exército fabuloso.Os volkanianos há muito tempo tinham ido embora e Adav voltou a desrespeitar todas as leis ditadas por eles.Festas suntuosas eram feitas em seu palácio e ele tinha um harém com centenas de mulheres e outras centenas de concubinas,originárias de varios países.E atendendo os desejos das mulheres, ele passou a construir templos para que elas pudessem adorar os seus deuses.
Os dujs cresciam e se espalhavam por toda a parte,construindo cidades.Mas praticavam cultos diversos desprezando as leis ditadas pelos volkanianos.Inclusive o culto a Moloc,onde lançavam crianças nos braços deste suposto deus,que depois eram devoradas por chamas,ao som de harpas e tambores.Até as mulheres e homens que faziam o serviço no templo de Jov degeneraram-se,chegaram a ponto de praticar sexo alí.Realizavam-se casamentos entre dujs e pessoas de outras raças.Todo o plano dos volkanianos de fazê-los uma só nação ia se desmoronando com a chefia de Adav.
Fui a uma festa no palácio dele e, misturado aos convidados.vi que os dujs haviam mudado muito.A festa estava no auge,o vinho circulava por todos os cantos,bailarinas semi-nuas dançavam entre os convivas,enquanto os músicos executavam melodias alegres.O ambiente caminhava para uma orgia no final da noite.Subitamente a música parou.Sobre o revestimento de uma parede do grande salão,surgiram os dedos de uma mão.O povo ficou,mudo e estático,era um sinal de Jov.E aqueles dedos traçaram a seguinte frase,como se estivessem escrevendo a fogo,"Enan Letak Seraf".Imediatamente eu traduzi aquela frase,que estava escrita em língua volkaniana:"Teu reinado está no fim".E logo deduzi que os volkanianos utilizaram-se de uma sonda minúscula para criar aquela imagem holográfica,de dedos escrevendo e as palavras, na parede da sala.Adav ficou apavorado,pois logo sentiu alí a presença de Jov.Mas ninguém sabia traduzir aquela frase,pois os dujs não conheciam volkaniano.Os convidados foram dispensados e saímos.
No outro dia Adav anunciou que daria uma grande recompensa a quem pudesse lhe dizer o que significariam aquelas palavras.Logicamente eu não poderia me apresentar.Se fizesse isso me denunciaria perante os volkanianos.E de nada adiantaria,pois eles haviam voltado e Adav estava liquidado.No entanto apareceu um homem no palácio,dizendo que poderia traduzir aquelas palavras.E realmente o fez.Seu nome era Saile e procurei conhecer mais sobre ele.
Maican,um jovem duj,contou-me que Saile,que era seu amigo,tinha se encontrado com Jov.Logo deduzi que os volkanianos preparavam um novo líder entre os dujs.Resolvi conhecer Saile e fui onde ele residia.Lá chegando deparei-me com um homem,de uns 30 anos,alto e alegre.Ele me recebeu cortezmente e passamos a conversar.
-Como você encontrou Jov ?-perguntei-lhe.
-Há dois dias atrás,eu estava caçando no alto do monte Tior,à noite,quando vi ao longe,voando,algo semelhante a uma uma panela a ferver.Vinha da banda do aquilão.E, de repente,surgiu Jov .Era como uma bola de fogo e ficou pairando sobre mim.De repente me vi levantado do chão subindo por uma luminosidade.Cheguei a um lugar onde só havia luz,por todos os lados.E ouvi uma voz dizendo ser Jov.Ele me falou que o rei Adav,no outro dia,procuraria uma pessoa para traduzir uma frase,que seria escrita numa parede,naquela noite.E,na manhã seguinte, eu deveria ir ao palácio e dizer ao rei que a frase significava:"Teu reinado está no fim".Jov me disse também,que eu seria preparado para ser o novo líder dos dujs.Ele me buscaria e me levaria com ele.
Assim fiquei sabendo como Saile decifrara a mensagem escrita em língua volkaniana.No entanto sabia que ele era o novo protegido dos volkanianos.Pois, dias depois,contaram-me que ele estava fazendo milagres.Ele havia estendido seu manto sobre as águas de um rio e elas se separaram.Certo dia quando ele oferecia holocáustos a Jov desceu um fogo do céu consumindo-os.E que até cinquenta homens, que o desafiaram,foram mortos por esse mesmo fogo que desceu do céu.Na realidade,eu sabia que eram feixes de luzer emitidos pela nave.
Dias depois surgiu uma notícia de que Saile tinha sido levado por Jov.Procurei saber sobre o fato e Raman,que estivera com ele, contou-me o seguinte:
-Eu ia caminhando pelo deserto com Saile , quando surgiu um carro de fogo e cavalos de fogo.E nós fomos separados por um turbilhão e ele foi arrebatado ao céu.
Deduzi que ele fora raptado pelos volkanianos,levado na nave.Eles o doutrinariam durante algum tempo e posteriormente o trariam de volta para dirigir o povo duj.Era o fim de Adav...
Os dujs apesar temidos em toda a região,constantemente tinham povos interessados em destruí-los.Rosonodocub,rei de Anolig,armou seu exército e atacou-nos em Melasur.A batalha foi encarniçada e as cabeças dujs rolavam pelo chão,cortadas pelas espadas implacáveis dos inimigos.Eram em número superior e possuiam valentes guerreiros,muito bem treinados.Fomos derrotados e Adav foi morto.Saquearam o templo,levaram todos os tesouros e o incendiaram.Fizeram milhares de prisioneiros,deixaram em Melasur apenas os dujs que não representavam perigo.Eu,no momento final da batalha,consegui fugir e refugiei-me nas montanhas próximas.
UMA DOUTRINA PARA O FUTURO
Resolvi me afastar daquela região e dos dujs.Caminhei muitos e muitos dias.Cheguei a uma terra desconhecida.No topo de uma montanha próxima ao mar Otrom vi um sinal de fumaça e segui para lá.Era um acampamento onde estavam apenas 5 pessoas,um casal e seus dois filhos e uma filha.Eram de origem duj,mas desconheciam totalmente o que havia se passado com aquele povo.Há muitos anos estavam vivendo no topo daquela montanha,isolados do resto do mundo.Fui bem recebido por eles e senti que devia ficar alí algum tempo.Viviam numa caverna,tinham algumas ovelhas e no pé da montanha abundavam muitas árvores frutíferas.Matran,o chefe, era o esposo de Maldene.Tinham dois filhos,um de 12 anos e outro de 10 e uma jovem,Narja, com 18 anos.A vida alí seria monótona,mas a paz que reinava naquele lugar era a maior riqueza que poderia almejar.
Já faziam quase dois meses que vivia com aquela família.Eu e Narja cuidávamos das ovelhas e por estarmos todo o tempo juntos,comecei a sentir atração por ela.Pude ver em seu rosto que ela desejava-me como companheiro.Já não tinha esperanças de retornar a Flambion e assim decidi unir-me a uma mulher.E fomos abençoados por seus pais,esposando-a.
Os anos se passaram,Betan e Maref buscaram esposas para si,em terras distantes e já tinham filhos.Eu e Narja tivemos 3 filhos.Abion estava com 15 anos,Marlo 13 e Fatina 12.Os pais de Narja haviam falecido.Levávamos uma vida tranquila e passei a ensinar a todos uma filosofia de paz e amor,que resumia no seguinte:
Que o Criador é um ser espiritual.Ele programou tudo o que existe no cosmo e jamais altera essa programação.
Que Ele é Onipotente e Onipresente.E que nossa mente por mais evoluida que seja,não pode compreendê-Lo.
Que não precisamos fazer imagens para representar o Criador;
Que o corpo perece,porém a alma sobrevive pela eternidad.E através de sucessivas reencarnações nós nos aperfeiçoamos perante o Criador,de acordo com a vida que levamos;
Que devemos amar o próximo como a nós mesmos e isso se faz através da caridade, da paz e do amor entre os homens;
Devemos agradecer ao Criador pelos alimentos que conseguimos e elevar nossos pensamentos a Ele em todos os momentos que pudermos;
Que no cosmo existiam muitas outras moradas,semelhantes ao planeta Azul,onde viviam seres como nós.
Que desprezassem a riqueza,a ganância e aqueles que tivessem muito, repartissem um pouco com os que não tem nada;
Que procurassem vencer todos os obstáculos usando a suas mentes,que podem até eliminar a dor;
Que possuiam poderes paranormais,muitos ainda desconhecidos,mas que aos poucos descobririam seus dons;
Que procurassem adotar as crianças sem pais,dando-lhes um conforto como se fossem seus próprios filhos.
Resolvi deixar escrito para o futuro,essa filosofia de paz e amor,totalmente diferente de todas as crenças e cultos que imperavam nesse mundo.E passava os meus dias a escrever,em língua duj,sobre peles de carneiro ,tudo aquilo que aprendera em Flambion.
Construímos uma pequena cidade no topo da montanha.Nossa comunidade havia crescido e mais de uma centena de pessoas alí residia.Todos aqueles chegavam alí buscando abrigo, nós os acolhíamos,depois que eles se confessassem,contando tudo sobre a sua origem,o que faziam etc.Se tivessem bens,eles deveriam repartí-los com todos os habitantes de nossa comunidade,que denominei de Oinesses.Adotamos o costume de fazermos nossas refeições em comum.Construímos um templo,um lugar destituído de estátuas ou ídolos,destinado exclusivamente para entrarmos em sintonia com o Criador,através de nossa mente.A paz reinava em nosso pequeno mundo no topo da montanha.
Estava no templo quando Finar chegou trazendo um homem.Era um duj,que pedia abrigo em nossa comunidade.Depois de conversar com ele,vi que era sincero e que podia viver entre nós.Expliquei-lhe toda nossa maneira de viver e,Oaj que era seu nome,concordou em seguir nossa doutrina.Ele contou-me que um povo,chamado de sonamors,havia tomado toda a região onde viviam os dujs e os gips.Vieram com um grande exército ,muitos carros e muito bem armados.E todos os povos que viviam alí estavam sob o domínio deles.Resolvi então precaver contra esse povo,que poderia atacar-nos,se soubéssem de nossa posição.E então ordenei que a Malur que colocasse um homem de vigia,em turnos,24 horas por dia,no topo da montanha.Era simplesmente uma preucaução,já que estávamos bem distante das regiões ocupadas por eles.
Tomei os rolos de couro,nos quais tinha escrito toda a nossa filosofia de paz e amor,e os coloquei em jarros de barro.Levei todos os jarros para algumas cavernas que existiam numa das paredes rochosas,do outro lado da montanha.Era um local de acesso dificílimo.Tomei uma corda e a amarrei numa pedra e por ela descia pela parede da montanha,com um jarro de barro de cada vez e o depositava nas cavernas.E assim fiz com dezenas deles.E se algum dia fóssemos atacados e mortos ,pelos somanors ou outros povos,nossa filosofia estaria preservada para o futuro.Pois eu tinha certeza que,no futuro,alguém encontraria aqueles jarros de barros com os rolos de couro.E poderiam ser chamados de" Pergaminhos do Mar de Otrom".Quando terminei meu trabalho já era noite.
Milhares de astros brilhavam no céu,mostrando a faixa branca do centro galáctico.Eu procurei entre os bilhões de estrelas aquela que era Matin, o centro do meu sistema planetário.Em vão a busquei com os olhos e não pude encontrar.Ela estava perdida naquela miríade de corpúsculos branco/azulados.Mirei qualquer uma delas e dei um adeus ao meu sistema,a Flambion.Jamais retornaria para lá.Ergui os olhos buscando o infinito,agradeci ao Criador por me ter permitido viver tanto tempo e por estar liderando os oinesses.Um povo que não seria manipulado por nenhuma civilização do planeta Azul ou alienígenas.Porque eu lhes ministrei ensinamentos de paz e amor,que se coadunam com o verdadeiro Deus,o Criador de tudo que existe.Agradeci a Ele por me permitir mostrar-lhes Sua grandiosidade.Já que ela não se limita a um pequenino planeta,mas se estende pela imensidão cósmica,onde pululam galáxias e mais galáxias,que se expandem formando o tempo e o espaço.
Eu já não era mais um flambione. E sim um habitante do planeta Azul.