Usina de Letras
Usina de Letras
176 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62178 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50582)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (51) -- 21/01/2013 - 11:18 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (51)

No ano de 1989, um período emblemático, estávamos de férias eu e minha mulher à época, no Rio de Janeiro. O calor de verão intenso, rivalizava com as promessas do presidente eleito, misto de atleta, farsante e arrivista. Por absoluta convicção, eu que não tenho quase nenhuma, subi em mesas de bar, cometi conversas à minuta, participei de palestras e tal. Todo esse empenho apenas e tão-somente, mode não ver Collor presidente eleito. Tudo resultou debalde. Em meio a essa algaravia, já eleito, rumores se esfalfavam aqui e alhures, sobre uma porrada de ações que seriam encetadas pelo narigudo. Mas aquela quentura carioca não impediu minha mulher de me alertar sobre algo, de modo indiferente e sem espalhafato como era um hábito seu: "Saca teu dinheiro do banco. Parece que o doido do Collor vai confiscar as contas e a poupança". Como não poderia ser diferente, dei de ombros e fui curtir o chope do Alcazar, na praia de Copacabana. E não deu outra. A ministra do erário público, Zélia Cardoso de Mello, sem aviso nenhum e de forma supostamente messiànica, capou-nos nossas economias, nosso dinheirinho suado. O restante da história todos sabem de cor e salteado. Hoje, passados tantos anos, apesar de o tempo económico ser outro, o timing social continua quase, quase o mesmo.
É certo que se diz aqui e acolá que a casa está arrumada internamente, mas mesmo assim não impede de os donos esquentarem a cabeça com a falta de crescimento vertical da criança. Não sendo economista nem tendo a mínima pretensão, não me iludo com a campanha do carro zero, pois sei que tudo isso ocorre como forma de tapar o sol com peneira. Saiba que a ameaça de desemprego nas montadoras era altíssima e o acordo feito entre elas, o governo e a ANFAVEA, entidade de fabricantes de automóveis, foi exatamente reduzir o IPI a fim de evitar a dispensa de mais de dois mil metalúrgicos. Sei também, independentemente da propaganda política, que existe um solavanco para cima, da classe "C". Essa estratificação soa um tanto estranha para quem não tem acesso à antropologia política e à sociologia urbana. Evidente que existem mais veículos na rua, motos e carros de passeio e utilitários, mas me pergunto: do que se alimentam os felizes donos de automotores? Eles têm se alimentado adequadamente, conforme o figurino nutricional? E o item custeio de seus orçamentos familiares, tem sido adimplente e sustentável? Consideremos as exceções.
Acusado por um funcionário antigo e muito perspicaz, de ser pirangueiro ou mão-de-vaca, tenho preferido me alimentar adequadamente a possuir um carro zerinho, embora não tenha nada contra quem o possui e inveja não é meu pecado primordial. Isso sem mencionar a política do abre-e-fecha buraco, medida emergencial e não planejada que danifica os bichinhos de quatro rodas, provocando mais despesas do que processos nos tibunais, pelos prejuízos causados. Observem a situação das operadoras de telefonia móvel.
Entretanto, e é aí onde o rabo torce a porca, a bordo de um supermercado, no papel de mero consumidor, mas atento, pechincho, avalio, leio bulas de produtos, medidas mais do que necessárias. Ora, se para mim, que não tenho tão parcos proventos, o impulso principal é pesquisar o quanto e o como vou ingerir, imagina para alguém que sobrevive com muito menos? Não, não me iludo. Deve haver alguma inflação represada, algum artificialismo nas planilhas governamentais, para nos convencer de que somos já a sexta economia, negligenciando nossa posição no índice de desenvolvimento humano, IDH. E deve também subsistir nas mentes consumistas algum autoengano. Às vésperas da Copa mundial de futebol, as obras super ou hiperfaturadas, continuam no vapor que elas, as empreiteiras, imprimem. Claro que, excetuando-se os países miseráveis onde a fome é visível e incontestável, todos os governos europeus e americanos, gostariam muito de sediar um certame dessa monta. Dá prestígio, visibilidade e melhora a imagem no concerto das nações, afora incrementar a receita interna com os dólares desembarcados. Espero que você não me indague, por curiosidade, em que estado de usufruto estão os equipamentos erguidos durante a Copa da África do Sul. Alguma fada enlouquecida me diz num dos ouvidos, que uma empreitada dessas exige muito do modus operandi depois do magno evento. Além da mobilização geral de pessoas, entidades, associações, grupos socioeconómicos, uma Copa de futebol, mexe com muito mais além do que simplesmente o valor pátrio confiante na nossa seleção canarinha. E por falar nela, não nos parece que esteja, no ranking mundial, em posição privilegiada, ao contrário, é uma das menos bem colocadas.
Esperemos portanto para ver, ouvir e sentir aonde tudo isso vai nos encaminhar. Uma das melhores características nacionais é o nosso jeitinho brasileiro. Vamos ver até onde esse dote e a crendice popular poderão nos devolver a tão sonhada Copa, nosso sexto grande feito. Afinal de contas, se fé e crendice facilitassem vitórias e campeonatos, o Esporte Clube Bahia, protegido e ungido pelos orixás, seria, sem a menor duvidazinha, heptacampeão baiano e idem campeão brasileiro de futebol.
_____________________________________________________________________

WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
21.02.2013
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui