Um dos maiores e mais graves problemas brasileiros é a fome. A caridade é importante, é um auxílio, mas não basta para a sua erradicação. É preciso que se tome medidas de ordem estrutural, porque a raiz do problema é mais funda do que se imagina. Não se pode pensar no futuro, se não se é capaz de mudar o hoje.
Já dizia Gandhi que ‘o homem resiste a tudo, menos à fome’. Inúmeros brasileiros famintos, miseráveis, morrem desse mal. Inúmeras crianças subnutridas morrem de doenças conseqüentes da precária, senão inexistente, alimentação. Como uma criança que não tem do que se alimentar, em plena fase do crescimento, pode chegar sadia à fase adulta? Tendo a ‘refeição’ escolhida entre restos encontrados no lixo? A fome provoca uma animalização do homem, não há ‘superioridade de espécie’ que resista a uma necessidade tão primordial. Não há dignidade que suporte barriga vazia. É triste a realidade do Brasil que não tem o que comer.
Do lado oposto ao imenso Brasil faminto, há o Brasil com fartura. Este último tem poucos habitantes, se comparado ao primeiro, mas o desperdício é grande. Por que não doar a quem precisa o que é desperdiçado? O que sobra a uns, falta a outros. É muito mais fácil repartir o que se tem em abundância. assim, não é nada demais praticar a caridade. Entretanto, a caridade e programas do governo, como o Fome Zero , não passam de medidas paliativas. São medidas que não bastam para acabar com a fome. Esta não passa de um reflexo da péssima situação do país. Precisa-se de melhorias na Educação, de reforma agrária, de melhor distribuição de renda.
O Brasil possui um grande potencial inexplorado, suas riquezas são usufuídas por poucos. Não se pode continuar com tantas desigualdades. Porque, pior que ser miserável no deserto, é não ter o que comer na Terra de Canaã . O Brasil não pode ser para sempre um país do futuro . Não se pode idealizar um futuro sem montar uma estrutura no presente. É preciso que se plante hoje, para colher e se alimentar amanhã.
Malu
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