À Procura do Viço
Alma feminina autêntica,
que no primeiro olhar exale requintes,
os que não se façam notar na precisão do gesto aproximativo.
Tão minimalista que possa impressionar pelo detalhe:
o que congela, se prolonga na lembrança.
Talvez um movimento de mãos, realce da fala principal
que nem escuto.
Saindo da sombra,
com pompa recatada
para agir nas ocasiões em que a inteligência se dissolve.
Parceira das horas do cosmo sem respostas,
dos pensamentos vagos
que voam sem posar.
Leve na cor da ação.
Uma aquarela em que mal se vêem traços,
mas cujas infinitas veladuras sejam passos
que deslizem da tela de contemplação para o dueto carnal,
em vida sempre esperado, ensaio quase todo finalizado.
Confesso e quase me despeço:
procurei-a, procuro-a.
No meu pré-sentimento, ela existe, sim,
"mas eu não a alcanço porque está sempre onde a ponho
e nunca a ponho onde eu estou".
Marco Aurélio Bocaccio Piscitelli
bocaccio@terra.com.br
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