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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (55) -- 02/02/2013 - 11:57 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (55)

Nos tempos de ratos magros, pois que as vacas já haviam ido pro brejo, li um livro: "Por que os ricos não fazem greve?". Era produto da safra da resistência durante o período de exceção, eufemismo de golpe de Estado. Algum desses seis leitores deve ter lido, dês que hoje esteja com idade acima de cinquenta anos. O autor, carioca de Campos, andou fazendo das suas lá pela AIB-Ação Integralista Brasileira, organismo de inspiração fascista, embora seus representantes o negassem. Álvaro Vieira Pinto não era gente pequena. Médico, físico e matemático, fora em seguida, sob auspícios do padrinho Alceu Amoroso Lima, alçado à categoria de professor de Lógica Matemática, disciplina inaugurada no território nacional, pelo escritor. Tudo isso ocorreu na antiga Universidade do Brasil, nos anos quarenta. Eu próprio mantinha uma coleção denominada "Cadernos do povo brasileiro", editada pela Editora Civilização Brasileira e o volume 4 ensejava esse pequeno livreto de 118 páginas, bastante esclarecedor na tese que defendia.
A guinada de Álvaro, depois de despender um ano na Sorbonne, proporcionou a criação do ISEB, Instituto Superior de Estudos Brasileiros, através de Roland Corbisier, retirando o médico da pesquisa e transformando-o num filósofo. Chefe do Departamento de Filosofia, oportunara o estudo dos problemas sociais brasileiros no esforço conjunto dos principais pensadores nacionais, a fim de reposicionar o Brasil na direção da democracia. É muito provável que, a exemplo de gente como o próprio Dom Hélder Càmara, o arrependimento tenha sido um componente expressivo, pela adesão ao Integralismo, um equívoco criado pelo obscuro político Plínio Salgado. Uma espécie de praga ruim viria ocorrer quando os militares tomaram o poder e invadiram a sede do ISEB em 13 de abril de 1964. Álvaro, como tantos intelectuais e professores brasileiros, saiu do país, se exilando no Chile, cassado pelo AI-1, com estadas rápidas num esconderijo em Minas Gerais e logo em seguida na Iugoslávia, já exilado. No Chile ele foi membro do CELAD, órgão ligado à ONU, onde trabalhou como pesquisador e professor.
O ensaio, se me ajuda a memória, trata da problemática sindical e do direito de greve, ainda que meio engessado em lei, quando o limita nos casos específicos, como, por exemplo, os serviços essenciais. A negociação coletiva de trabalho é um item relevante para o qual é dedicado todo um capítulo. O título desse livro de 1962, dois anos antes da tal revolução redentora, explora/explicita a condição da mais-valia, como principal propulsor do lucro crescente do capitalista, sugando do trabalhador sua mão-de-obra em função do valor da mercadoria, da forma como foi percebida na teoria marxista. Trocando em miúdos, é essa diferença que propicia ao capitalista a retenção exponencial dos ganhos de capital e a dificuldade progressiva na redistribuição de renda aos que não detêm os meios de produção. Ao Estado tem competido a intervenção pontual na livre-iniciativa, desrespeitando a Constituição de 1988 que prevê a participação nos lucros pelo trabalhador, direito subsistente apenas em algumas empresas estatais. Todavia, os privilégios da máquina pública na remuneração de seus pares, concursados ou não, constitui uma distància expressiva entre o público e o privado, no que se refere a salários diretos e indiretos. Isso sem levar em consideração a grande diferença entre os proventos de aposentadoria de um e de outro servidor. A reforma previdenciária tem sofrido do mesmo mal das demais reformas: o adiamento constante pelo Congresso, talvez porque não interesse à maioria, por razões que o brasileiro já conhece. Os gastos públicos se avolumam na mesma proporção do "esquecimento" das prioridades nas reformas política, partidária e tributária, subsequentemente.
Em contrapartida ao conteúdo da obra citada, presenciamos na mídia, alguns bilionários da Forbes, revista que faz a publicidade dos bem-aquinhoados contra os fiscos do primeiro mundo, anunciarem que pretendem distribuir sua metade do cofre com os mais necessitados. Não sei se todos, mas ao menos Mr. Gates, pretende abrir os portões de sua suserania e doar alguns dólares às nações miseráveis. De minha parte, ainda que do lado sensitivo, veja tal atitude como de extrema solidariedade, fico sempre de pé atrás. Sabe o ditado "esmola grande cego desconfia"? Se dizendo ateísta, Bill Gates a um só fólego, contraria os cavaleiros da acumulação de capital, os pastores protestantes. Esses, já conhecidos no Brasil por sua grande intolerància ao inevitável progresso mundial, preferem cobrar os dez por cento dos fiéis, porque seu futuro já está garantido, embora improvável. Com efeito, Mr.Gates, pelo que ouvi no noticiário, pretende convencer seus pares endinheirados a seguirem sua ideia de ceder metade dos bilhões de dólares acumulados ao longo da vida.
De uma forma ou de outra, todos eles, os bilionários do mundo atual, nunca sentiram a necessidade de fazer greve, porque já a fazem por eles, de uma forma esdrúxula. O Senhor Carlos Slim da Claro, mexicano com nome libanês (Salim), esfola o mundo todo com sua telefonia, móvel na categoria e também na forma pusilànime de prestar serviços.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
1º/02/2013




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