Setores conservadores nacionais talvez estejam comemorando. A reforma da Previdência Social trouxe de volta os excessos nas manifestações. Há quem já os compare com algumas manifestações ocorridas em 1964.
É bom lembrar também que em 1964 havia uma porção de agentes infiltrados pela CIA nos partidos de esquerda e sindicatos, justamente para justificar um golpe de estado, como o que foi perpretado em 31 de março.
O resto da história todos conhecem. João Goulart foi afastado, Castelo Branco assumiu, e durante alguns anos matar e torturar adversários políticos foi considerado um ato normal. Tanto fazia o indivíduo ser integrante de grupos esquerdistas armados como apenas simpatizante da causa socialista. O final era sempre o mesmo. Inquéritos, fichamentos, demissão, cassação de direitos brotaram por todo o país.
O falecido Roberto Marinho, que um ano após o golpe se aliou aos ditadores, foi capaz de realizar façanhas esquisitas, como contratar João Saldanha(comunista assumido) como repórter especial, só para enviá-lo ao México durante a copa de 1970 e evitar que fosse preso pelo regime de exceção. João Saldanha tinha montado o time que foi campeão, sendo substituído por Zagallo pouco antes da competição começar.
Sua demissão ainda levanta suspeitas, pois o presidente era direitista (Médici), e foi considerado um dos mais cruéis para com os adversários do regime.
Mas o presente sem Saldanha e agora sem Marinho é mais complexo. Alguns parlamentares como Heloísa Helena ainda não estão sabendo como se posicionar no novo governo. Além das manifestações orais, a senadora resolveu enfrentar policiais que impediam uma agressão ao ministro da previdência recentemente.
A imagem da combativa senadora dando proteção a um grupo disposto a excessos fez com que muitas pessoas que a apoiavam no conflito com a direção do PT tomassem outro rumo.
Nos regimes socialistas não se tolera excessos também. Não se tolera em Cuba, nem na China, tampouco na ditadura da Coréia do Norte.
Lula vai ter que orientar as Forças Armadas, a Polícia Federal e as polícias estaduais para não tolerar excessos nem de esquerda nem de direita. A democracia brasileira pode ser ameaçada se o presidente não tomar pose de estadista.
Quem comanda um estado não pode sorrir para os excessos. Lula Paz e Amor foi eleito. Que se manifeste o Lula dirigente perante os baderneiros de todas as tendências.
