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cronicas-->íNDIOS GUAJAJARAS. Barra do Corda. -- 06/02/2013 - 14:19 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Créditos da imagem:nildabarbalho.com.br

 

Numa tarde de agosto, viajávamos por uma estradacarroçável, entre o Piauí e o Maranhão. Por ali, raramente, passava algum tipo de veículo motorizado e durante os  dois dias que o ônibus ficou quebrado, não passou nenhum carro... Era o Brasil de 1973. Sem outro recurso, o motorista caminhou 70 quilômetros rolando o pneu e aro com as mãos, como o fazia divertindo-se em seu tempo de criança...

Mal caiu a tarde, veio a escuridão acompanhada de um silêncio ensurdecedor e pôde-se ver bem longe um fogo no meio da mata. Um passageiro mais experiente disse:

— Aquilo é índio. Vamos lá!

—  Não é perigoso? — indagou outro.

—  Não! Eles são mansos, além do mais, tenho  dois revólveres neste saco. Quem quiser ir, me acompanhe.

Fomos.

Bebemos cachaça com eles até o dia amanhecer. Nós pagando tudo, e muito caro.

Logo nos primeiros raios de sol, conhecemos  a pequena  tribo, uns cem ou cento e cinqüenta indivíduos, mais ou menos. Se eram mais, não os  vimos nem indagamos quantos... Entrei numa oca – uma casa de palha — palha na cobertura e nas paredes... Levei um susto: sobre um jirau estava uma índia parida – arreganhada - e um menino feio caladinho...  ele tinha uns dois ou três dias de nascido.  Sem graça, saí às pressas e dei de cara com o cacique. É agora que vou conhecer o peso do tacape... Decerto, ele sabia que eu vira a índia totalmente desprevenida. Nua, nuazinha... Então, para amenizar o impacto, perguntei: “a mulher do cacique ganhou um curumim?”

— O cacique é dono de todas as mulheres – disse ele.

E assim,  entendi que o chefe podia ter intimidade com qualquer uma daquelas índias e a coisa ficou por isso mesmo. Voltamos à palhoça, um modelo sem paredes, semelhante aos galpões que os brancos pobres constroem para realizar eventos.Vi  muitos litros vazios e no fundo de cada um deles, uma razoável quantidade de pernas de grilo.

– Que é isso no fundo do litro?

— É meizinha —  respondeu o camarada – cura toda doença do fígado e do intestino.

É, pelo tanto que bebemos, estamos curados de todos esses males. Pensei.

— Que temos para comer. Pagamos o preço que o camarada cobrar!

— Só farinha — respondeu.

Dias depois, resolvido o problema mecânico, alcançamos, com vida, o povoado Sabonete, não muito longe de Barra do Corda.

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