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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (65) -- 01/03/2013 - 16:16 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (65)

Enfim sós. Tradicional termo usado para exprimir a intimidade dos recém-casados. Num contexto papal talvez se o possa usar, pois que o chairman da igreja católica, crê piamente estar com o espírito santo. Com sua saída da cena pontifícia, por razões ainda bastante misteriosas, Joseph Ratzinger retorna a si mesmo. Noutro texto comentei que o Papa saía em virtude do estado de saúde, afetado por artrose crónica. Depois de ler o "Corriere de la sera", através do UOL jornais, fiquei de pé atrás. No fundo, paira no ar um coquetel de informações que podem estar combinadas ou não, no tal dossiê enviado pela Cúria. Sabe como é, quanto mais misteriosa a organização, menos se saberá sobre ela. (E os fiéis são os menos interessados em saber do centro motivacional do desfecho). Excetuando-se seu estado longevo de conservadorismo. Isso é uma praxe na máfia e na maçonaria. A mídia internacional, ávida por notícias, fez questão de cobrir pari-passu a despedida de Bento XVI, que foi um dia uma espécie de inquisidor moderno, quando comandava a Doutrina da fé. Um leigo como eu haverá de perguntar: por que não teria sido um ombudsman a defender os interesses dos católicos? Uma instituição milenar cujo conteúdo programático é envolto em dogmas, não tem que ser transparente. Ou tem? Desde adolescente venho acompanhando criticamente o papel desse movimento cristão, adotado por um imperador, Constantino, sobre quem se fala pouco, mas se sabe muito sub-repticiamente. O tal movimento, também envolto em muitas dúvidas sobre seus ancestrais líderes, transformou-se na principal religião ocidental. Dos três monoteísmos, o cristianismo é o único que aparenta certa liberalidade, isto porque o carnaval, uma festa pagã, tem origem religiosa.
Um indivíduo contemporàneo, quando perguntado qual sua religião, responde calmamente: sou católico. É prático, asséptico e de bom tom. Pouco importa origens, pendengas ou detalhes dos subterràneos da doutrina ou da liturgia. Havendo missas aos domingos em que possam frequentar, está tudo bem no seio da família. No subúrbio onde morei, havia uma beata chamada Carlota. Era mulher alta, branquela e usava pendurado no pescoço, um enorme crucifixo de metal, talvez prata. Ela usava uma vestimenta branca circunspecta. Nessa época, eu adolescente fazia parte de um grupo paroquial, de um coral e de uma boa profanidade nos fins de semana. Uma vez, ao passar diante daquelas inócuas reuniões paroquiais, presenciei a tal dona Carlota orientando os fiéis: "Não se beija a mão". Ela se referia a uma novidade egressa da alta cúpula sobre o hábito de se beijar a própria mão ao se persignar. A essa mulher, refém de sua própria crença, cabia disseminar os novos ensinamentos doutrinários. Mas nessa época, lá pelos anos sessenta, não havia ainda a febre dos contrários, a presença da minoria marqueteira dos evangélicos. O protestantismo era conhecido por uma ou outra figura, a exemplo do meu professor de desenho, pastor de almas, rigorosamente cristão, ao menos a seu modo. Os meios de comunicação aproximaram as pessoas, na interface homem-máquina. Atualmente, qualquer púbere sabe manusear um aparelho cibernético, desde jogos até os mais complicados cálculos. A reciprocidade dessa era da nanotecnologia parece não afetar a política eclesial, ainda que todos os cardeais tenham sua lista de contatos na mídia eletrónica.
Ocorre que a uma religião universal, como se intitula, pouco ou nada influi de fora para dentro. Entra e sai papa e o tradicionalismo é o mesmo, inamovível. Por isso muitos já abandonaram o celibato, já são pais, avós e bisavós, a cuidar de outro tipo de rebanho. Tudo acontece como se a igreja estivesse fora desse mundo, imune a seus percalços humanos. E para não me perder em elucubrações, agora sabemos que um executivo religioso joga a toalha, renuncia e se diz agora peregrino e obediente ao sucessor. Sai de um cenário para entrar em outro, posto que convicto de que haverá um batalhão de criados para cuidar de si. Castel Gandolfo é uma pequena cidade ao redor da província do Lácio, pertinho de Roma. Essa mordomia foi mandada construir por um colega de Ratzinger, um burguês influente, Maffeo Barberini. Tornou-se papa Urbano VIII e, cheio de jogo de cintura como os demais, perseguiu Galileu e o fez confessar uma barbaridade na qual não cria. Livrou-se da fogueira. Até hoje, o que o cientista previu continua vigente. Ao contrário do mestre Urbano VIII que mandou derreter vigas de bronze da época do império romano, para ver se impedia a marcha da história. Ainda, para proteger o Castelo onde residia, mandou fabricar armas, imagina. Não é a toa que ficou conhecido na época com a frase latina "Quod non fecerunt barbari, fecerunt Barberini"*. Esperem os católicos que o repouso emérito de Bento XVI seja mais contemplativo e edificante até a hora de seu passamento, amém.

*o que não fizeram os bárbaros, fez o Barberini
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
1º/03/2013





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