AH! SAUDADE!
Ana Zélia
De repente você me abate. Bate forte, forte.
A mulher parece fenecer.
Por quê? Tive tudo o que não quis ter...
Queria tão pouco e isto parece muito.
Estou tão distante, na Cidade de Pedras, linda, maravilhosa,
amedrontadora, carinhosa... Um contraste.
Amanhã! Haverá amanhã! Estarei vendo o sol avermelhado,
pisando no solo vermelho. É algo real, concreto.
O pássaro dourado me leva daqui pra lá e de lá pra bem longe.
Já não acredito no amanhã como as pessoas cansadas da espera.
Mas, haverá amanhã. Sempre há um amanhã!
Observo o relógio. A importância do minuto está na espera.
Se for o ser amado parece que não corre, para.
Se for a forca, será como a ilusão, gira, gira, gira sem parar.
Uma força amedrontadora.
Se o relógio parasse perderia a graça do inventor.
A ilusão nos mantém viva, olhando o mundo, vivendo a vida,
observando as horas que passam.
Ontem observei o mar, as ondas, marolas.
O verde me fascina como as esmeraldas que não posso usar.
Só as sintéticas.
As ondas quebrando à distância trazem em seu rastro espumas,
espumas que se confundem, esbranquiçadas, azuladas, escuras...
Só os artistas plásticos, os poetas podem cantar refletir a natureza...
O AMOR, lembrei-me dele e o comparei às ondas.
Tenebrosas à distância, um nada ao quebrarem nas margens.
São águas mortas...
Ao Surfista, como aos Amantes, só interessam ONDAS ALTAS,
onde se possam vaguear, SURFAR.
Quando passam perde a graça.
Ah! Saudade! Esta vontade louca de te amar, amar, amar.
Estamos tão distantes...
Rio de janeiro, 18.06.1991.
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NOTA DA AUTORA- Apaixonada pelo RJ, escrevi sobrevoando a cidade o poema A ÁGUIA QUE NÃO SABIA VOAR!,
a mim um dos melhores trabalhos que compus. Faz tempo que não venço o medo de retornar. Devagar vou publicando
um trabalho de dez anos. Manaus, 07.03.2013 (Ana Zélia)
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