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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (67) -- 10/03/2013 - 06:02 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A impressão para os que estão de fora é de que o parlamento brasileiro é composto de arrivistas e mal-intencionados. Não pode ser verdadeiro, mesmo porque onde houver ser humano, oportunidade e mordomia têm que ser dosados conforme manda a lei. Ocorre que às vezes a lei é concebida por uma minoria e votada/homologada pela maioria. Não se pode creditar a um grupo de mais de quinhentos o que a mente privilegiada de dez por cento desse somatório houve por conceber. Todos vivenciam esse fenómeno nas bancas universitárias. Lembra-se daquele tipo de relatório, fruto de pesquisa a ser elaborado por um grupo de cinco ou mais pessoas na faculdade? Lembra também que o professor da disciplina não é lá muito exigente e pouco lhe importam os meios e sim o produto final? Assim deve ocorrer também no seio de uma constituinte. Não se creia que todos aqueles parlamentares congressistas, em 1987, tenham se empenhado corpo e alma na confecção do produto final de 245 artigos, excluindo as disposições transitórias. Ora, os bacharéis em direito e os juristas de plantão, devem ter trazido para si a contumácia profissional, por lidarem cotidianamente com o espírito das leis. Ressaltem-se o orgulho e a vaidade de poder contribuir com um texto magno a ser respeitado, gerido e obedecido acima de tudo e de todos. Nisso, até que eu gostaria de ter sido um jurisconsulto e ser levado a bater no próprio peito: fui constituinte e trabalhei duro na inconsutibilidade da Carta do meu país.
Mas não sei se esse arroubo acometeu algum ou alguns dos constituintes. A Carta está sendo utilizada, o bonde continua andando no ritmo mais ou menos normal, mas pairam dúvidas sobre o comportamento dos pares. Evidente que não se podem colocar todos num mesmo saco e tacar acusações as mais diversas; é claro que nem todas as maçãs são podres nos poderes centrais. Assim mesmo, sob chuvas e trovoadas e a grande escassez de chuvas no sertão, pontuam-se aqui e acolá alguns acontecimentos que merecem destaque. Essa semana que está passando registrou um caso especial, especialíssimo. Trata-se da contenda interparlamentar eclodida em meio a uma votação para escolha do presidente da comissão de direitos humanos. Para começar, sempre andei de pescoço troncho com certo tipo de parlamentar que, corporativista visceral, traz para uma Casa de pluralismo, um arsenal de preconceitos. E isso não ocorre somente com aqueles que não declaram sua orientação religiosa. Exemplo disso é de um ex-militar do Rio de Janeiro, cujo nome pouco ou nada importa. Mas não se trata dele. Dessa vez, entrou em cena a figura de um pastor protestante, com cara de bom moço, mas possuidor intestinal da ingente bactéria da homofobia e do racismo. O presidente da mesa, como pude observar na tevê, era um homem negro e grisalho do partido do governo, cuja atitude foi encerrar a sessão e abandonar a presidência. E não é que o parlamentar por nome Feliciano, foi eleito mesmo? Para comandar uma comissão de direitos humanos, nada mais apropriado do que alguém completamente "isento" de pejos e/ou desarmonia. Daí que me referi no início ao perfil do parlamentar. Não me consta, todavia, se existe um teste psicológico, um PMK, por exemplo, que mapeie a mente e o hipotálamo do senhor deputado. Ainda, não se sabe se, além de uma suposta ficha limpa pregressa, venha à baila estranhas manias pessoais que impeçam alguém de ser parlamentar. O crivo legal é amparado por uma simples atitude: o sufrágio universal. Por isso, já que se trata de uma Casa do povo, mas nem tanto para e pelo povo, o vestibular admite gente de toda espécie, credo, orientação sexual e por aí vai. Afinal, estamos ou não num estado democrático de direito? Romário, Tiririca et allii, são figuras simpáticas, queridas do público e, se não falha meu politicómetro, eles são servidores públicos assíduos e diligentes. Quanto ao Senhor Deputado Feliciano, não sei se ele apenas faz jus ao nome próprio e carrega nas tintas de suas idiossincrasias. Ademais, meu tirocínio para gente religiosa, com raras exceções, não é muito generoso não. Excetuando-se alguns padres progressistas e outros já expulsos da ICAR* por atitudes e ideias estranhas e contrárias à Cúria romana, a maioria é realmente digna de algum tipo de comiseração. Mas fizeram uma opção e se há de respeitá-los. A desculpa é que o grande líder J. Cristo teria sido um ser tolerante e compreensivo com as diferenças humanas. E por que não lhe seguem o exemplo?
O que sei (e sei muito pouco) é que as prementes reformas universais da política brasileira, andam mais emperradas do que a malha ferroviária do país. Neste tipo de democracia sui gêneris e incipiente, as ações vão acontecendo conforme o ritmo nacional. A cultura da cordialidade tão decantada no ideário de Sergio Buarque de Holanda, não arreda pé dos diversos cenários onde está circunscrita. Se somos um povo cordial, festivo e aprendiz de sofrimento, logo, todas as nossas Casas, incluindo o Congresso Nacional, carregam nas mesmas tintas com maior ou menor intensidade. Essa seriedade pela qual tanto pugnamos é um tipo especial de bambolê humanístico e nossa cintura, a cintura nacional, concebida na medida exata de nosso jeitinho e da nossa pacífica, singular e brasileiríssima safadeza.
______________________________________________________________________
*igreja católica apostólica romana

WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
09.03.2013
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