MULHERES! BASTA !
Ana Zélia
Sobrevivente da violência familiar, nariz quebrado de um muro certeiro,
Quando Zico perdeu um pênalti considerado feito na Taça Guanabara.
Escapando da morte, depois de golfadas de sangue pela boca,
quando estava sendo pisoteada.
Foram tantas ameaças, espingardas engatilhadas, facas em punho,
armadilhas de todas as formas a uma mulher casada, mãe e honesta.
Ciúme em excesso, uma cabeça fechada, mente diabólica num contraste
a uma inteligência tolhida, esmagada, mas viva...
Hoje assistindo a tantas mortes praticadas contra mulheres indefesas,
que pedem ajuda,
socorro às autoridades e estas nada oferecem a elas.
O medo da crítica ouvida como eu ouvi tantas vezes na Polícia,
"apanha do marido e depois vai dormir com ele".
Fazer o quê?
A Lei "MARIA DA PENHA", não protege a nenhuma mulher violentada no corpo e na alma,
espancada, esfaqueada, morta...
Os assassinos se sentem verdadeiros feitores, com direitos sobre o viver ou matar.
Sentenciando a forma cruel e desumana de eliminar mulheres indefesas.
Matam, queimam os corpos, encarceram dentro de veículos
e os atiram em águas profundas,
mutilam, fazem picadinhos de seus corpos e dão à s feras como alimento.
Onde estamos? Que País é este?
Nem a Lei Penal, nem "Maria da Penha", nada nos salva,
tenho certeza de que devemos exigir dos governantes,
dos futuros legisladores Leis mais severas contra estes assassinos frios e cruéis.
São crimes hediondos e como tal devem ser punidos,
que estes assassinos cumpram as penas confinados nos presídios.
Ontem os assassinos eram pessoas incultas,
carregadores braçais, carvoeiros, etc.
Hoje, os mesmos crimes são cometidos por pessoas com
formação superior em sua maioria,
premeditados com requintes de crueldade, tudo milimetrado.
Pobres mulheres! Vamos exigir cursos de Defesa pessoal nas escolas,
à s crianças desde tenra idade,
à s mulheres, à s idosas. Só assim, estaremos seguras.
Defendendo-nos com técnicas.
As eleições se aproximam é hora de exigirmos este
comprometimento com a população feminina.
Manaus, 22.07.2010 (Ana Zélia)
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Nota da autora - Sofri na pele todos os tipos de agressões,
era uma jovem bonita,
educada, inteligente e que de repentese ver obrigada a casar aos 16 anos
com um alto comerciante, mas analfabeto.
De uma hora pra outra me vi transformada em um monstrengo,
agricultora obrigada a derrubar árvores,
fazer roçados, carregar peso nas costas, sacas com mandioca,
fazer farinha de tapioca,beijus, matar cobras, defender a si e aos filhos.
Certa de que seria morta, resolvi enfrentar a morte,era vencer ou morrer.
Não dava mais pra ficar sentada à beira do caminho,
fugi de casa,ameaçada e com medo da morte, voltei pra casa e foram
mais 8 anos de convivência,
estudava na rua porque dentro de casa me era proibido,
até hoje tenho facilidade em escrever andando,
conclui o magistério, cursei Direito, finalista tive que pedir
Garantia de Vida para poder receber o diploma de bacharel em Direito.
Meu primeiro ato no Judiciário como advogada foi em causa própria,
Ação de Separação, passei a andar como fugitiva, evitando me expor,
cruzar ruas com medo de um tiro ou várias facadas.
Estou viva, enquanto ele presta contas ao Diabo nas profundezas do inferno,
onde deve ser seu lugar. Basta. ( Ana Zélia.)
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