POBRE “NEGRO”. (A GRANDE ENCHENTE!)
Ana Zélia

O Grande Titã te faz recuar.
Adentras Manaus que se vê inundada...
Mataram os igarapés que circundavam a cidade.
Buscas quem sabe o Igarapé da PANCADA que me serviu
de berço e escola de natação?
Ah! Quanta alegria nas enxurradas.
Eram as crianças que aguavam as roupas nos capinzais onde as
lavadeiras ( e minha avó era uma delas) lavavam as peças brancas,
alvas como a neve.
Buscas o Igarapé do “MESTRE CHICO”? Não sei dizer o porquê do nome,
mas o conheço.
Ele cruzava a General Glicério, passava por baixo da ponte
de ferro na Sete de Setembro que me serviu de trampolim para pular das
pilastras na água.
Buscas o Igarapé da Major Gabriel que passava
por trás do antigo “Palácio do Governo”?
Ah! De certeza buscas o Igarapé do São Raimundo,
que circundava os bairros da Glória, Compensa, Cachoeira Grande
e caudaloso chegava ao Mindú.

Ah! Manaus!
“Terra dos bares, dos Igarapés, Rios Colossais”.
É um dos mais belos  hinos  em tua homenagem e que não se canta mais.
 Pobre Rio Negro.
Querem destruir o “Encontro das Águas”, onde um burburinho,
nada fraternal, impedes o Solimões de adentrar e vir beijar os pés
da Virgem da Conceição, Padroeira da Cidade, que do alto roga a seu
Filho que o TSUNAMI não aconteça. Seria o fim de todos nós.

A escalada catastrófica começou no ano de 1953, considerada
a Grande Enchente do século. Eu vi, o centro da cidade inundou como agora.
A de 2009 ultrapassou o limite conhecido.
2012, a MAIOR ENCHENTE DESTE SÉCULO.
Ah! Manaus! Nem imaginas o que virá.
Destruíram os igarapés que aliviavam a carga que recebias do Solimões.
Não são as águas do Negro que avançavam inundando tudo.
Fomos nós que invadimos suas margens...
Até quando?
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Manaus, 19 de maio de 2012.
Nota da autora- Quando escrevi (A VINGANÇA DOS DEUSES!),
01 de julho de 2009 acreditava que haveria outra grande enchente em 2010, publicado em artigos na usina de letras.
Já previa que haveria outras, esta não é a última.
Se os governantes continuarem
destruindo, pequenos córregos fétidos que ainda correm circundando a cidade,
precisaremos mudar o comércio, os mercados, feiras, residências, tudo do centro
para bem longe.
Espero viver pra ver, mesmo lamentando.
Manaus, 19 de maio de 2012. Ana Zélia