MANAUS! 342 ANOS.
Ana Zélia

O foguetório à meia-noite nem ouvi.
Manaus completa 342 anos.
Cantar parabéns a ti minha querida, seria trair meus princípios e
dizer sim aos que estão enriquecendo com teu nome, nosso sangue e suor.

Prefiro curvar-me e no chão batido de meu torrão bater cabeça ao Grande Chefe da
Tribo dos Manaós, clamar por AJURICABA, nosso herói e mártir.
Clamar os “caruanas”, na língua Tupi, gênio que habita o fundo dos rios.
Entidades marítimas como o indio “TANGO DO PARÁ”, que se transforma na grande Boiúna
E como Guardião sai das profundezas da Igreja da Sé, em Belém do Pará, cruza o Grande Amazonas até chegar no “ENCONTRO DAS ÁGUAS”, (Rio Negro e Solimões),

nosso patrimônio em beleza natural, cantado em versos por Quintino Cunha, por Ana Zélia que os considera, Grandes Titãs das Águas, ameaçado pela cobiça dos homens.
O Rio Negro cantado pelo amazonense PAULINO DE BRITO nos idos de 1899, publicado em Cantos Amazônicos e que muitos dos teus filhos nem conhecem,

declinaremos para conhecimento público.
Bate o tambor, bate forte pra acordar a aldeia, para alertar teus filhos Manaus, hoje quase irreconhecíveis pela mesclagem de raça.
Sou Manaura, nasci aqui, cresci nas beiradas do igarapé da pancada, extinto, cresci pulando as pontes da Sete de Setembro, entre o Palácio Rio Negro e a antiga Sub-usina.
Aluna do patronato Santa Terezinha, aprendi a mocegar os bondes, pulando de banco em banco,

colocando vidros nos trilhos para o cerol dos papagaios de papel, que sabia manejar como armas no ar.
Não consigo minha Manaus querida cantar parabéns a você, mesmo com o “progresso” crescente que presenciamos a olho nú em virtude da Copa de 2014.
É o sangue de teus filhos sugado, muita gente enriquecendo à custa do suor de outros que empobrecem por falta de emprego, condição de vida.
Fizeram um cerco de arame farpado ou de espinheiras que ninguém rompe.
Só uns poucos apadrinhados conseguem emprego, cargos remunerados.
Temos a 2ª maior ponte construída sobre rio no Brasil, a mais cara do mundo,
Que ela sirva de elo e de progresso, porque de enganação estamos fartos.
O brilho está em filhos de outras plagas que adotastes que aprenderam a explorar o que
sempre nos foi negado.
Teu progresso Manaus é de ciclos e de passado.
Quisera cantar Parabéns a você Manaus, cresceste, estás bela, mas por trás de tudo isto a miséria não me deixa colocar na cara os óculos escuros da cegueira Baré..
Mesmo assim:
PARABÉNS MANAUS QUERIDA, NOS TEUS 342 ANOS.
Manaus, 24 de outubro de 2011. Ana Zélia
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Nota da autora- Ver em poesias  o que escrevi sobre o encontro das águas. Título: UM GRITO NO ESPAÇO. Ana Zélia

Leiam em artigo- RIO NEGRO - PAULINO DE BRITO (ANA ZÉLIA) JÁ PUBLICADO
 Leiam- ENCONTRO DAS ÁGUAS (QUINTINO CUNHA) ARTIGO)