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Contos-->A Floresta de Palitos -- 18/09/2001 - 00:42 (Pedro Luis Bello Daldegan) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Essa noite eu sonhei com uma floresta de palitos.
De longe eu vi uma massa compacta, um aglomerado indefinido. Ao redor o nada. O vazio. O vácuo.
Caminhei lentamente em direção ao aglomerado, e aos poucos ele foi se revelando para mim: era uma floresta de palitos.
Quanto mais me aproximava, mais me dava conta da distância e da grandiosidade do lugar. Quanto mais próximo, mais ele parecia se afastar de mim, e maior, mais monumental se tornava.
Finalmente, depois de muito andar, alcancei o limite da floresta. Era um assombroso conjunto de pilares imensos em altura, magros, distribuidos com uma regularidade aparente, porém improvável. Partiam de um chão tão negro quanto o céu, e não fosse pelas estrelas do firmamento com ele se confundiria, pois no horizonte se encontravam e misturavam.
Vaguei por entre aquelas colunas colossais de um branco intenso banhadas por uma luz suave de uma fonte inexistente, num absurdo contraste com a negritude que tudo envolvia. Eu e a floresta imersos no mais absoluto silêncio.
De repente me dei conta de minha nudez, e de alguma forma aquilo fez sentido como nada antes. Não era simplesmente necessário que estivesse nu, era também incontestavelmente óbvia e perfeita essa necessidade, embora agora, sob a luz da lucidez, não saiba dizer porquê.
Senti o frescor do ar envolvendo meu corpo. Uma leveza intensa tomou conta de mim, embora aquela quietude e imensidão me deprimissem profundamente. Meu espirito estava em dois extremos. E isso também, de alguma forma, me pareceu normal. Não só normal como perfeitamente adequado.
Quando percebi que estava apropriadamente do cerne daquela insólita floresta de palitos, deitei-me no chão fitando o firmamento. As estrelas pareciam se mover lentamente no sentido do relógio. Os enormes pilares que se projetavam para o céu pareciam se curvar para o centro do meu campo de visão. Aos poucos passou a parecer que todo o lugar pulsava suavemente ao ritmo de minha própria respiração. Cerrei os olhos e essa impressão se acentuou lentamente.
Por um longo período permaneci nessa posição, e sem que percebesse como, se abateu sobre mim a mais completa sensação de solidão. Não mais sentia aquela pulsação, e eu sabia que aquele lugar havia me abandonado. Meu receio de abrir os olhos me paralisou. Quando o fiz, meus temores se confirmaram: aquela estranha floresta de palitos não estava mais lá. Apenas eu e as estrelas, envoltos na mais completa escuridão.
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