MANAUS 341 ANOS.
Ana Zélia
341 (TREZENTOS E QUARENTA E UM ANOS)
O tempo corre a teu favor contrariando normas da Natureza.
Nos meus quase 6.7 anos vividos, faço parte de tua história.
Para "os espíritas escolhi nascer aqui, cidade cujo nome MANAUS, significa
"MÂE DOS DEUSES"
Somos de ESCORPIÃO, o signo da TRANSFORMAÇÃO, das fases lunáticas, ciclos marcantes.
Não sou tão pacata, mas "espoletada", como dizia minha avó.
Ah! Mas a idade e as mil pancadas recebidas no caminhar da existência, me fizeram amadurecer, ter medo. As víboras se alimentam de picadas, muitas delas mortais...
24 de outubro de 2010, 341 anos. Crescestes tanto que o "velho tabuleiro de xadrez" ficou esquecido no tumultuado centro, o Bagdá da floresta, uma vergonha. Os casarões "tombados" como Patrimónios históricos, caem a cada temporal,
memórias mortas e enterradas de um povo sem...
Busco notícias nos jornais, um se destaca pelo valor 0,25 (vinte e cinco centavos), o mais lido DEZ MINUTOS, prova cabal de que o povo gosta de ler, desde que o valor caiba no bolso e responda suas indagações. Ele o faz, conheço pessoas que deixaram de lado a Playboy e encontram as meninas no DEZ.
O Centenário Jornal do Comércio, A Crítica, o Amazonas em tempo, o Hoje, o Diário do Amazonas, o Maskate, as matérias mostram a fase catastrófica da cidade, MANAUS, mostrando de peito aberto o descaso nas exigências dos licenciamentos, cumprimento de normas legais e portos improvisados desmoronam levando barranco abaixo incontáveis contêineres e soterrando vidas cobertas pelo sangue da vergonha. Até quando?
341 Anos. AH! MANAUS! Onde está o elemento incentivador para festejar tua data máxima?
Antes a cidade se enfeitava toda para juntos cantarmos teu hino:
"MANAUS, TERRA DAS FLORESTAS, TERRA DAS CASTANHAS E DOS SERINGAIS.
MANAUS, TERRA DOS BARÉS, DOS IGARAPÉS, RIOS COLOSSAIS"
Envergonho-me como Manauara e tua filha presenciar a crueldade praticada pelos governantes, nos aterros dos últimos filetes de água dos "saudosos igarapés" que circundavam a cidade. Serão estradas, monotrilhos, praças, edificações, enquanto presenciamos o aumento da temperatura, temporais assustadores, rios secos, o Rio Negro seco, o Igarapé da pancada, do Quarenta, do Mestre Chico, do São Raimundo, do Mindú e tantos outros, secos, a orla de Manaus tórrida. Castigo de Deus, maldição dos rios, do jeito que vai nem a Senhora da Conceição, Padroeira da Cidade, abençoará nosso povo, nossa gente, tombaremos antes de 2014, quando para muitos Manaus será "diferente"...
AH! MANAUS! Continuo buscando a alma poética para te aplaudir, participar de tuas festas.
Pela telinha, o Brasil inteiro participa do que pra eles será a maior festa de festejos a ti.
BOI MANAUS.
São três dias de festas no sambódromo, regada a bebidas, muita dança, enquanto aumentam a violência, os assaltos, Ã s mortes. Contagem feita apenas para as estatísticas.
MANAUS, merece tudo de bom, todas as festas, bolos, velhinhas.
Sou poeta e tenho o dever de delatar as mazelas de uma época, de cantar em prosa e versos a grandeza quando existe de melhorias para todos.
Pelo andar da carruagem, além das festas, parece que Deus esqueceu de nós, a Virgem da Conceição, padroeira da Cidade, chora em ver nossa Manaus caindo aos pedaços. É maldição de certeza.
Deus nos proteja e mesmo assim.
PARABÉNS MANAUS.
Ana Zélia( 23.10.2010)
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Nota da autora- Penso numa Manaus onde seus filhos não precisem odiá-la por falta de emprego, por ter portas fechadas, por precisar de um QI (quem indica) para exercer funções simples.
Almejo uma Manaus que não me faça e nem faça a outrém chorar de vergonha de se dizer Manauara. Não podemos continuar vivendo de fachadas, de aventuras praticadas pelos que desejam ganhar fama e dinheiro à custa de nossa cidade e os lucros serem gastos bem distante daqui. Não posso e nem devo calar diante de tanta imbecilidade praticada contra nós. Manauaras. Ana Zélia
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