Justapondo
O sujeito, por vezes exige companhia. Não gosta de ficar só. Bate o pé, solicita palavras que complementem o seu sentido. Quer ser explicado nos mínimos detalhes. Exagera na vaidade. Está sempre emoldurado por vírgulas. Como se vírgulas, fossem rococós.
Postando o APOSTO:
1- "Carlos, o marceneiro e José, o perneta, altercaram-se defronte a casa do Boni, o pintor e de Jaime, o mecânico. No princípio, todos os vizinhos espiaram pelas frestas. Não demorou muito, o quarteirão saiu da toca. Virou festa! Carlos, o filhinho de papai e Rogério, o ‘traveco’, adoraram!"
2- "Joaquim, o padre e Júlio, o ex-detento, finalmente se defrontaram no confessionário. A igreja estava abarrotada de convidados e flores. Aproximava-se o momento do casamento. Os que lá aguardavam, entreolharam-se. O véu e a grinalda cintilavam. Júlia, a noiva e Carlos, o noivo, lívidos, congelaram. Mansamente, todos foram deixando o ambiente. Permaneceram o padre e o detento (ex), condignamente velados pelos pecados."
3- "Maria, a ‘virgem’ e Joana, a ‘galinha’, estranharam-se no forró do Kiko, filho de Chicão. Disputavam Ricardo, o garanhão. Atracaram-se no banheiro. Tânia, a faxineira, tentou separar as duas. Foi tudo em vão. Maria levou um beliscão e Joana saiu depenada e com um arranhão. Tânia, a mais prejudicada, descabelada, derrubou o balde no chão. Pediu ajuda à Mercedes, cunhada de Chicão. Ela lhe estendeu a mão. Tiveram que usar o esfregão, para não levarem um sabão. No meio da confusão, ninguém viu e o Ricardão sumiu. Abraçado com João,o ‘saradão’, subiu as escadas e fugiu com o caminhão."
Heleida Nobrega
|