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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (70) -- 15/03/2013 - 12:02 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (70)

A última vez que tomei ciência da eleição de um pontífice, foi há mais de cinquenta anos. Com a morte de certo Pio XII, subia ao trono de Pedro, um homem gordo, bonachão e humilde que adotara o nome de João XXIII. Apesar de decorridos todos esses anos, sabemos que Angelo Roncalli, seu nome de origem, era muito querido pela nação católica. Sua função, bem diversa da estoica gerência anterior, era revitalizar a organização religiosa via evangelização e a busca da paz internacional bem como a ajuda aos pobres do mundo. Nessa época eu ainda mantinha uma estreita relação com a fé e suas referências. Lá nesse tempo parecia haver também um entusiasmo entre os jovens, tanto que participei de uma organização denominada JEC, juventude estudantil católica. Depois dessa era de "iluminismo" às avessas, fui apresentado por um contemporàneo mais velho do que eu, ao conjunto literário que me viria transformar indelevelmente meu sistema de crenças/valores. Já mencionei alhures um pouco desses episódios. A leitura a qual tive acesso era basicamente materialista. Esses textos, mesclados por meu interesse pela política e pela sociologia, me conduziram a autores como Marx, Engels, Opárin e toda a plêiade de escritores da Academia de Ciências da Rússia. Tratava-se de uma guinada de 360°, de alguém que viera de um acomodamento dogmático, para o ingresso no mundo do questionamento, da dialética. Meu interesse foi tão grande que mantivemos durante um bom período, um grupo de estudos sobre o socialismo e suas correntes. Não por acidente me tornei agnóstico e trotskista.
Nesta semana, quando da expectativa mundial para os preparativos milenares à eleição de um novo líder católico, o arrefecimento sobretudo crítico, tomou conta de mim. Creio que não sinto o mesmo afã anterior por esse ritual, que, embora iluminado por etapas místico-ideológicas, não me diz absolutamente nada. Considere-se não somente o interregno, mas os novos interesses do homem contemporàneo, que, se não lhe tocam diretamente, ao menos não lhe inspiram nenhum entusiasmo. E venho presenciando isso entre jovens. A própria instituição sabe que está diante de grandes desafios e disso está ciente o novo pontífice, porque instado a ler um dossiê que relata a atual problemática por que passa a Cúria romana. Fosse apenas a concorrência com outras seitas, tudo bem. Trata-se todavia de enfrentar a inevitável marcha da sociedade, suas demandas e seu moderno entendimento da interface natural/sobrenatural. A par da expectativa interna e externa à igreja, o acordo político parece que deu certo: a resultante da fumaça branca recai sobre alguém macaco velho no ofício e de cujo caldo conservador aparenta ser o caminho do meio nesses tempos tortuosos. De fato, eu como a grande maioria do homem comum, não ouvimos falar antes com algum destaque na mídia, do nome desse cidadão ítalo-argentino. O grande interesse da mídia também conservadora deve ter sido satisfeito, principalmente porque seus correspondentes no Vaticano sabiam tanto ou menos do que nós meros espectadores. Tão misteriosos quanto os procedimentos adotados a portas fechadas serão também por algum tempo, os pré-requisitos que nortearam a construção do perfil do novo/velho líder. A mesma mídia que cria factoides é incapaz de supor que o clima interno teria sido o mesmo da bolsa de apostas ao redor de toda a Europa. Claro que há lobistas pra tudo, inclusive para tornar o terreno menos propício ao uso do solo. Depois da chaminé dar conhecimento ao mundo do milenar habemus papam, permanece nas pessoas um estado de alívio e/ou de contentamento. Afinal de contas, esperar por mais de horas o parto de um líder é diferente de poder influir em sua escolha, como uma espécie de referendum ou plebiscito. Há gosto pra tudo. Um fiel, por melhor que seja sua mais profunda intenção, não poderá jamais participar de uma eleição dessas. A instituição é tão antiga quanto antiquada. As tais bases como chamamos no seio da militància partidária habitual, não têm a mínima relevància. No meio de duzentos macróbios com sua vistosa indumentária e seu currículo ímpar, deve existir a mesma vaidade e igual jactància que existe entre homens comuns.
Algo que a mídia internacional tem dado destaque é o fato de nosso argentino papa ser jesuíta. Particularmente não visualizo tanta vantagem nisso, não. Quem viu o filme "O nome da rosa", de um roteiro adaptado do livro de Umberto Eco, saberá a que me refiro. Do ponto-de-vista do carisma, traço importante num gerente dessa estirpe, tudo leva a crer que o latino-americano é possuidor. Vamos ver, nós que não somos católicos mas que não torcemos contra, até onde irá a capacidade de Francisco I em catalisar os melhores resultados no universo católico. E ainda, se sua humildade for capaz de influir positivamente no homem contemporàneo para que respeite mais seu semelhante, a batalha primeira está ganha. Só não estranhem se o ínclito pontífice tentar convencer por palavras e obras, o segmento vegetariano a consumir a picanha argentina. Ou pior, pelo poder da persuasão, el vecino Francisco demover o baixinho /gordinho Maradona a parar de falar bobagens na mídia global.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
14.03.2013

(AOS POETAS, INCLUINDO A MIM MESMO, MEU GRANDE ABRAÇO PELO DIA DA POESIA)
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