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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (72) -- 22/03/2013 - 11:46 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (72)


Uma gentil leitora dessas linhas, a quem conheço apenas virtualmente, me envia mensagem. Nela está uma solicitação para que eu lhe dê uma força pro seu talento literário. Precedida de desculpas, a mensagem também pede para que eu proceda a uma análise de sua escrivinhação. SAC, a sigla do seu nome, não deve ser confundida com "serviço de atendimento ao cliente". Ainda não respondi ao e-mail, mas enseja-me fazê-lo agora. Em princípio, caríssima SAC, esclareço que sou apenas um autodidata dedicado e pleno de "errata". Por isso mesmo insisto na talvez ilusão de que meus amáveis contatos, que são muitos, continuem tolerando essas invasões à sua privacidade sagrada. De fato, por cultivar a leitura desde tenra idade é provável que me arvore sem nenhum temor, a expor meu ideário, meu opiniário. Convicto estou de que, quando não lhes provoca interesse, eles usem a tecla "delete" que em português quer dizer, delir, apagar, se ver livre. Sei também que uma minoria gosta do que escrevo. Talvez um terço, quem sabe um quarto, não sei. Há no fundo disso tudo, determinada necessidade de por para fora o que se me passa por dentro. Notei que você mesma, cara SAC, diz que exploro os mais diversos assuntos. Acrescento: desde que estejam ao alcance de minha ignorància iminente e do meu jus esperniandi, isto é, de minha indignação regular de brasileiro nato. Você salienta que costuma escrever para mulheres, nada mais justo. Espero, do oco de minha reclusão, seja um rol de assuntos que interesse ao sexo forte, as mulheres, mas que não necessite mergulhar em maneirismos corporativistas. A propósito, a pauta feminina de reivindicações é muito mais extensa do que a dos homens.
Aproveitando esse gancho, já começo a elogiar seu intento que justifica por si só seu interesse em mergulhar na tarefa machadiana. Confesso, distinta leitora, que eu, um homem de origem humilde, jamais agiria presunçosamente quanto a orientar sua possível carreira literária, tecendo linhas de ação a isso ou aquilo. Não tenho autoridade nem base educacional para tanto. De uma coisa contudo estou seguro: sem leitura não há nenhuma condição para se poder e querer ingressar no mundo literário. A menos que alguém, de maneira esotérica, escreva livros, ensaios e tratados. E disso os kardecistas não abrem mão. Eu particularmente gosto muito de Machado de Assis e Graciliano Ramos, mas nosso universo de letras aponta para muito mais gente. Já que você, nobre SAC, é mulher e disso se orgulha, recomendo que leia imediatamente (se já não leu), uma escritora que residiu no Recife, na Praça Maciel Pinheiro, especificamente. Trata-se de Clarice Lispector. Se você já leu, releia. Se ainda não conhece a obra dessa mulher de origem russa, não poderá se imiscuir no mundo misterioso e fantástico da arte de escrever. Com isso, com tal recomendação, não estou querendo excluir as demais escritoras brasileiras, longe de mim. O Brasil hoje é um celeiro promissor e faminto de principiantes escritores. Ademais, este ramo da arte não é uma exclusividade que se limite na questão do gênero. Na história da literatura, registram-se muitos casos de casais literatos, criaturas que expuseram ideias e pensamentos a duas cabeças. Na ciência se encontra gente de renome internacional, como simples exemplo, a família Curie. Um outro aspecto fundamental para que alguém se lance na literatura é frequentar um curso regular. Atualmente, inclusive de forma não presencial, já se conta com bons cursos intensivos, através da internet. (Não se exclua aí o binómio talento x vocação). Quando mencionei aqui meu quase absoluto autodidatismo, não quero dizer que não tenha tomado conhecimento de alguma teoria sobre o assunto. Mas, salvo engano, sem leitura continuada, não se pode por uma ideia no papel. Sei também que neste país existe certa preguiça de leitura, embora já tenha melhorado um pouco. Esse macunaismo é fruto de outros aspectos ligados ao hábito familiar. Se a família não estimula a prole para conhecer a narrativa silenciosa e imaginária de uma trama literária, o bonde não anda. Na pior das hipóteses, abrir um livro já melhora os níveis de serotonina, ao menos no meu caso. O contrário disso é o autor do livro aumentar sua adrenalina, pela irregularidade dos direitos autorais pagos.
Finalizo contando a você, querida SAC, uma historinha que me foi narrada por um antigo livreiro, que se tornou meu amigo e a quem não vi mais: Tarcísio Pereira. Ele era um voraz leitor, genro de escritor e foi por muito tempo referência cultural, mesmo porque mantinha um bloco carnavalesco chamado "Nóis sofre mas nóis goza". Nossa amizade se estendeu durante todo o tempo em que a livraria "Livro 7", sobreviveu na rua Sete de Setembro, no centro do Recife. Contou-me ele que certa vez, o sábio e humilde d. Hélder Càmara, a quem tive a honra de conhecer, teceu o seguinte comentário ao entrar na livraria e encontrar uma moçoila lendo um livro com visível interesse: "Leia minha filha, leia; leia nem que seja sacanagem". Acredito que o livreiro não haveria de mentir por tão pouco. Ainda mais porque se trata do incentivo de alguém que houvera escrito tantas páginas de reflexão e sabed
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