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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (74) -- 29/03/2013 - 07:52 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (74)

Não tenho como constatar se a gente contemporànea treme nas bases diante de previsões periodicamente bombásticas. Refiro-me à constante ameaça escatológica do fim dos dias, do mundo e da História. Há inclusive um livro quase recente, escrito por um filósofo americano de Chicago-USA, cujo título é "O fim da história e o último homem"*. Eclipses parciais ou totais, fenómenos que já se tornaram comuns, não assustam sequer crianças de curso fundamental. Banalizações se tornaram ações ou teorias que foram tabus um dia. Os canais de televisão por assinatura exibem durante o ano todo, documentários e programas-pesquisa sobre os mais diversos campos da ciência e do conhecimento. As indagações do jovem estudante contemporàneo são de outra ordem e não mais sobre por que no inverno as noites são mais longas. Dúvidas sobre sexo e comportamento são dirimidas em revistas e textos pseudocientíficos, ainda que sob a ameaça de serem interditadas em sua publicação. E o que seria do direito de livre pensamento e expressão? Público para lê-las não há de faltar. Saliente-se, entretanto, que há muito que se descartar e tal atitude fica a critério e gosto de quem desenvolveu um mínimo potencial. A construção do senso crítico pode se dar de duas maneiras: pela recorrente instigação cognitiva e/ou pelo renome da publicação que a revela a um público interessado. É notório dizer-se que o divulgado numa revista de renome e credibilidade internacionais, tem muito mais ressonància do que em certas revistas semanais de informação superficialmente digerível.
Mas uma informação científica, por suposto, não deve interessar sob certa medida a um leigo. Até porque ele ou ela não iriam entender seu conteúdo, por melhor que fosse sua intenção. A impressão que se nos passa é de que todos têm pressa e querem alcançar o prazer sem muita preocupação com momentos de preparação preliminar. Existe no ar um sentimento de querer aproveitar tudo, mesmo que seja um pouquinho de cada parte do todo. Tem-se a impressão de que tudo além do ser é inalcançável e por isso é justo que se aproveite o menor detalhe do menor detalhe. Na era do descartável, goza melhor quem goza em sua inteireza e no menor tempo possível. A ideia de curtição lenta e gradual, caiu por terra e, como não há espaço para todos, há que se recorrer à lei do mais ágil, do mais esperto. (Não seria isso uma analogia à corrida desenfreada do espermatozoide em busca do óvulo fértil?) Conceber um sistema de avaliação a tudo isso talvez fosse inútil e impertinente. A menos que se aplicassem os sistemas já existentes que consistem em larga medida a buscar o mais alto nível de qualidade. E pelo jeito, pelo andar da carruagem, ninguém estaria tão interessado em perfeição, nesta quadra de fast-information. Por vezes me pergunto aonde irá se acomodar e exercer sua capacidade intelectual, essa população de jovens que anseia em entrar para o mercado de trabalho? Com o agravante de que a grande maioria não tem quase nenhuma convicção do que realmente deseja querer ser como profissional. Todos nós, hoje velhos e maduros passamos por isso, mas num tempo em que a oferta parecia maior do que a demanda. Ademais, o leque de opções aumentou criando novas profissões e novos desafios num mundo instável em todos os seus aspectos. Esse sistema de valores vigente parece querer criar uma espécie humana identificada com aquele hedonismo construído nos tempos áureos do helenismo, produto do costume/pensamento da Grécia antiga. Correndo em paralelo, numa velocidade quase da luz, segue incólume a pesquisa científica, para a qual não parece haver limites, ao menos humanos. O homem contemporàneo, não mais uma ilha mas um grande arquipélago de invenções e descobertas, tudo o que sua mente criativa pode oferecer. A neurociência, em sua marcha lenta mas produtiva, abre novos horizontes, induz a remotas respostas para as quais o homo sapiens sapiens, jamais imaginou obter. São pequenas janelas que se vão abrindo, minúsculos vãos que proporcionam ao cientista contemporàneo o grande desafio de novas conquistas. Enquanto nas curtas-longas noites de farra e entretenimento, jovens se esbaldam sob o som ensurdecedor de sua inacabada juventude, um silêncio criativo científico busca novas fontes, através de tentativa e erro nos laboratórios do mundo. O neurocientista, de atividade recentemente estabelecida, aumenta a possibilidade de buscar novas curas para doenças já antigas. O estudo diuturno do funcionamento do cérebro humano é algo que perpassa a mera curiosidade da pesquisa científica. Constitui nos nossos dias, como que sendo uma questão de honra para a comunidade científica. Esse pequeno e devotado exército de soldados do conhecimento, proporciona à humanidade a síntese causal de suas inquietações. Mesmo sob a ameaça de perder ou ganhar a batalha. Mesmo a despeito de não poder ainda responder suas mais recónditas questões filosóficas ou desconhecer quase por completo, qual o sentido imposto a tudo isso.
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*FUKUYAMA, Francis - "The end of History and the last man", 1992
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
26,03.2013
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