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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (81) -- 11/04/2013 - 08:00 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (81)
"Quem acha vive se perdendo"
Feitio de oração - NOEL ROSA

O achismo ou achologia são termos cúmplices criados na linguagem das ruas. Além de uma forma popular, significam a mesma coisa e para facilitar o discurso, adotemos simplesmente achismo. Numa recente conversa num famoso bar camaragibense do km 9, na estrada de Aldeia, "Zé do mé", comentava-se a trivialidade do achismo. De fato, o frequentador, um homem viajado e experiente, estava tentando explicar detalhes de dado assunto e ele próprio encorpou seu argumento, contrapondo-se ao achismo.
Todos sabem que se vive numa época em que muita gente ou a grande maioria "acha" tudo, ou quase tudo. Talvez o não acesso às fontes ou a falta de hábito de leitura, conduzam o homem comum a achar isso ou aquilo. Na maioria das vezes a assertiva, seja ela qual for, é resultante de ouvir dizer. Essa prática pode não ser perigosa, mas é meio perniciosa em si mesma. Há outras razões para alguém, inocentemente ou não, emitir uma informação sem saber a fonte e ao bel-prazer do ritmo da conversa. Isso tem ocorrido comigo, com você e com seu melhor interlocutor. Claro que às vezes, por falta de algum pingo de certeza, soltamos uma informação que pode estar equivocada. Faz parte de sua naturalidade.
Ou ainda, porque não saímos da superfície da notícia ou da informação. É por esse motivo que um editor exige veementemente dos seus repórteres, a fidedignidade da fonte. Diante disso repousa a integridade da notícia e a veracidade que a reveste. Um falso alarme em jornalismo é algo muitas vezes perigoso para o status de uma mídia, qualquer que seja ela. Mas não vou me insuflar nessa seara, até porque não sou do ramo. O que a mim me cabe é comentar essa epidemia de achismos nos dias correntes. A comunicação oral é indubitavelmente a mais antiga praticada pelo homem desde os primórdios da civilização. É o que chamamos de disse-me-disse, ou marketing boca-a-boca. Excluindo-se os sinais efetuados por fumaça, cuja patente é indígena, o ser humano contemporàneo e o do futuro, consumirão todo seu tempo durante acordado, falando.
Não se considere aqui a fumacinha branca bastante antiga, anunciando o "habemus papam". É outra história. Ressaltem-se também as principais lacunas educacionais que levam pessoas a falar errado ou pronunciarem, por atavismo, palavras equivocadamente. Desde sempre me indago porque gente devidamente letrada tem o hábito de falar "pra mim fazer". E olha que se encontra esse errinho no Sudeste do país, bem mais do que no Nordeste. Ouvi muitas vezes um apresentador, bacharel em Direito, dizer: "Explique pra mim aprender". O menos aplicado aluno da flor do Lácio, a língua portuguesa, sabe que essa é a forma obliqua do pronome. Tudo bem, se perdoa o incauto, todavia, parece soar mal se disser "pra eu fazer"?

Muito pior é asseverar "verdades" que, apesar do seu populismo e do conhecimento insuficiente, não constituam verdade. Exemplo é de todos dizerem em qualquer circunstància: "Tudo é relativo". Foi por essa razão e noutro contexto, que Bertrand Russell resolveu escrever "ABC da relatividade", explicando as teorias de Einstein. E fica muito mais claro, embora não tão aplicável no cotidiano, saber-se que:

"...isso, naturalmente, não faz sentido, porque, se tudo fosse relativo, não haveria coisa alguma em relação à qual tudo fosse relativo". (sic)

Com tal explicação ele quis dizer que tudo existente no mundo físico é relativo a um observador. Do trem do metró, se você olhar para o alto e estiver passando um avião, a impressão que se tem é de que a aeronave permanece parada no espaço. Outras mil maneiras de se dizer popularmente frases que se tornaram emblemáticas é citar os livros da bíblia sem jamais tê-los lido. E as pessoas têm a mania de assim proceder. Por vezes, por ter cometido alguns erros dessa natureza em minha vida, resolvi, ou ficar calado ou quando tenho alguma certeza, dizer simplesmente "penso que". Sobretudo porque nada é definitivo, sequer certas "teorias". O fenómeno do boato é outro sério aspecto da comunicação oral.
De certo modo, aquilo que não era, termina sendo. E muitas vezes acarretam danos à comunidade e à sua população. O "ruído", termo técnico no campo da comunicação humana é tudo aquilo que envolve a dificuldade de decodificação, de entendimento. Como se sabe, um sinal emitido pela metade, pode não causar nenhuma reação, mas poderá se tornar um grave problema para quem o recebe. Por trás de todo esse emaranhado de situações vexatórias, a clareza da comunicação é que transforma um deficiente decodificador, em um receptor de alta fidelidade.
O achismo está em toda parte. Menos leitura haja mais achismo prevalecerá. Todos sabem que a teoria foi criada a partir da observação de fenómenos, daí a ciência levar anos para sacramentar uma descoberta ou uma invenção. Não pode ser à base de achismos que a sociedade se permite melhorar suas deficiências. Quanto mais prudência houver no pronunciamento de uma assertiva, menos males ela poderá provocar. Não é à toa que a placa na rodovia avisa para o condutor: na dúvida, não ultrapasse. Portanto é melhor não se achar nada sob pena de se ser achado muito antes e apanhado de calça curta.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
09.04.2013
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