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cronicas-->Viagem sofrida -- 11/05/2001 - 09:28 (Clair Ienite Gobbo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Apesar de ser verão, aquela noite no centro da cidade do Rio de Janeiro não estava marcada por sufocante calor.
Como sempre fazia às sextas-feiras, engrossava a fila do ónibus para retornar à sua casa que ficava em distante subúrbio.
Ao engrossar a fila do ónibus, se dava ao luxo nesses dias da semana de nela permanecer até que lhe fosse possível escolher melhor lugar onde sentar-se no coletivo.
Nesses dias, cumpria seu ritual. Antes de ingressar na fila, passava na banca de jornais e adquiria uma ou duas revistas que pretendia ler durante sua viagem.
E assim procedeu; de posse das suas revistas e após escolher seu assento no ónibus, se posicionou no banco contíguo ao do cobrador, justamente naquele banco que ficava em posição de destaque porque se situava em plano mais elevado.
Sentado naquele banco em posição de destaque, buscou chegar-se à janela do coletivo, por onde poderia melhor desfrutar da brisa que nela penetraria, quando do deslocamento do ónibus.
Com o ingresso de outros passageiros no coletivo, eis que no mesmo banco em que sentara, vem ao seu lado se sentar gorda senhora, acompanhada de seu filho não menos rechonchudo, um molecote com mais ou menos uns 12 anos que ela buscava acomodá-lo em seu colo, com alguma dificuldade.
Claro está que, em virtude disso, nosso personagem se viu completamente espremido em seu canto, cujo lugar bem há pouco fora por ele mesmo procurado e escolhido porque se mostrava o mais aprazível.
E a rechonchuda senhora, espremida pelo molecote, também espremia o nosso personagem.
E assim a viagem prosseguia; nosso personagem, apesar do desconforto, mesmo assim se dispós a tentar folhear uma das suas revistas, sem sucesso, porém.
Seu desconforto era completo; mal acomodado, se sentia apertado em seu surrado terno, sufocado ainda mais pela gravata que ostentava, cujo nó imediatamente desfez.
Porque morava quase ao fim da linha do ónibus, passou a imaginar que, momentàneo seria o seu desconforto, se os inconvenientes colegas de viagem saltassem antes do seu destino, liberando maior espaço em seu assento.
E prazerosamente se concentrava nessa feliz idéia, quando sua atenção foi despertada por estrepitoso estrondo.
Um dos pneus do coletivo havia estourado, aumentando ainda mais o suplício do nosso personagem já que isso certamente representaria atraso da viagem, forçando-o a chegar à casa em tardias horas.
Contornado o incidente, o que consumiu preciosos 60 minutos, o ónibus voltou a prosseguir seu destino, em reduzidíssima velocidade, muitas vezes interceptado pelo congestionamento de veículos que se postavam à sua frente e nas laterais.
Após assim o ónibus prosseguir durante algum tempo com o seu constante para-e-anda, o molecote começa a dar sinais de inquietação, sendo prontamente repreendido por sua gorducha mãe.
Apesar das repreensões, o molecote mostrava-se cada vez mais inquieto, obrigando sua mãe a melhor acomodá-lo entre suas rechonchudas coxas, espremendo, mais e mais o nosso infeliz personagem.
Em um desses momentos de inquietação, eis que o molecote diz à mãe que vai vomitar e, ato contínuo, sobre nosso personagem despeja todo o produto do seu vómito, inutilizando as revistas que este portava.
Ensopado de gomosa substància à qual se misturavam resíduos diversos, nosso personagem, se antes torcia para que seus colegas de viagem logo saltassem, agora já pensava diferente e quase a eles suplicava para que no mesmo local continuassem porque somente assim poderia ficar escondidinho no seu canto, sem deixar a tantos perceber que estava em péssima situação causada pelo vómito que seu surrado terno logo absorveu.
Infelizmente, eis que a velhota e seu adiposo filho logo logo saltaram do coletivo, deixando nosso personagem completamente desguarnecido, porque sem qualquer cobertura física que pudesse impedir a visão do seu lastimável estado.
E saltando do coletivo mãe e filho, logo outros passageiros no coletivo ingressaram e em busca de acomodação, sempre se dirigiam para o único banco que tinha lugar vazio, exatamente ao lado do nosso personagem, e imediatamente dali se afastavam dizendo, para seu desespero: "tem nego bebo aí !"
E foi nosso personagem assim sofrendo até o final do seu destino, quando saltou do coletivo e com toda a pressa dirigiu-se para casa, ali sendo recebido por sua adorável esposa que, à vista do seu lastimável estado mas considerando o adiantado das horas, com cara de poucos amigos e com ar de deboche foi logo lhe dizendo "A farra estava boa, não?"
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