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Cronicas-->Fernão de Noronha Capelo -- 12/04/2013 - 16:00 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Imagem: esqueci.nte

Aborrecia-se com os colegas que zombavam de seu nome: “Fernão Capelo tem pena de gaivota no cabelo.” As afrontas, embora ingênuas, feriam sua autoestima, mas, apesar dessas lembranças, sentia saudade dos tempos de colégio no Joaquim Nabuco.  A galhofa que lhe faziam do  nome, deixou marcas que permaneceram na vida adulta. Ele só se apresenta como Fernão ou como Noronha. Nunca Fernão de Noronha  nem Noronha Capelo, para evitar associação ao pássaro de Bach. Perdera, no entanto, o apelido quando voltou com quinze anos para o Rio de Janeiro.

Inquieto, Fernão acionou o serviço de bordo. A comissária aproximou-se:

— Pois não, deseja alguma coisa, senhor?

— Estamos voando baixo, disse ele.

— O Senhor está enganado! Estamos em nível de cruzeiro, a trinta e seis mil pés.

— Vejo o azul muito próximo.

— Sim, o céu é lindo porque é azul da cor do mar. Fique tranquilo, o comandante Hemor é muito experiente. Qualquer dúvida pode chamar-me novamente.

Aproveitando o clarão do relâmpago, Fernão olhou através da janela, captou a imagem de fora e reconstruiu a frase da aeromoça: “O céu é lindo porque é azul.” Refez várias vezes... “O céu é lindo porque é azul da cor do mar”. 

— É isso, o mar é azul da cor do céu. Vejo o mar debaixo de meus pés.

Ele se destacara como um dos melhores cadetes de sua turma. Mas, naquele momento, teve medo de voar. Tinha conhecimentos técnicos de aeronave, navegação aérea, teoria de voo aerodinâmico e segurança. Fora preparado para tomar decisões acertadas em situação de emergência e naquela hora, não pôde, contudo, evitar que uma constipação o apanhasse subitamente.  Não sabia se era emoção por aproximar-se o momento de ter em mãos o seu brevê ou de estar viajando com Vannini. Calma, Fernão, calma! — dizia ele para sua alma: “Em situações de emergência é preciso ter calma. É preciso fazer tudo que tem que ser feito”. E dirigiu-se ao toalete.

No trajeto, deparou-se com uma pessoa que lhe pareceu conhecida...

— André, é você?

— Sou André Albuquerque.

— Não te lembras de mim? Fomos colegas no Joaquim Nabuco!

— Gaivota! Não acredito? Quanto tempo!...Não te importas mais com este apelido, não é mesmo?

— Claro que não! E até tenho muita saudade do colegial. Recordo-me de estar pronto para te dar um soco, quando,suavemente, me deste uma tapinha nas costas, dizendo: “Brincadeirinha, amigo!”

— Lembro perfeitamente, disse André.

Os dois riram, e, entre o sorriso e o medo, uma turbulência cortou o diálogo. Alguém gritou:

—Vamos estourar!...

 

Esta Obra está Registrada em nome do autor Adalberto Antônio de Lima sob o número 135897704703377000, o Certificado Digital de Direito Autoral atesta este registro http://www.textoregistrado.com.br/exibetexto.php?cod=135897704703377000&cat=textoreg

 

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