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Cartas-->Um carinho para Carolina * -- 15/09/2006 - 01:39 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Querida Carolina




Há 8 meses e dez dias você decidiu que precisava retornar mais uma vez. Espiou lá de cima e escolheu sua família: pai, mãe, irmão. Para não ficar solitária, optou por ter a companhia de uma irmãzinha igual a você. Uma benção especial. Sua irmã entendeu a missão pela qual deveriam aportar novamente por aqui. Haveria uma troca. Vocês tirariam lições da vida e por sua vez, ela exigiria que vocês ensinassem aos outros o que pudessem aprender de melhor. Sei que estava insegura quanto a viagem. No entanto, você entrou com coragem, tal qual sua irmã. Considerando que ambas adentraram no planeta antes do tempo, sabia que ia ser delicada a estadia de vocês na maternidade. Vi-a logo após o nascimento. O vidro deixava transparecer a semelhança entre vocês, apesar do inchaço. O clarão da imagem iluminou meu coração. Amei-as intensamente. Duas lindas e miúdas meninas: Fernanda e Carolina. As malas cor-de-rosa estavam no quarto com as roupinhas para o período de permanência no berçário. No entanto, ambas precisaram ficar sob a guarda do casulo de vidro, num lugar que chamam de UTI. No sexto dia, sua irmã vestiu um lindo macacãozinho e foi transferida para o berçário toda enroladinha na manta que sua avó trouxera de Portugal. No sétimo dia, por orientação médica, sua irmã teve que deixar a maternidade, assim como seus pais. "A vida lá fora continua", disse o pediatra... Você assistiu todo esse movimento sem oportunidade de rebelar-se. Fez uma tentativa extraordinária para não ficar para trás, contudo, seus pulmões não acompanharam o esforço. Mãos delicadas, porém estranhas devolveram seu frágil corpinho à redoma que respira e que não lhe deixa faltar ar. "É preciso que o pulmão amadureça", disse o médico. Eu vi duas pequeninas lágrimas escorrerem por suas faces. Eu senti gosto de sal. Essas gotinhas salgadas juntaram-se as já derramadas por seus pais que não queriam deixá-la. Agora, Fernanda dorme em seu berço. O outro, permanece vazio. Sei que sua mãe levanta bem cedo e vai para perto de você todos os dias para amamentá-la e depois armazena seu leite para que você não perca nenhum horário de aleitamento. Sei que se sente solitária, Carolina, razão pela qual decidi escrever-lhe essa carta. Desejo que saiba o quanto Fernanda e todos nós gostaríamos que estivesse conosco. Gabriel, seu irmãozinho ainda não conhece você e quando viu Fernanda, disse: “Minha irmãzinha não quer brincar comigo.” Como vê, Carolina, foi a vez dele ‘cair na real’. Ele não sabia que Fernanda ainda não sabe de nada... nadinha de nada! Imaginava que vocês fossem chegar prontas para brincar com os carrinhos, quebra-cabeças, etc... A vida aqui fora é assim, Carolina, um desafio após outro. Todos os dias a gente conhece uma coisa nova, uma palavra que nunca tinha ouvido, intui uma rima, recebe um carinho de quem não esperava. Bem Carolina, com certeza você já percebeu que sua avó fala e escreve demais, mas não poderia deixar de registrar que nada ficará completo do lado de cá, enquanto você estiver do lado de lá. Não se preocupe com a bagagem, Todas as suas coisinhas já estão ajeitadas na cômoda e no armário. Você ganhou uns vestidinhos lindos! Vamos, Carolina, respire com paixão para que o seu coração pulse e fique pleno de entusiasmo. Abri todas as portas e janelas. Quero ouvi-lo daqui.

Psiu!


Mais forte, Carolina!


Permaneça sob a benção do Criador e que os delicados fios que tecem a sua biografia possam se inspirar nos feitos dos anjos com a ajuda do Espírito Santo e complacência de Nossa Senhora, MÃE.


Um carinhoso abraço

Vovó



* para ser entregue na UTI NeoNatal da Pro Matre

(quem garante que ela não possa ler?)
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