Uma verdadeira arte
Carlos Lúcio Gontijo
Nada nos causa mais desalento que o contato com tanta gente sem talento em busca de holofotes e, em muitos casos, conseguindo a atenção da grande mídia, cada vez mais especializada na promoção de produtos culturais desprovidos de qualquer valor relevante ou capaz de contribuir, ainda que minimamente, para a construção de um mundo melhor.
Andamos preocupados com o futuro da arte da palavra escrita, pois fazê-la valer é uma peripécia de difícil materialização, uma verdadeira arte num mundo em que se conta mais gente que se diz poeta que consumidores de poesia. É mais ou menos como acontece no facebook, uma temerária terra de ninguém, onde todo navegante se transforma em jornalista, por detrás do biombo invisível da comunicação virtual.
São muitos os autores que escrevem um livro e sonham, com essa única experiência editorial, alcançar estrondoso sucesso, como se tivesse produzido inegável obra prima literária. Por muitas vezes, repetimos aos nossos leitores o episódio que experimentamos graças à sinceridade do fabuloso poeta Bueno de Rivera, símbolo maior dos intelectuais nascidos em Santo Antônio do Monte e detentor de uma poesia que ganhou o mundo, ultrapassando as fronteiras do Brasil.
Pois bem, convidamos o Bueno para prefaciar o nosso segundo livro, "Leite e Lua". Ele não se fez de rogado e nos brindou com o prefácio que lhe solicitamos. Todavia, mineiramente, cuidou de nos alertar em relação à necessidade de que trabalhássemos mais na procura de aprimoramento de nossos versos. Humildemente, abraçamos o conselho do mestre e só voltamos a editar novo livro dez anos depois, quando lançamos "Cio de Vento" - alicerce de nossa literatura e razão principal a nos encaminhar neste ano de 2013 para o nosso 16. livro.
Não existe nada mais difícil que exercer o natural processo crítico no âmbito artístico em nome da disseminação da verdadeira arte, podendo afirmar-se que atingir tal objetivo sem angariar ferrenhas inimizades é patamar completamente inalcançável. Afinal, a realidade inarredável, é que somamos entre nós maior número de ignorantes; pessoas que se nos revelam enraivecidas perante quaisquer críticas que lhes sejam feitas, ao contrário do sábio e bem-informado, uma espécie em extinção, que diante de observação contrária a seu comportamento se nos apresenta agradecido, ciente de que vive melhor quem vê a si mesmo como espírito em crescimento e, portanto, aberto a toda lição que o distancie da mediocridade e o conduza a algum aprendizado capaz de lhe iluminar a breve caminhada pelo planeta Terra.
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
Secretário de Cultura de Santo Antônio do Monte
www.carlosluciogontijo.jor.br