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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (83) -- 20/04/2013 - 11:02 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (83)

Com o aumento natural da população humana, deveriam crescer também as demandas correspondentes no atendimento a ela. Mais empregos, incremento nos recursos de sobrevivência, maior e melhor número de escolas e hospitais, melhoria no nível de responsabilidades. Este último item engloba a solidez e o equilíbrio da capacidade instalada para a sustentabilidade dos itens anteriores. Em condições normais, para um novo ser humano vir à luz é necessário um mínimo de recursos que apoiem sua chegada ao mundo. Nesse mínimo estariam necessariamente o apoio do Estado à maternidade e o acompanhamento médico/psicológico à mãe e ao rebento.
Claro que esse enfoque refere-se principalmente às camadas mais carentes da população. A rigor, sabe-se que a verdadeira pobreza é a extrema ignorància que gera mais pobreza; um círculo vicioso, pois. Se educação e saúde são deveres do Estado, por que o noticiário está repleto de mais problemas do que soluções? E o que leva a população a gerar tanta gente, principalmente entre adolescentes de baixa renda, com pouco acesso à informação científica? Que tipo de Estado se espera na atualidade: mais assistencialista ou mais tutor? Essas questões são cruciais para equacionar a problemática da sustentabilidade populacional.
As organizações internacionais prescrevem em seus tratados e convênios ao redor do mundo e dos países membros, receitas que são suficientes para equilibrar o boom populacional. Todavia, culturas mais exigentemente primitivas, não abrem mão de seus costumes, levando quase sempre em conta, valores místico-religiosos e superstições emanadas de
tempos imemoriais. Ao Estado não cabe intervir em tradições, por mais estranhas que sejam, a exemplo de seitas que proíbem os adeptos de doar sangue, ainda que para cumprir o ditame religioso, em detrimento de uma provável perda humana.
Entretanto, ao Estado compete orientar através de políticas públicas, ações que minimizem o sofrimento alheio e, pedagogicamente, redirecionar grupos e comunidades através de lideranças locais. Daí a existência da eleição de líderes em Conselhos Tutelares para orientar os mais necessitados a sustentar a vida de maneira legal. Não, não digo que seja fácil. Ainda se podem encontrar nesses dias de exagerada tecnologia, famílias que são adeptas da palmatória, do galho de goiabeira e de outros tipos de correção disciplinar. Ironicamente, inocentes professores são vítimas de ofensas e agressões físicas de alguns alunos.
Evidente que apenas esforços legislativos não resolvem, senão já teriam sido assimilados pelas populações. Cabe a política da exemplificação, isto é, mais exemplos devam ser evidenciados e levados ao conhecimento do todo para consequentemente melhorar a percepção das partes.
Quando menciono exagero tecnológico não quero significar que "é hora de parar". A tendência é que a criatividade científico-tecnológica evoluirá exponencialmente, ao contrário do comportamento e da conduta humanos. Ademais, poucos conhecem e se assenhoram de mudanças que se dão no mundo real. Passa-me pela cabeça, depois de receber um e-mail de uma internauta simpática, a suposição de que aparelho celular é que nem testamento bíblico: as pessoas aceitam e usam, mas não entendem muito bem como funcionam e quais seus inúmeros recursos.
Assim argumento porque ela, minha amiga carioca, acabou de me enviar uma longa mensagem intitulada "Você tem blutufe?"* É um texto-entrevista entre um usuário e um vendedor hábil que se encarrega de explicar-lhe o que significa blutufe. E dada a ignorància do comprador, um pai dedicado, as perguntas se seguem e são cada vez mais respondidas, como se fizessem parte de um hieróglifo. A esse tipo de terminologia, especializadíssima, só têm acesso os interessados em informática, isto é, os menudos e estudantes da área. No caso de políticas públicas, que visem ao atingimento da grande massa populacional, o bê-á-bá é outro.
Contraditoriamente, duvido que se possa encontrar nos nossos dias, em qualquer classe social, um adolescente que não saiba o que signifique camisinha. O acesso à informação assimilável que esteja voltada para a prática do dia-a-dia é de simples aceitação e aprendizagem. Basta dizer que funciona ora para o bem, ora para o mal. Fazer sexo hoje é algo tão banal entre a meninada, quanto jogar bola de gude em meu tempo de garotinho.
E o uso do preservativo, ainda que levemente ignorado por interferir diretamente na sensibilidade carnal é de fácil assimilação, tanto quanto carregar e destravar uma arma de fogo. Não sei se me perdoo por revelar uma noção um tanto "obscurantista" sobre o "crescei e multiplicai-vos". Nem me atreveria, no entanto, a construir propostas inovadoras sobre o que os estudos avançados já propuseram. Mas não me furto de afirmar que a
distribuição dos recursos de toda ordem é sobremaneira inadequada e um tanto desigual, quando se trata de planejamento familiar. Basta aumentar o raio de visão para a África negra e constatar esse quadro cruel e de difícil solucionamento. Ali, matar a fome é a única e principal medida para a preservação da espécie. Nós, sul-americanos privilegiados, talvez choremos de barriga cheia. Aqui, nestes tristes trópicos, o quadro humano tem outras cores e outro tipo de contrastes; por estas bandas, as classes abastadas já estão se dando conta de que uma família composta de quatro pessoas é de bom tamanho. E indubitavelmente a largueza e expressividade de sua conta bancária.

*BLUETOOTH: recurso tecnológico sem fio usado nas transmissões de dados e arquivos nos aparelhos celulares.

WALTER DA SILVA Camaragibe-PE
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