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Cronicas-->CASARÃO DA FAMíLIA -- 24/04/2013 - 18:32 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O casarão, por si só, é história. Não pelo monumento arquitetônico que não chega a ser, mas pelo que se viveu nele. É parte intrínseca de nossas vidas, principalmente dos sobrinhos, netos queridos de nossos pais. Foi nesta residência que a mamãe viveu os dias de maior conforto na vida. Ali ela pode usufruir as vantagens do bem-estar e lazer oferecidos pela tecnologia: televisão, telefone e outros aparelhos eletro-eletrônicos de entretenimento ou facilitadores do trabalho da dona de casa. Também no casarão pôde, antes de sua morte, reunir quase todos os filhos “debaixo de suas asas”. Mas, a  felicidade na terra é passageira, assim como a vida também é passageira. Naquele mesmo ano em que se mudou para Picos, Papai do céu a chamou para junto dele. Voou no silêncio da noite como um anjo, cujo barulho das asas não se ouve. De certo, na morada celeste que o Pai preparou para ela, lhe será dada toda recompensa por tudo de bom que fez: o leite com que nos alimentou, as incontáveis mamadeiras que nos preparou, as fraldas que trocou, as noites mal dormidas, o suor derramado, e acima de tudo o amor e carinho com que envolvia os filhos, colocando-os sob a sombra protetora de suas asas. Sua imagem de mãe bondosa está sempre presente em nossos corações, na certeza de que se somos um pedacinho dela aqui na terra, seremos uma porção redobrada no céu.

Os netos vindos pós 1967 não puderam ter a oportunidade de desfrutar do carinho de avó. No entanto, o casarão nunca deixou o lugar das reuniões de família, inclusive dos casados que já não estavam mais sob o mesmo teto.
Em 1973, seis anos depois da morte de mamãe seu sonho de me ver morando em Picos se concretizou. Fui transferida para servir no Complexo Escolar daquela cidade e passei a habitar o casarão. Naquele mesmo ano, papai sofreu uma trombose passando a viver durante quinze anos, na cruz com Cristo. Sofreu longos anos aqui na terra, até que em 08.03.1988, Deus o chamou para lhe fazer companhia na morda celeste. Fiquei, portanto, no casarão com Assis, Iracema, Wilzenir, Vilzedir e Vivian. Enquanto papai esteve no planeta terra e seus olhos brilhavam sobre nós, fomos filhos fiéis e responsáveis no cuidado com sua fragilidade física. Ele era o elo de ouro que unia a família, em torno de si, no amado e querido casarão da rua São Sebastião, 343 em Picos.

Tempos depois, saímos do casarão, edificamos nossas casas, mas aqueles dias permanecerão em nossas lembranças para sempre. Ele marcou a vida, principalmente dos sobrinhos que viveram ali a sua infância, peripécias e travessuras.É prazeroso falar do período de férias no casarão onde os sobrinhos se juntavam para fazer a festança. As crianças ou pré-adolescentes encontravam aconchego, calor e amizade entre os primos e tios, ambiente favorável para desenvolverem as brincadeiras e as molecagens de criança. Cada um se sentia à vontade para as aventuras e travessuras fantásticas preferidas. Subiam e desciam correndo as escadas que davam acesso aos dormitórios das tias e ao som das músicas dos programas de criança da época, cantavam e dançavam como verdadeiras profissionais. Trepavam nas soleiras das janelas para ver o movimento do trânsito nas ruas – ainda bem que as janelas eram protegidas por grades de ferro – Brincavam pela casa de esconde-esconde, inclusive nas escadas.
Corriam para a sala de visitas, pulavam sobre os sofás jogando almofadas umas nas outras e uma voz calmamente exclamava: Cuidado! Não quebrem os sofás!...

 

Créditos: Neomísia Antônia de Sousa. Genealogia e Memórias de uma Família.

Adalberto Antônio de Lima (org.)

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