PAPAI NOEL, Século 20 - DESPEDIDA MELANCÓLICA
Ao findar a missão temporal que vim cumprir neste espaço terreno - dito abençoado, sou forçado a reconhecer não ter tido o desempenho que me havia proposto. Espero que o Novo Ano seja mais feliz, conseguindo consolidar a predestinação vaticinada.
Sabia que o paraíso verde amarelo era SUA maior obra, onde mesclados natureza, fauna, solo fértil, extensas matas, clima pródigo, água abundante, fartura e paz se encontraria um povo dócil, afetivo, trabalhador e responsável - merecedor das bênçãos divinas. Por isso empolgava-me a missão. Porque, então, o fracasso?
Apenas por desatenção a um pequeno detalhe. Ao Mestre havia sido manifestada estranheza por tanto capricho e carinho com aquele pedaço terreno, quando os demais recantos deveriam conviver com a aridez dos desertos, com a frigidez glacial, com o solo pobre, com os abalos sísmicos, as erupções vulcànicas e um povo arredio, sacrificado, personalista e egocêntrico ?
A Sua resposta não deixara dúvidas: "somente num paraíso um povo poderá conviver com os governantes que vai ter. Estou Criando a lei da compensação"!
Como Ano Velho, e por frustração, volto a me redimir, considerando válida a imagem negativa que marcou minha passagem. Duvido que essa desdita lhes seja mais amena algum dia e por isso me permito sugerir que desfrutem ao máximo as "benesses" e a prodigalidade de sol e de luz, conscientizando-se de que nem tudo pode ser perfeito.
Talvez assim vocês consigam conviver menos mal com os governantes que lhes estão escalonados.
Recebam o adeus do alquebrado 99, com os votos de um necessário Feliz Ano Novo !(dez/99)
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