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cronicas-->ESTAÇÃO CARIOCA -- 02/05/2013 - 15:45 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Trem.Imagem:oglobo.globo.com                                                                                 Estação Carioca. Imagem Google

 

Durante semanas e meses, Fernão ocupava uma das cadeiras do primeiro vagão. Talita desembarcava na Estação Carioca e ele seguia viagem. Nunca dirigiu a palavra a ela senão, quando a perna da moça ficou presa no espaço entre a plataforma e o trem. Naquele dia, prontamente, o rapaz a segurou pelo braço e desceu com ela na Estação Carioca.

—Você se machucou? — indagou com ar de preocupado.

—Não, não! Apenas algumas escoriações leves.

—Mas está sangrando...

—Sangra um pouco. Vou passar no  Posto de Saúde e fazer um curativo.

—Vou com você.

—Não precisa!

—Não tenha medo. Sou o Fernão. Trabalho aqui perto.

Passou um número de telefone, anotado em pedacinho de papel que arrancou da agenda. Acompanhou-a com o olhar e despediu-se tão logo o enfermeiro limpou os ferimentos e entregou a ela  um pacotinho com mercúrio e algodão: “Repita este procedimento amanhã. Não é nada grave, requer apenas higienização uma vez por dia.”

 Desejou vê-lo novamente, mas seria como encontrar uma agulha no palheiro, o Rio de janeiro é grande e movimentado em qualquer estação. Pôs a melhor roupa, soltou o cabelo, passou maquiagem e ligou para o número que havia recebido. O celular tocou muitas vezes, até gerar a mensagem: “caixa postal, o número que você ligou não existe ou está fora de área...” Apressou-se para pegar o metrô e ocupar o primeiro vagão. O trem chiou a um palmo de distância de seus pés. Lembrou-se da perna presa no vão da plataforma e entrou com cuidado. O primeiro vagão estava cheio de gente vazia, duas velhinhas conversavam em pé porque as cadeiras reservadas aos idosos estavam ocupadas por jovens que sorriam zombeteiros. Outras pessoas penduradas nas barras de ferro disputavam um lugar para colocar as mãos. Olhou atentamente, com certeza, não era ele.  Não guardara maiores informações na memória da fisionomia de seu herói. Mas aquele homem não usava terno. Não era o cavalheiro que a ajudara no dia do acidente na plataforma. Imagens desfilam velozmente na janela do trem, aos poucos, a máquina perde velocidade, e uma voz anuncia:

 

Próxima estação, Estação Carioca. Desembarque pelo lado direito.Next stop Carioca station, landing on the right side.

 

Pensou em telefonar para Morgana. Sempre que se sentia em baixo astral, ligava para a “Morga” e ela recitava alguma poesia, na maioria das vezes, de autoria da própria Talita.

— Sabe quem disse isso? “Se estás  triste, solte a gaivota que há dentro de ti... grite, faça voos rasantes sobre o espelho das águas, depois, pouse no  capelo de um  navio.

Esta abordagem a fez lembrar-se do pássaro de Bach. “Sim, Fernão é o nome dele”.

 

NA

Registro:http://www.textoregistrado.com.br/exibetexto.php?cod=135897704703377000&cat=textoreg

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