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Cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (87) -- 23/05/2013 - 08:37 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (87)

"O que se passa na cabeça de um homem é
muito mais importante do que o que ocorre
abaixo de sua cintura.. William Ferber


A frase do médico William Ferber deve soar estranha. Ele era um dos mais conceituados urologistas de Nova Iorque. Foi citado mais de uma vez num livro de Stanley Frank e é sobre ele que pautarei este texto. A obra chama-se "Vida sexual masculina depois dos 40". Para os gozadores ambulantes deve causar algum riso e supor que as páginas seguintes estivessem em branco. Não é bem assim. O tema é da maior relevància e foi explorado em 1968. Por razões pedagógicas e por absoluto comprometimento, resolvi referir-me a ele neste mês de maio. E não seria de menor importància recomendá-lo aos meus pares e amigos dessa minha lista de leitores. Principalmente àqueles que ainda não fizeram quarenta anos de idade. Lembro-me muito bem da comemoração dos meus, quando cheio de energia fui homenageado pelos companheiros mais próximos na casa onde resido atualmente.

E não perderei tempo em esmiuçar a valia que se possa dar à frase "a vida começa aos quarenta". Pode até constituir alguma verdade, mas há que se tomar certa cautela quando se inicia esse novo período. Não se negue, todavia, que ainda constitui um grande impacto pessoal, quando o homem brocha. E é sobre essa impotência literal que o capítulo oito se refere no livro citado. Acredito que a grande maioria dos homens tenha passado por situação vexatória. Eu mesmo devo ter vivenciado tal circunstància. Para chegar ao produto, Stanley Frank pesquisou bastante e releu Freud, Kinsey e Masters & Johnson. Sua listagem de referências bibliográficas envolve Chris Argyris e Bertrand Russell, em meio a mais de duas dúzias de autores. Se o assunto comportamento humano é tão explorado ainda, não se pode querer que a vida sexual do homem, enquanto animal reprodutor deva ser negligenciada.

No tempo de Freud, seus críticos confundiram o estudo do sexo - tal como o complexo de Édipo - distorcendo o debate para o campo da pornografia. Se aceite ou não a teoria freudiana, sua importància para o estudo do comportamento, ainda se revela propício e contraditoriamente, "proibido" em algumas culturas. Para não me perder no discurso, devo citar o capítulo oito, repito, por razões diretamente ligadas à minha própria experiência pessoal. E foi em razão disso que mencionei o mês de maio. Há quase exatos oito anos, numa sexta-feira 27, ao abrir um laudo médico, descobri que era portador de endocarcinoma gleason 3+3=6. E isso ocorrera depois de muitas tentativas de exames de PSA e alguma medicação pertinente. Para um homem ainda não setentão, essa surpresinha de mau-gosto, deve ter tido como causas, dois aspectos: negligenciar em algum período o exame adequado de PSA e, se o considerou, não lhe conferir a devida atenção, empurrando o problema com a barriga.

Desde já recomendo aos meus contemporàneos, que não pratiquem essa bobagem em nenhum momento depois dos quarenta anos, porque podem estar transportando uma bomba-relógio por cima da bexiga. Saliento que antes do início do século atual eu fazia regularmente tal exame, mas no ano de 1997 fui advertido pela companheira à época que não estava mantendo uma ereção desejável. Não seria inútil afirmar que uma parceira tem um papel fundamental na empatia, corresponsabilidade e orientação nesses casos. Ouso dizer que essa tríade não foi devidamente levada em conta. Por oportuno, deva-se acrescentar que a HPB, hiperplasia prostática benigna é muito comum no gênero masculino. Considerando cada caso em particular, em alguns deles, por motivações etiológicas, a situação se encaminha para a degeneração celular, ocasionando càncer.

Considerando que não sou do ramo, abriu-se-me um maior interesse em me debruçar sobre a literatura e logo me vi bastante informado sobre a generalidade das neoplasias prostáticas. Li muito sobre o tema, inclusive sobre as últimas pesquisas e artigos científicos bilíngues. Nesse maio de outono no ocidente, conhecido como mês das noivas ou de Maria, fui eu escolhido pela natureza para vivenciar uma experiência nova e ameaçadora.
Durante esse período em que fui coadjuvado por uma parceira da melhor qualidade, encorajei-me a enfrentar o monstro e dizimá-lo com o auxílio da Ciência, na qual deposito toda minha crença e esperança.
Assistido por um especialista e professor universitário com quem pude manter uma relação médico-paciente, do mais alto nível e igualdade, eu mesmo mostrei-lhe o laudo. Aureliano (nome de um médico grego antigo), procedeu a minha cirurgia no dia 8 de junho de 2005 com grande sucesso. No meu caso particular, como se tratava de um quadro em que a próstata já estava comprometida em sua cúpula entre 3 e 5%, tudo leva a crer que a prostatectomia radical seria a única intervenção cirúrgica para solucionar o problema e extirpar a moléstia. Embora se saiba já existir métodos menos invasivos. Não foi necessário o tratamento de quimio ou radioterapia e, afora a desagradável sensação de outras intervenções corretivas, tudo correra bem. Claro que acredito que estou na amostra probabilística de sobrevida. Evidente que creio piamente na minha postura de enfrentamento em protagonizar o papel de paciente obediente e sereno. Logo eu que, hipertenso essencial, mantive minha pressão arterial normalizada durante toda essa amarga experiência. Se tive medo? E quem não o tem? Mas minha determinação e otimismo foram exemplares. De fato, numa circunstància desse porte, o sangue desce pros pés, quando a pessoa se dá conta do veredicto.

Antes de você, amigo leitor, ter acesso ao livro citado, recomendo que se cuide. Mormente os mais jovens, incluindo meu próprio filho, para que não caiam na malha fina e nefasta do imenso grupo de homens que, sem cuidado, perdem a vida prematuramente. Quanto ao tema do capítulo oito do livro do mestre Stanley já citado, não se preocupe. A vida sexual voltará a ser tão saborosa quanto antes, agora com a presença inseparável do nosso amigo azulzinho, que além de levantar o moral, transmite a sensação de que está mesmo tudo em cima.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
15.05.2013


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