CONVENIÊNCIAS SOCIAIS.
Ana Zélia
Sou gente.
Amo e as conveniências me proíbem gritar ao
mundo o nome do homem amado.
Como? Sou livre?...
Liberdade! Liberdade! Liberdade!
Falaste Liberdade?...
Respondam-me onde se encontra esta senhora.
Nas leis? Nos homens? No peito? Nos sentimentos humanos?
Ou no que há de mais belo no mundo.
No amor?...
A resposta inexiste. Liberdade é abstrata. Não se pega.
A ilusão é que nos faz senti-la vez em quando.
Conveniências! Liberdade! Contradições!
As conveniências não nos deixam viver, amar, gritar que
amamos e a quem amamos.
Tudo é proibido.
Fugas momentâneas em busca do gozo, da satisfação,
do toque corpo a corpo é que as destroem.
O amor é mais forte, o desejo bem maior, nestas horas, em
qualquer lugar em que haja amor, em que dois seres
se unam em nome dele, ela existe.
Liberdade és bela e sentida quando vivida plenamente ou
por instantes. O importante é gozar desta própria liberdade.
Odiada és quando ages com braço e pulso de aço, forte,
Com força rígida, como os feitores.
Deixe-nos viver, amar, gritar, falar ao mundo bem alto
que o amor ainda existe, que o amor é belo e deve ser
vivido a dois, a mil.
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Foi a minha primeira poesia publicada para o Brasil. Faz parte do livro
Nova Poesia Brasileira- 1989 Ed. Shogun Arte/RJ
Encenada no dia do lançamento do livro Mulher! Conquista fácil!... (Poesias e crônicas),
acorrentada pés e mãos, mesmo num dia de festa, emitia o grito dos apaixonados,
que por qualquer interferência não podem declinar a quem amam.
Eminentemente romântica, não podia deixar passar em branco a data. Ana Zélia
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