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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (98) -- 24/06/2013 - 08:48 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (98)

Quando me referi às manifestações de rua acontecendo na espinha dorsal do país, achei até meio estranho de minha parte repetir o termo vàndalo. Talvez pelo espírito de Maria-vai-com-as-outras que nos assalta nessas horas ou por ser a primeira palavra enviada pelo cérebro. A rigor, Vàndalo era uma tribo germànica remota, que existiu no século primeiro desta era. Lá pelo século terceiro, um tanto barbaramente, invadiram a Roma antiga, destruindo várias obras de arte significativas. Ao contrário dos baderneiros atuais que freudianamente dilapidam todo ser inanimado, os vàndalos históricos só temiam o deus do cristianismo. Tanto que muitos deles se converteram. Só não sei se teria sido um grande negócio. Receio que teriam trocado seis por meia dúzia dada a existência das Cruzadas, alguns séculos depois. Com a distinção de que essas defendiam a tirania papal, um tipo de vandalismo dogmático.
Acompanhando a mídia dá pra se ter uma ideia do que seja um vàndalo nos dias correntes. Ele vem de várias camadas. Uma delas é da oportunidade de, em sendo meliante, surrupiar os pertences dos manifestantes que a essa hora do calor reivindicante, não têm como se defender. Noutra camada está o sadismo de, mesmo conscientemente, destruir o que em última análise, ajudou indiretamente a construir. E com um pouco mais de "cabeça fria", tenho dúvidas que apontam para uma tabela de incertezas quanto ao ponto político (não partidário) da questão. Aparentemente acéfalos - embora duvide também dessa acefalia - a grande massa etária da explosão urbana, ainda não completou 40 anos em sua maioria. É fato que teriam surgido no àmbito universitário e nas duas maiores cidades brasileiras. A contaminação se deu quase como em gravidade, pois a motivação de fundo seria mesmo o aumento de menos de dez por cento das tarifas, já revogada pelos senhores governantes. Será que a pressão das ruas é tanta que, depois do voto recebido, um dirigente imagina como Calígula: "agora vou fazer o que bem entender"? Mas não é bem assim. Acima dele, do dirigente, está uma penca de superegos: tribunais de contas, corregedorias, uma carta magna, cartas estaduais, leis orgànicas municipais etc.
E olhe-se que, apesar da existência de todo esse controle do estado democrático de direito, o vandalismo nas duas Casas maiores, não recua, porque ainda não convocamos a robótica para governar pessoas. O cinismo dos vàndalos eleitos pelo povo é tão exemplar, que até a tecnologia, imune a qualquer maniqueísmo, tem dificuldade. E ela se rende à imaginação dos advogados bem pagos, que conseguem na maioria das vezes provar que "aquele não sou eu", quando o cliente é acusado de ter sido filmado pelas càmeras de plantão. E se depois do flagra for constatado que aquele é o vàndalo de quem se trata, o insigne causídico que o assiste vai se munir de tudo o que a lei e os recursos decorrentes lhe permitirem. Ser vàndalo parlamentar, ao que tudo indica é uma das maiores dádivas que a democracia brasileira - leia-se o voto popular obrigatório - pode conceder a um cidadão de maioridade política. Se houver que se chegar a alguma conclusão, o que se faria muito prematuro, pode-se arriscar o palpite de que ser vàndalo intramuros é muito melhor do que a céu aberto. Ou estou sendo um generalista injusto e leviano?
Mas não desistamos, poderia ser muito pior. Já imaginaram a ordem ter surgido muito anterior ao caos que se teoriza ter existido antes de qualquer vandalismo? Vale repetir: é preferível um desconfortável esperneio a um conforto produzido pela melhor das passividades.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
21.06.2013


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