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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (99) -- 29/06/2013 - 06:41 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (99)
"Hay gobierno? Soy contra!"
um dito anarquista

A impressão aparente é de que o Governo não tem agenda. Exceto se o que estamos vendo nas ruas ecloda espontaneamente sem uma causa ou causas. Há que se duvidar dessa hipótese. Parece a história do cónjuge que suporta durante algum tempo, toda espécie de humilhação e, submisso, de nada reclama. Mas não existe mais esse tipo de par que não aceite combinar as boas ou difíceis empreitadas. Porque os casais modernos têm uma agenda, sim. O povo, represado até onde póde, arranja um pequeno vertedouro para escoar sua indignação. Principalmente quando se dá conta de que prefere aprender a pescar a ganhar o peixe de mão beijada. Mais cedo ou mais tarde ocorreria um fenómeno desse tipo, principalmente pela faixa etária populacional que não se acomoda facilmente. E essa rebeldia com um fundo de verdade ainda que não muito explícito, age genericamente, mas escolhe uma motivação matriz: a mobilidade urbana, as injustas tarifas de transporte e a má qualidade dos equipamentos. O movimento já existia, só esperava o momento azado para agir e mobilizar outros segmentos. E na medida em que cresce, acrescenta mais um item em sua pauta.
Inclusive, parece também que o regime representativo não faz o efeito esperado, ao menos no Brasil. Embora não seja do ramo, venho há anos defendendo o parlamentarismo, misto com voto distrital. Sabem por quê? Simplesmente porque estarei votando em quem conheço estreitamente e possa cobrar promessas de campanha. No município de Camaragibe, zona oeste de Pernambuco, o prefeito atual eleito e empossado, está às turras com o Tribunal de Contas estadual. E à boca grande o insigne edil é acusado de compra de votos. Ele que se cuide. Mas nós eleitores temos que nos cuidar melhor. É por isso que o movimento vem engrossando o caldo das ruas, ainda que em sua maioria não saiba exatamente o porquê disso tudo. Mas povo não é gado que se leva no cabresto. E voto não é favor e sim conquista. Do meu modesto observatório, ainda acredito que um referendum seria uma pedida razoável, caso venha mesmo acontecer. Já que a Constituição federal obriga-nos a votar, nos dê ao menos o prato feito do referendum. Afinal de contas, um Parlamento é para produzir leis aplicáveis e não instalar cizània e desconfiança.
É fato que somos uma democracia em construção e que temos tudo para alcançar legitimidade e credibilidade perante nós mesmos. E sem dúvida depende de nós eleitores esperneantes e aprendizes de regime. Ela, a democracia, não é nuvem que aparece de formas distintas aleatoriamente. O voto, já disse aqui uma vez, é apenas uma parte de um todo maior a englobar partes interdependentes. Mas não há porque negar que algumas oligarquias sobrevivem nos conluios intramuros, alimentados por feras famintas de poder e grana, egressa muitas vezes de procedimentos espúrios que não condizem com uma respeitável república. Ainda bem que na hora jota os meninos do Parlamento evitaram a entrada da PEC 37 no cenário político. Seria um retrocesso e uma vergonha inaudita. E fiquei até certo ponto pasmo ao ver na televisão, sua excelência a presidente do país propor uma assembleia constituinte visando a um plebiscito.
Logo surgiram entidades como a OAB para desfazer o equívoco da assessoria jurídica de dona Dilma, sobre a ideia meio esfarrapada. Mas ocorre com as melhores famílias planaltinas. Lembrai-vos dos idos de Collor quando ele, ignorantemente, operou através de uma economista nem tão brilhante, o terror do confisco, por não ter em mente a criatividade e o conhecimento suficiente para fazer melhor e com maior senso de justiça. Desde esse período messiànico, politicamente falando, o país se exige uma reforma política profunda, que não baseada em emendas, mas cerzida pra valer com a linha inconsútil da soberania e do bom senso. Política também é uma arte, um modus faciendi. Os artesãos da política não são todos, mas cada um per se. Se essa esperança de transformação da substància não fizer bem à essência, aí estamos todos perdidos e mal pagos. Outro aspecto que demanda maior explicitação é o financiamento de campanhas. Da forma como é procedido, sempre estará envolto em manobras sub-reptícias e calcadas em fraude e lavagem de dinheiro. Ingênuo será aquele que supuser um financiamento de campanhas eleitorais sem um planejamento, execução e controle rigorosos por parte do Estado e seus agentes legítimos. Nunca entendi direito porque é que um país com um número exagerado de leis ordinárias haja tão ordinariamente na aplicação delas. Na agenda dos movimentos de rua, também há espaço para o questionamento da população em assistir impassível o uso do erário nas obras da Copa. O sobre faturamento tornou-se uma regra e assim é exercido. Curioso e lastimável é que se você acompanhar o movimento das càmeras nos estádios, avistará um outro tipo de população assistindo aos jogos. Não imagine que vai encontrar o vendedor ambulante torcedor dos times mais modestos, vestido com sua camiseta de alto preço verde e amarelo. As Copas são imaginadas e realizadas segundo objetivos que não estão à altura do entendimento do homem e da mulher comuns.
A FIFA, entidade internacional que amealha bilhões de dólares, aparenta querer reunir os povos através da magia e do espetáculo do futebol, mas com outra motivação. O fair-play que faz questão de apresentar na coreografia inicial, não corresponde necessariamente ao que reside no fundo da questão. Lembra-se da sonora vaia - à qual não assisti - dada pelo público com o anúncio do nome da senhora presidente? E em seguida do esporro dado pelo presidente da entidade máxima do esporte bretão? No frigir dos ovos, quem os quebra para a omelete do dia-a-dia, não é certamente o monsieur Blatter que sem dúvida leva uma vidinha de nababo. No meu caso particular, eu não vaiaria quem quer que seja, mas o povo, mesmo aquele de mais de três salários mínimos, vestido de canarinha, tem a liberdade de fazê-lo. Por que não?
Com ou sem futebol, cada povo merece seus meios de sobrevivência, e mais ainda, o direito de exigir ativa e cotidianamente dos governantes que ousou escolher pelo escrutínio universal, a retribuição que julgar conveniente.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
28.06.2013
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