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Artigos-->Erros em Obras Psicografadas por Divaldo Franco e Chico Xav -- 24/08/2003 - 14:58 (x) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Erros em Algumas Obras Psicografadas por Chico Xavier e Divaldo Franco





As páginas contendo exposição de "erros científicos" do kardecismo, ou contendo críticas ao aspecto científico do mesmo, serão precedidas sempre de três breves seções: uma chamada à reflexão com relação a se esta abordagem é ou não adequada ao leitor; uma explicação resumida de como vejo o aspecto científico do kardecismo; e uma avaliação inicial de como devem ser interpretados os "erros" ou os "acertos" do kardecismo.







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Este texto se destina exclusivamente à avaliação e crítica do aspecto científico do espiritismo kardecista e dos fenômenos mediúnicos de uma maneira geral. Se a sua relação com o espiritismo-kardecismo for eminentemente religiosa, e não científica, talvez o conteúdo deste texto não lhe seja recomendável.



Vivemos em uma época em que a ciência é vista como a verdadeira "dona da verdade", a única ferramenta capaz de nos dar um conhecimento válido a respeito da realidade do mundo, de dizer o que é verdadeiro e o que é falso. No meu entender, isso é um grande equívoco.



Vejo a ciência apenas como uma maneira a mais de olhar a realidade. O olhar da religião, o olhar da Fé, também é, creio, uma maneira válida de entender o mundo, sendo talvez capaz de penetrar mistérios e compreender facetas do Universo que a ciência jamais será capaz de entender. Críticas "científicas" podem, às vezes, enfraquecer injustificadamente a fé de certas pessoas.



Acredito firmemente que uma teoria científica, ou uma revisão crítica sob uma ótica científica, tem um valor que não deve ser colocado acima do valor das visões e intuições da Fé. São talvez apenas maneiras diferentes de acessar a realidade, com características (erros e acertos, potenciais e limitações) diferentes.



Se você tem certeza de que a abordagem que faremos aqui lhe é apropriada, sua leitura do texto desta página será para mim um prazer e uma honra. E suas eventuais críticas e comentários serão bem vindos e enriquecedores. (Júlio Siqueira. juliohlr@openlink.com.br)







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O objetivo deste texto é discutir de forma crítica o aspecto científico de uma das vertentes do espiritismo em especial: o espiritismo "kardecista".



Os conteúdos incluídos neste texto partem dos seguintes pressupostos:



1- O espiritismo é uma fonte válida de acesso ao conhecimento da realidade objetiva.



2- Há, na verdade, várias "correntes" dentro do que se poderia, com alguma precisão, chamar de "espiritismo" (mesmo havendo elementos apontando para o fato do termo "espiritismo" em si ter, de fato, sido criado por Allan Kardec na França em meados do século XIX), justificando a identificação da existência de um "espiritismo kardecista".



3- O espiritismo kardecista possui, mesmo em seus postulados mais básicos, aspectos mal avaliados, e conclusões equivocadas.





Na verdade, este texto busca, tomando por modelo a tentativa de uma abordagem crítica à faceta científica do espiritismo kardecista, contribuir para o esforço de entendimento e de interpretação da fenomenologia "mediúnica" de um modo mais geral: suas características, potencialidades, e limitações.







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Há uma enorme diferença entre, de um lado, identificar erros no kardecismo e, de outro lado, interpretar o significado de tais erros. De modo similar, é também difícil, e complexo, interpretar os acertos do kardecismo. Os erros podem ser interpretados como uma indicação de que o kardecismo (ou o espiritismo e o "mediunismo") é falso? Os acertos podem ser interpretados como uma indicação de que o kardecismo é verdadeiro? Ou seriam os erros, ao contrário, indicadores de que há inúmeras complexidades e "interferências" atuando nas comunicações mediúnicas, sem necessariamente invalidá-las? Ou, também ao contrário, seriam os acertos (mesmo se algum espírito tiver dito no século XIX que "Em uma das luas de Júpiter há vulcões ativos como na Terra") apenas golpes de sorte? E para piorar, será que o que identificamos (à luz do nosso falho conhecimento e à luz do falho conhecimento da "ciência" atual) como "erros", ou como "acertos", são realmente erros e acertos?



Todas essas questões nos levam, forçosamente, a uma posição de grande cautela com relação a como nos posicionamos diante da identificação de "erros no kardecismo". A única coisa que parece claramente certa nisso tudo é que "a pressa é, também, um erro".







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Erros em Algumas Obras Psicografadas por Chico Xavier e Divaldo Franco







Comentários Inicais Sobre As Obras Analisadas: Chico Xavier e Divaldo Franco, além de serem médiuns, têm exercido ações assistenciais de grande valor humano por muitas décadas. São também personalidades sem dúvida da mais alta idoneidade moral e de grande desprendimento em suas dedicações à causa espírita e ao auxílio às pessoas necessitadas. Divaldo manifestou também o fenômeno da Xenoglossia (conhecimento inato de idiomas não aprendidos nesta vida), psicografando textos em alemão, francês, italiano (informação obtida no site de Divaldo e da Mansão do Caminho: http://www.mansaodocaminho.com.br). A mediunidade de Chico Xavier é, também, fonte de "acertos" notáveis, incluindo comprovações da autenticidade gráfica de textos psicografados por ele confrontados com a grafia do espírito autor quando encarnado (relatados no livro "A Psicografia à Luz da Grafoscopia" , do perito em grafoscopia Carlos Augusto Perandréa). Além disso, vários textos assinados por Emmanuel passam, a meu ver, mensagens de sabedoria de vida singular. Todos esses fatos fazem, paradoxalmente, com que o estudo de "erros" nessas obras seja algo muito rico, como se se tratasse de um verdadeiro paradoxo, merecedor de um tratamento muito especial e de conclusões cautelosas. De uma maneira geral, esse é o mesmo pensamento que tenho com relação a todo o objeto de estudo desse Site, ou seja, os erros nas obras de Kardec e de vários de seus continuadores no espiritismo.







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Chico Xavier

Emmanuel

Emmanuel - Dissertações Mediúnicas sobre Importantes Questões que Preocupam a Humanidade. - 1937-38

FEB - Federação Espírita Brasileira







- Emmanuel afirma, segundo Chico Xavier, ter sido Publio Lentulus - na parte anterior ao texto do livro propriamente dito. Comentário: Algumas fontes afirmam que Publio Lentulus seria uma figura fictíssia, uma fraude. Existem algumas cartas datando de depois do ano 1000 D.C. assinadas por um certo Publio Lentulus que teria sido um representante do governo de Roma em visita à Judéia no tempo de Cristo, e que teria sido testemunha ocular de Jesus e de alguns de seus atos. Emmanuel afirma ter sido este Publio Lentulus, segundo ele um senador romano, e conta sua encarnação como tal no livro "Há Dois Mil Anos". Na internet, os sites "Answers in Action" (http://answers.org/bible/description.html) e "Catholic Encyclopedia" (http://www.newadvent.org/cathen/09154a.htm) apresentam dados que me parecem bastante convincentes no sentido de Publio Lentulus ser realmente uma fraude.



- Marte e Saturno mais evoluídos que a Terra (contraditório com Kardec) - na parte anterior ao livro. Comentário: No Livro dos Espíritos, é afirmado justamente o contrário com relação a Marte, ou seja, que Marte seria muito inferior à Terra!



- Emmanuel afirma: "Todas as teorias que pretendem elucidar os fenômenos mediúnicos, alheios à Doutrina Espiritista, pecam pela sua insuficiência e falsidade." - página 81. Comentário: a rigor, Emmanuel deve ter querido dizer que "todas as teorias que pretendem elucidar os fenômenos mediúnicos alheias à Doutrina Espiritista pecam pela sua insuficiência e falsidade". Do jeito que está escrito no livro, está sendo afirmado que os fenômenos mediúnicos são alheios à doutrina espiritista, o que não creio ser o que Emmanuel quis dizer, obviamente, porque seria um absurdo. O que ele quis de fato dizer é, também, a meu ver um absurdo, pois da existência de muitos erros nas obras kardecistas, podemos no mínimo concluir que o espiritismo kardecista também peca pela insuficiência e falsidade.



- Emmanuel afirma que: "em contraposição aos assertos dos negadores, podeis notar que, cientificamente, a Terra é o local no Universo onde a vida encontra mais dificuldades para se estabelecer." - p.89/90. Comentário: Se, cientificamente, a Terra é o único lugar onde até hoje pudemos encontrar "vida", fica difícil entender como uma afirmação desta de Emmanuel pode sequer ser feita.



- Emmanuel afirma ser estudioso da evolução das espécies. - p.95. Comentário: esta afirmação aumenta consideravelmente suas responsabilidades com relação a quaisquer erros seus em comentários sobre tais matérias.



- Emmanuel chama a atenção para o fato de que doenças infecciosas como a lepra, a tuberculose, e outras permanecerem tão intratáveis quanto há 200 anos antes; de que os investigadores puderam vislumbrar o mundo microbiano sem saber eliminá-lo por sondarem os fenômenos sem lhes auscultarem as causas divinas; e de que a saúde humana nunca será o produto de comprimidos... - p.125. Comentário: Esta curiosa afirmação foi feita justamente às vésperas da implantação do uso dos antibióticos no tratamento de diversas doenças infecciosas, tuberculose inclusive, o que sem dúvida revolucionou a saúde humana no século XX.







- Emmanuel parece afirmar que na reprodução das espécies a célula embrionária primeira (fruto da fusão do espermatozóide com o óvulo) seria igual em todos os vertebrados (completamente igual!). Afirma de fato que a diferenciação de tal célula embrionária primária em um organismo desenvolvido se daria não por nenhuma determinação físico-química, mas únicamente devido ao corpo espiritual preexistente, molde do desenvolvimento do embrião. - p.129/130. Comentário: Tal afirmação é contrária ao conhecimento científico atual. "Erros" similares podem ser vistos nas páginas 138/139.



- Emmanuel deu em 1985 uma nova redação para uma frase que consta da página 177, segundo nota da FEB no fim da página. Poderia também, igualmente, ter corrigido os demais erros no conteúdo do livro, admitindo seus desconhecimentos e sua falibilidade, mas não o fez. - p.177.







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Chico Xavier

Emmanuel

A Caminho da Luz - 1938

FEB



- Narrando a criação do sistema solar, e após a descrição da criação da Lua, Emmanuel diz: "Na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável, dando origem ao hidrogênio." - p.20. Comentário: se realmente é isso o que é pretendido com essa frase, situando criações de átomos de hidrogênio após a consolidação da Terra e da Lua, me parece que há erro aí, pois o hidrogênio é elemento preexistente mesmo aos sistemas solares mais primitivos.



- Emmanuel afirma que na criação da Terra a pressão atmosférica adequada ao homem foi criada já de antemão pelos espíritos (Jesus e colaboradores), contrariando a idéia atual de que houve significativas alterações na atmosfera nos bilhões de anos seguidos à solidificação da crosta do planeta. Ademais, um fator talvez sem grande importância para a vida, ou de importância relativamente contornável, é a pressão, haja vista que mesmo o homem consegue sobreviver a grandes variações de pressão atmosférica- p.21.



- Emmanuel afirma que o ideal de beleza foi sempre um dos norteadores dos escultores do nosso orbe (Jesus e colaboradores), o que nos leva fatalmente à questão de se a beleza é, de fato, uma realidade estética absoluta ou apenas um juízo de valor relativo. p.25/26.



- Emmanuel afirma que os primeiros seres vivos eram similares às amebas e demais unicelulares, e que tais seres encontravam nos oceanos tépidos de então o oxigênio necessário ao entretenimento da vida, oxigênio esse que em terra firme só viria a ser encontrado após o advento das grandes vegetações. p.26/27. Comentário: uma posição que parece predominante na ciência atualmente é a de situar a solidificação da crosta planetária por volta de 3,8 bilhões de anos atrás, e o aparecimento das primeiras células há 3,5 bilhões de anos. Mas não seriam seres como amebas, pois estas têm núcleo. Seriam bactérias, seres sem núcleo e bem mais simples. Seres nucleados só viriam a aparecer há 1,8 bilhões de anos atrás ( 1,7 bilhões de anos após a origem da vida em nosso planeta!!!). Ao contrário do que afirma Emmanuel, o oxigênio não só era desnecessário à vida como era também letal para os seres de então. Só muito mais tarde as células desenvolveram mecanismos bioquímicos para lidar com o altíssimo poder destrutivo do oxigênio. Igualmente, não foram as vegetações de terra firme que produziram o oxigênio atmosférico que possuímos atualmente, mas sim bactérias fotossintetizantes, que praticamente oxidaram a superfície do planeta inteiro. Há 1,8 bilhões de anos os níveis de oxigênio já teriam subido de praticamente 0 % para 3 % (atualmente são 21 %, aproximadamente).







- Emmanuel afirma que cada espécie viva teve sua linhagem própria desde o início da criação, contrariando a visão da ciência evolutiva atual. Diz que a semelhança sorológica entre os homem e alguns outros primatas (apenas um exemplo, o macaco Rhesus possui as proteínas de Rh sangüíneas, Rh positivo ou Rh negativo, assim como o homem) se devem não à existência de um ancestral comum, mas sim à convergência evolutiva. p.30/31.



- Com relação à época do "homem primitivo" (possivelmente há 40 mil anos atrás ou menos) afirma que: "...se as observações do mendelismo fossem transferidas àqueles milênios distantes, não se encontraria nenhuma equação definitiva nos seus estudos de biologia. A moderna genética não poderia fixar, como hoje, as expressões dos genes..." - p.36. Comentário: Isso equivaleria a dizer o seguinte: se um homem com sangue 0 negativo se casasse com uma mulher com sangue também 0 negativo, poderia ter filhos AB positivo, já que as equações da genética mendeliana não se encontravam definidas! À luz do conhecido e considerado pela ciência atual, isto é um absurdo.



- Emmanuel afirma que no passado realmente existiram os lendários continentes de Atlântida e de Lemúria (respectivamente no oceano Atlântico e no oceano Pacífico). Independente de terem de fato existido ou não, Emmanuel afirma que a China e a América do Sul, nesta época, quase eram unidas entre si pelo continente da Lemúria. Creio que hoje em dia já há mapeamentos submarinos que parecem refutar a possibilidade de existência e destruição no passado de tal continente, pelo menos um continente com as características descritas por Emmanuel. No link ao lado (clique aqui - tamanho: 250 kbytes) incluí um tal mapeamento, que pode ser encontrado nas contracapas da Enciclopédia Conhecer, editada no Brasil em fins da década de 70. p.50/84.



- Afirma que Jesus é crucificado "por imposição do judaísmo", e que "Roma colabora no doloroso acontecimento com a indiferença fria de Pôncio Pilatos". - p.118. Comentário: Atualmente, muitos estudiosos afirmam ser mais provável que Jesus tenha sido crucificado por iniciativa dos romanos. Se de fato isso for assim, a afirmação acima de Emmanuel é muito grave, em especial por se dar às vésperas da Segunda Grande Guerra Mundial e do genocídio dos judeus, e de já estar então provavelmente em andamento as perseguições preliminares aos judeus na alemanha de Hitler, que subiu ao poder em 1933.



- Emmanuel apresenta uma visão altamente idílica da colonização das Américas. Igualmente, fala de forma muito idealizada dos Estados Unidos, aos quais se refere freqüentemente como "América". Apresenta a colonização das Américas como um plano divino (de Jesus) com vistas a melhorar espiritual e materialmente a humanidade, e fala dos Estados Unidos quase que exclusivamente como uma terra de virtudes. p.172/173/174/184/185/208/209. Comentário: A colonização das Américas foi um verdadeiro genocídio. Guerras, dominações e doenças exterminaram incontáveis povos e suas ricas culturas. A história dos Estados Unidos, em especial, apesar de conter vários elementos interessantes e progressistas, está repleta de atrocidades e de mentiras, não fugindo muito ao normal das criações humanas da época.



- Emmanuel afirma que o ataque de Filipe II à Inglaterra com a "Invencível Armada" se deu na ausência de qualquer motivo, apenas pela intolerância religiosa e por motivos pessoais do Rei. p.181/182. Comentário: havia motivos fortíssimos para a investida de Filipe II contra a Inglaterra, religiosos e pessoais com certeza também, mas principalmente político-econômicos, como o apoio dado pela Inglaterra aos revolucionários dos países baixos nas lutas de libertação contra a Espanha, e também o apoio da Inglaterra aos corsários que saqueavam os navios espanhóis vindos das Américas carregados de ouro e prata e os repassavam à Inglaterra, o mais famoso deles Francis Drake. Sem dúvida, fazem parte dos motivos torpes que, sempre, estão por trás das guerras e conflitos entre nações. Mas suficientes para não justificar uma defesa da Inglaterra e uma condenação da Espanha, como faz Emmanuel.



- Falando da situação mundial às vésperas da Segunda Grande Guerra, Emmanuel afirma: "Onde os valores morais da Humanidade? As igrejas estão amordaçadas pelas injunções de ordem econômica e política. Somente o Espiritismo, prescindindo de todas as garantias terrenas, executa o esforço tremendo de manter acesa a luz da crença, nesse barco frágil do homem..." - p.209/210. Comentário: Pessoalmente, acho essa afirmação uma grande falta de respeito e de sentimento cristão.







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Chico Xavier

Emmanuel

Emmanuel - Há Dois Mil Anos -1938

FEB



- Segundo Chico Xavier, Emmanuel afirma ter sido Publio Lentulus. Este livro é a narrativa do próprio Emmanuel (psicografada por Chico Xavier) sobre sua encarnação na época de Cristo como Publio Lentulus (segundo ele, um senador romano). - p.9. Comentário: Mais acima, descrevi os problemas ligados à controvertida figura de Publio Lentulus.



- Ao narrar os acontecimentos, Emmanuel recorre sempre a datas tradicionais para os eventos do Novo Testamento, datas estas que são muito contestadas por vários estudiosos de assuntos bíblicos atualmente. - p:33/133/.



- Caracterização historicamente errada e incoerente (incoerente com relação a outras partes do próprio livro) de Pôncio Pilatos: não havia reclamações do povo contra Pilatos junto a Lentulus ou identificação de escândalos administrativos até o momento em que Lentulus ficou contra Pilatos, e, posteriormente, tais reclamações e identificação de escândalos passaram a abundar. p:56/174/177/214; Pilatos é retratado como respeitando o Sinédrio, p-60; era possivelmente do conhecimento de Pilatos o potencial subversivo e revolucionário do fenômeno "Jesus", sem que isso lhe despertasse a esperada motivação executória, p-77; Pilatos fala a favor de Jesus, p-137/138/140/143/144/145; Pilatos condena Jesus movido, segundo Emmanuel, pelo "mais singular dos determinismos",p- 143/144/145; Pilatos lava literalmente as mãos, p-145. Comentário: estudiosos de assuntos bíblicos retratam Pilatos como um homem brutal, que desrespeitava muito mais os costumes e prerrogativas judaicas do que a média dos romanos, e que não hesitava em executar sumariamente quaisquer judeus que lhe criassem problemas. Os relatos dos evangelhos seriam bem diferentes do verdadeiro Pilatos, retratando-o como um homem muito mais fraco do que mau. E isso de modo crescente, desde o mais antigo dos evangelhos até o mais recente. A culpa da execução de Jesus recai sobre os judeus, e quase nenhuma culpa é atribuída aos romanos. Em "Há Dois Mil Anos", tal situação é ainda muito mais exacerbada! Emmanuel chega a afirmar que Pilatos foi movido pelo "mais singular dos determinismos", e quem quer que leia o livro ficará com uma impressão de culpabilidade dos judeus (e de inocência relativa dos romanos) muito maior do que se tivesse lido qualquer um dos evangelhos. Alguns estudiosos afirmam que o ato de "lavar as mãos" com a intenção que lhe teria dado Pilatos era na verdade um costume judaico, sugerindo que tal trecho retratando um romano executando tal ato seria uma invenção dos que escreveram os evangelhos. Já ouvi outros estudiosos afirmarem justamente o contrário, que os romanos tinham tal hábito também.



- André de Gioras (revolucionário judeu, cujo filho foi mandado para os trabalhos forçados por Lentulus) e Sêmele (serva judia a serviço da esposa de Lentulus), vestidos de romanos, falam em aramaico , e são ouvidos por Sulpício (soldado romano; as palavras ouvidas seriam: "nosso segredo"), estando esse escondido a alguns passos, em latim! - p-105/106. Comentário: nesse episódio, André e Sêmele raptam o filho de Lentulus por vingança, estando vestidos como os romanos com intenção de não despertar suspeitas. Isso leva o oficial romano Sulpício (que estava os observando escondido a alguns passos deles sem que eles soubessem) a pensar que estivesse vendo a esposa de Lentulus e Pôncio Pilatos (e teria então imaginado que eles eram amantes, e que ela lhe teria entregue o próprio filho ainda neném, traindo brutalmente o marido Lentulus). Acontece que dificilmente André e Sêmele teriam falado em latim. Muito mais provavelmente devem ter falado em aramaico! Igualmente, seria muito difícil que Lívia, esposa de Lentulus, tivesse falado com Pilatos em aramaico. Muito provavelmente teriam falado em latim, se fossem ela e Pilatos que estivessem lá. Logo, esse parece ser um ponto provável de incoerência no livro (que foi escrito em português...), porque se o soldado romano Sulpício tivesse ouvido o que lhe pareceu serem Lívia e Pilatos (dois romanos) falando em aramaico(!), isso lhe teria causado profunda estranhesa. Como ele nada estranhou, só pode tê-los ouvido falar em latim (!). Só que na verdade não eram Lívia e Pilatos que falavam em latim, eram André e Sêmele! Note-se que esse se trata de um episódio crucial na vida de Lentulus, não se tratando de fato periférico da narrativa. (Vitor Moura, que tem me enviado diversas colaborações, remeteu perguntas a Paulo Dias, do CVDEE, sobre tal assunto descrito acima. Paulo Dias respondeu dizendo que os personagens em questão teriam falado grego no episódio descrito acima. De fato, o grego era uma espécie de língua franca em muitas regiões do mediterrâneo oriental, e não é de fato impossível que tal idioma tenha sido o utilizado em tal ocasião, suavizando ou até mesmo eliminando o problema apontado por mim neste ponto).



- Narrativa exacerbadamente tradicional quanto à chegada de Jesus a Jerusalém, com todo o povo judeu saudando-o no começo, e todo o povo judeu condenando-o depois, ao contrário do que alguns estudiosos de assuntos bíblicos julgam ser o que de fato teria ocorrido. Escrito às vésperas da segunda guerra mundial, e já sob as perseguições de Hitler aos Judeus na Alemanha. p-134/137/138/139/140/143/144/145.



- Emmanuel diz que várias pessoas buscaram Lentulus pedindo a ele para intervir a favor de Jesus (e Lentulus, fatalmente, teria repassado quaisquer pedidos nesse sentido para Pilatos); e depois, afirma que ninguém buscou junto a Pilatos uma intervenção a favor de Jesus, p- 136/145.



- Lentulus diz que a lei romana não admite execuções do tipo que os judeus pediam com relação a Jesus: "...se a decisão dependesse tão somente de mim, fundamentá-la-ia em nossos códigos judiciários, cuja evolução não comporta mais uma condenação tão sumária como esta, e mandava dispersar a multidão inconsciente à pata de cavalo." (respondendo a um pedido de um conselho de como deveria agir, feito por parte de Pôncio Pilatos). p-144. Comentário: Isso parece contrário à realidade da prática de Roma para com situações similares. Aumenta a inocência romana e a culpa judaica, contrariamente ao que os registros históricos parecem de fato indicar.



- Jesus, já há algum tempo desencarnado, aparece a Lentulus, e prevê a volta e o crescimento do mal no mundo, apesar de em "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", se mostrar surpreso com tal retorno e crescimento. p-353.







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Chico Xavier

Emmanuel

Vida e Sexo - 1970

FEB



- Emmanuel afirma que sempre que escolhemos alguém para união conjugal e só depois do casamento percebemos gravíssimos defeitos conjugais no companheiro escolhido, estamos diante de criatura ofendida por nós em outra vida (ou seja, diante de débito cármico). p-44. Comentário: a rigor, não há como dizer que essa afirmação seja realmente um erro. Ela é, contudo, uma afirmação que leva-nos a uma postura de encarar como débito nosso o problema conjugal descrito acima (incluindo possíveis sentimentos de culpa associados a isso), estimulando-nos (quase constrangendo-nos, talvez) a permanecer na relação problemática. Se realmente a afirmação de Emmanuel for incorreta, então ela se reveste de uma gravidade muito grande, por impingir-nos uma culpa indevida. É importante assinalar, contudo, que nessa mesma obra, Emmanuel fala da não obrigatoriedade de termos que agüentar o peso de uma relação conjugal infeliz, se assim nos ditar nosso coração.











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Chico Xavier

Neio Lúcio

Jesus no Lar - 1949

FEB



- Este livro narra situações e histórias do dia a dia de Jesus e seus discípulos. Em uma destas passagens, Judas Iscariotes mostra-se entusiasmado com as possibilidades de revolução em Jerusalém. Jesus conta então uma história (parábola) sobre o rei triste, incompreendido pelas massas populares oprimidas, e conclui: "a revolução é sempre o engano trágico daqueles que desejam arrebatar a outrem o cetro do governo. Quando cada servidor entende o dever que lhe cabe no plano da vida, não há disposição para a indisciplina, nem tempo para a insubmissão." -63/66. Comentário: trata-se sem dúvida de uma afirmação, em termos técnicos, altamente reacionária. Talvez o problema mais grave contido nela seja uma excessiva generalização, como se todos os tiranos dominadores fossem iguais ao rei descrito na parábola, e como se todas as revoluções fossem iguais em motivação e modo de desenvolvimento.







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Chico Xavier

Humberto de Campos

Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho - 1938

FEB



- O livro é prefaciado por Emmanuel, que chama aí o Brasil de pátria do evangelho, diz que o conteúdo do livro é fruto das tradições do mundo espiritual, e diz que a missão do Brasil é suprir materialmente os países mais pobres, fornecer a fé raciocinada, e ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro. p- prefácio. Comentário: pessoalmente, acho que chamar o Brasil de "Pátria do Evangelho", e de "maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro" é uma visão incorreta, e desrespeitosa para com os demais países do mundo. Talvez, a realidade histórica do Brasil tenha sempre sido muito mais de suprir materialmente os países ricos do planeta (primeiro Portugal, depois Inglaterra, e depois Estados Unidos) do que suprir os países pobres.



- Humberto de Campos afirma: "Brasileiros, ensarilhemos (ou seja, deixemos de lado) para sempre as armas homicidas das revoluções!". No capítulo seguinte ao prefácio, entitulado: Esclarecendo. Comentário: afirmação reacionária.



- Humberto de Campos relata que, mais ou menos por volta do ano de 1380, Jesus fez uma de suas visitas periódicas ao mundo, e ficou surpreso e decepcionado com os descaminhos dos homens (apesar de ter previsto que isso ocorreria, em "Há Dois Mil Anos"!). p-20/21.



- Continuando em sua visita ao planeta, Jesus fala de seu plano para o Novo Mundo (Américas), de juntar portugueses, negros africanos, e índios, sem deixar bem claro como isso seria feito. Passa a impressão de que os africanos viriam por reencarnação. A idéia era iniciar no Novo Mundo uma nova e melhor etapa da história da Humanidade p-24. Comentário: a colonização das Américas foi um verdadeiro genocídio. Jesus parece desconhecer que o simples contato de pessoas do Velho Mundo com as do Novo Mundo levaria a diversas epidemias devastadoras entre incontáveis povos das américas, levando-os freqüentemente à completa dizimação.



- Humberto de Campos ressalta a singularidade da constituição territorial do Brasil, comparando-a, inclusive, com a dos Estados Unidos, que teriam tido seus territórios aumentados devido a anexações, guerras, etc. Como se o "formato de coração" do Brasil tivesse se dado unicamente devido à mão divina (Jesus-Ismael, etc), e não às conquistas de terras indígenas e aos extermínios de populações e de povos inteiros. p-33.



- Jesus esclarece que os negros eram para ter vindo para o Novo Mundo de livre e expontânea vontade. p-51. Comentário: visão ingênua e, talvez, historicamente indefensável.



- A Guerra do Paraguai teria sido punição determinada ao Brasil pelo mundo espiritual (por Jesus?) devido às interferências (invasões) indevidas que o Brasil fizera na Argentina e Uruguai de 1849 a 1852, contra os governantes Rosas e Oribe. O estopim da Guerra do Paraguai teria sido a invasão do Brasil ao Uruguai em 1865. p-197/198. Comentário: o objetivo dos líderes espirituais do planeta era punir o Brasil, mas historiadores afirmam que o Brasil acabou se beneficiando da empreitada, e o Paraguai foi reduzido a quase cinzas.







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Chico Xavier

André Luiz

Missionários da Luz - 1945

FEB



- Retrata um homem onde o álcool excessivo determinava, nos centros genitais, modificações deprimentes sobre a própria cromatina; os rins já não conseguiam excretar o álcool eficientemente, devido à destruição do tecido renal; e talvez só a excreção através das glândulas sudoríparas mantinha sua vida física. p-28/29. Contudo, na página 107 fala sobre a excreção do álcool pelos pulmões. Comentário: desconheço qualquer informação que justifique a afirmação de que o álcool destrói ou gera mutações no DNA dos espermatozóides. Apesar de na página 107 André Luiz falar da excressão do álcool pelos pulmões (que é, na verdade, a principal via de tal excreção), nas páginas 28/29 ele não menciona tal mecanismo, dizendo que a vida daquele alcoólatra em especial só se mantinha devido à excreção pelos poros, o que me parece incorreto em termos fisiológicos. (Verifiquei recentemente na internet que, na verdade, os rins são a principal via de excreção do álcool, após metabolização no fígado, ao contrário do que eu pensava. A excreção pulmonar existe, assim como a pelo suor, sendo responsáveis por até 10% do total. - comentário incluído em julho de 2003).



- Fala do pensamento "envenenado" de uma determinada pessoa, destruindo a substância da hereditariedade, intoxicando a cromatina dentro da própria bolsa seminal. p-182. Comentário: creio ser acertado dizer que a ciência atual desconhece a possibilidade de o pensamento "envenenar", destruir, ou gerar mutações no DNA dos espermatozóides. Seria, contudo, dogmático da minha parte afirmar que isso é impossível.



- Segundo relatado por André Luiz, no feto o patrimônio sangüíneo é dádiva do organismo materno; somente aos sete anos de vida, o ser começa a presidir por si mesmo ao processo de formação do sangue. p-203. Comentário: esta afirmação me parece altamente incorreta. Há vários elementos que de fato passam pela barreira hematoplacentária entre a mãe e o feto, como vírus e alguns anticorpos. Contudo, células em especial não passam, e elas constituem o que normalmente se considera como o principal do "patrimônio sangüíneo" (glóbulos vermelhos e brancos).



- Afirma que os organismos mais perfeitos terrenos procedem inicialmente da ameba. A diferenciação é fruto do molde perispirítico. p-215. Comentário: atualmente se pensa que a vida se originou de organismos bem mais simples que as amebas, como as bactérias por exemplo, que são seres unicelulares sem núcleo. As diferenciações celulares possuem mecanismos que, em muitos aspectos, são bem conhecidos atualmente, de modo a tornar injustificável uma explicação de tal processo aludindo unicamente ao perispírito.







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Chico Xavier - Waldo Vieira

André Luiz

Evolução em Dois Mundos - 1958

FEB



Comentários iniciais: este livro foi psicografado pelos dois médiums, Chico Xavier e Waldo Vieira. Os textos assinalados com a indicação da cidade de Pedro Leopoldo (Minas Gerais) se referem à psicografia de Chico Xavier. Os assinalados Uberaba (Minas Gerais) se referem a Waldo Vieira. Dentro do que pude recolher desta obra, há notável predominância de trechos oriundos do trabalho de Uberaba (Waldo Vieira).



- Afirma que o espiritismo é o mais alto representante na atualidade do mundo da mensagem consoladora do evangelho de Cristo. p-16. Uberaba. Comentário: pessoalmente, considero esta afirmação desrespeitosa para com outras interpretações da mensagem de Cristo.



- Descreve a formação dos planetas como agrupamento de átomos que sob força eletromagnética espiritualmente dirigida têm área espacial intra-atômica reduzida formando os núcleos adensados que darão origem aos planetas. Os planetas teriam vida até que implodiriam sob a pressão dos átomos, e depois explodiriam, em processo de reciclagem. p-21/22. Uberaba . Comentário: descrição incoerente com o atualmente postulado pela ciência.



- Fala que primeiro vieram os vírus (...depois as bactérias e plantas...). p-32. Uberaba . Comentário: incoerente com as descrições em livros anteriores de André Luiz ou de Emmanuel, onde os primeiros seres vivos teriam sido similares às amebas. Algumas hipóteses científicas para a origem dos vírus sugerem que eles teriam surgido de fragmentos de DNA que teriam assumido independência com relação ao DNA das células. Creio que a visão predominante na ciência hoje seja a de que os vírus apareceram depois das células.



- Afirma que o tecido cardíaco é um sincício.p-42. Uberaba . Comentário: creio que antigamente se achava que o tecido cardíaco fosse um sincício (células agrupadas e fundidas em seus citoplasmas, retendo seus núcleos isolados entre si dentro deste citoplasma comum), e atualmente sabe-se que não é de fato assim.



- Diz que as células musculares se desdiferenciam ao tipo conjuntivo.p-45/46. Uberaba . Comentário: atualmente a ciência afirma que celulas musculares (e quase todas as demais células já diferenciadas do organismo humano) não podem se desdiferenciar.



- Afirma que os vírus e bactérias seriam os primeiros seres, e que a origem da vida se deu há 1,5 bilhão de anos. p-53. Pedro Leopoldo. Comentário: afirmação similar à comentada pouco mais acima. Acredita-se hoje em dia que a vida teria se originado na terra há 3,5 bilhões de anos.



- Diz que os cromossomas se movem durante a divisão celular devido à força eletromagnética, devido a impulso mental. p-55. Uberaba . Comentário: o movimento dos cromossomas durante a divisão celular está ligado à ação mecânica de componentes do citoesqueleto, e não meramente relacionado a ações eletromagnéticas originadas diretamente de um impulso mental.



- Ressalta a familiaridade (extremos laços de parentesco) entre o homem e os demais mamíferos. Diferente de Emmanuel. p-87. Pedro Leopoldo. Comentário: incoerente com as descrições em livros anteriores escritos por Emmanuel.







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Divaldo Franco

Joanna de Ângelis

Após a Tempestade - 1974

Livraria Espírita Alvorada Editora



- Afirma que o materialismo é o responsável pelo estado atual das gentes e da civilização. p-10. Comentário: esta afirmação me parece um tanto quanto exagerada.



- Diz que o suicídio é sempre fruto do orgulho. p-85. Comentário: exagero grave, por jogar grande culpabilidade sobre os suicidas. Aliás, penso que os suicidas são tratados com muita dureza dentro das obras espíritas de Kardec e Chico Xavier. Conheço, pelo menos, três motivadores para o suicídio: o primeiro se enquadraria mais ou menos na definição acima, feita por Joanna de Ângelis, orgulho, dor mental por uma mágoa com relação ao mundo, e desejo de punir o mundo (e gerar culpa nas pessoas ofensoras) com o próprio suicídio; o segundo seria uma tentativa de fugir a dores lancinantes insuperáveis, mentais ou físicas, como pode acontecer em doenças como o câncer (não vejo nisso nenhum elemento de "orgulho" envolvido); e o terceiro, seria por altruísmo, para salvar vidas alheias, etc.



- Afirma que há ausência de fantasias atemorizantes na doutrina de Jesus. Nenhuma agressão contra causas ou homens, doutrinas ou éticas. Quando chama, não invectiva com ameaças. p-98/99. Comentário: acho que esse texto não fala sobre o Cristo dos evangelhos. Na verdade, ele desinforma, ao invés de informar. Há de fato imagens atemorizantes nas afirmações de Jesus nos evangelhos, e também "ameaças".







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Divaldo Franco

Joanna de Ângelis

Estudos Espíritas - 1973

FEB



- Afirma que o perispírito é o responsável por todo processo teratológico. p-43. Comentário: exagero preocupante. Há pelo menos medicamentos que geram processos teratológicos e que creio não poderem ser reputados à ação do perispírito.



- Diz que Jesus deixou-se imolar seu nenhuma queixa. p-186. Comentário: afirmação que creio desinformar a respeito do verdadeiro conteúdo dos evangelhos. No evangelho considerado o mais antigo pelos estudiosos da bíblia, o de Marcos, Jesus termina sua vida afirmando: "Pai, por quê me abandonas-te?".







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Divaldo Franco

Amélia Rodrigues

Primícias do Reino - 1967

Livraria Espírita Alvorada Editora



Este livro é uma retratação de fatos da vida de Cristo tendo por base "fontes do mundo espiritual".



- Afirma que Roma através de seus diversos procuradores colocava no templo de Jerusalém os símbolos de seu poder, a águia e a estátua do imperador. p-25. Comentário: Roma mantinha, na verdade, uma posição de mínimo respeito para com as tradições judaicas, tentando não ferir suas susceptibilidades religiosas desnecessariamente. Era Pilatos, em especial, quem realmente excedia em muito ao normal das ações romanas em seu desrespeito às tradições judaicas.



- Afirma que jamais um povo, como o judeu, sofreu tão longo e cruel exílio. p-26. Comentário: muitos povos do mundo ao longo da história da humanidade já sofreram demais. Pessoalmente, julgo impossível e temerário (talvez mesmo desrespeitoso) determinar qual mais sofreu, mesmo se levarmos em conta questões aparentemente tão específicas como "exílio".



- Fala sobre a passagem da figueira, sem dizer o estranho fim da história. p-31. Comentário: essa passagem do Novo Testamento é muito estranha, e aparentemente absurda mesmo. Jesus seca uma figueira simplesmente porque ele estava com fome e ela não tinha figos, sendo que estava fora da época de figueiras darem seus frutos. O relato de Amélia Rodrigues omite tal estranho desfecho (a execução sumária da figueira), forçando uma imagem mais benévola de Jesus, e na verdade desinformando a respeito dele.



- Retorno à passagem da figueira na p-76, mas parecendo que Jesus conta uma história apenas. Comentário: o "cruel" desfecho é apresentado (a "secagem" da figueira), mas o relato, lido no livro de Amélia Rodrigues, passa a clara impressão de que Jesus está apenas contando uma parábola. A passagem da figueira nos evangelhos não tem nada de parábola. É narrada como um fato real. Curiosamente, mesmo Kardec apresenta o fato como se fosse uma parábola (história fictícia narrada com fins didáticos-espiritualizantes). Parece haver uma dificuldade muito grande por parte de muitos cristãos em geral (e de muitos kardecistas em especial) de narrar, lidar, e procurar entender os momentos de agressividade de Jesus. Acabam criando imagens de Jesus deturpadamente benévolas, e desinformadoras.



- Relato tradicional da autoria dos evangelhos. -195. Comentário: tradicionalmente os evangelhos são atribuídos a duas testemunhas oculares da vida de Jesus, e a dois outros autores que teriam colhido suas narrativas de testemunhas oculares. Estudiosos do Novo Testamento acham, atualmente, que tal visão é incorreta. Amélia Rodrigues, contudo, mantém a versão tradicional.



- Afirma que há apenas pequenas variantes de narrativas entre os quatro evangelistas. p-196. Comentário: as diferenças de narrativa são enormes, em muitos aspectos, em especial com relação ao Evangelho de João, mas também entre os três outros.







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