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cronicas-->TRÃDIÇÕES, CONTRADIÇÕES (100) -- 09/07/2013 - 08:32 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (100)
"O estilo é o próprio homem"
Conde de BUFFON


Atingir o número cem tentando extrair das tradições, pouca, muita ou nenhuma contradição, talvez não tivesse sido meu projeto. Sequer sei com segurança se essa produção tenha sido planejada. No entanto, forçando a barra aqui e acolá, vim sobrevivendo a meus tantos percalços e equívocos, que não são poucos. Inspirado neste barco em que estamos todos, o mundo atual e suas armadilhas, continuo firme, dês que haja ideias suficientes e ainda não acabadas. Porque sei, desde o início, não vislumbrar onde reside alfa e aonde se esconde ómega. A língua portuguesa é um idioma difícil, belo e audacioso se o enfrentamos termo a termo, sintaxe e ortografia a nos desafiarem passo a passo. Enfim, auxiliado pela verve e o conhecimento abalizado do analista de textos, AHP*, cuja atenção ultrapassa entrelinhas, cheguei ao texto cem. Nada mal, para quem há dois anos antes, contava apenas com um simples "sem".

Todavia, contraditoriamente, devo fazer parte, por oportuno, de algum movimento dos sem isso e sem aquilo. Um velho companheiro de Escola de Belas Artes, hoje famoso ator, diretor, narrador, José Wilker, me declarou num intervalo duma peça no Teatro do Parque: "Que nada Walter, o que eu tenho mesmo é cara-de-pau!" A grande maioria de seus e suas fãs, não concordaria. É muito provável mesmo que, ao levar debaixo do sovaco a peça "Trágico acidente destronou Teresa", Wilker (que se pronuncia Vilker), ele próprio, no fundo de sua alma de artista, esperasse um pouco mais. Talento não lhe faltara desde o início da carreira. Mas o meu talento, se é que tenho algum, é muito pequenininho, acanhado mesmo. O que me inquieta neste meu medíocre universo de letras é exatamente o questionamento entre alfa e ómega, jamais o que possa estar antes de um ou depois do outro.

Venho tentando extrair de minha perene e inarredável dúvida, um ingrato sistema de respostas, que a nós, velhos homens, insiste em conviver conosco em sua rudeza e arrebatamento. Sei contudo, que a maioria dos seres pensantes deve sofrer do mesmo mal. Não será tudo isso a eterna busca do homem contemporàneo em querer entender melhor seu processo de mudança interior? E até onde vai sua resignação em saber que tudo está aí e o mundo, velho mundo sem porteiras, não consegue melhorar a si mesmo? Vida curta, curtíssima para que se viva querendo descobrir o moto contínuo ou a propalada pedra filosofal. A noite no meio é nosso grande consolo de um dia após outro. Embora queiramos sair disparados da frivolidade e da superfluidade da breguice humana atual. Esse olhar para fora sem querer voltar-se para dentro de si mesmo é que dificulta ao ser humano do século vinte e um, o estar em paz consigo.
Cada um que cuide de si e todos estarão bem cuidados em certa medida. O olho grande demais não consegue ultrapassar dois milímetros à frente. Talvez tenha sido tudo isso o conteúdo do meu não projeto desde o número um, que a rigor já seria edificar um projeto que não necessitasse de denominação.

Às vezes fica um tanto exaustivo se querer dar nomes a todos os bois. No mais das vezes é inútil querer construir certo alicerce com a areia dos oceanos. Não haverá traço que dê certo, por melhor que seja o cimento e mais pura seja a água utilizada. Nossos alicerces mentais são uma grande incógnita, e aí está a turma do mundo quàntico, que não nos deixa mentir. Somos seres probabilísticos numa teia indelevelmente determinista. Nos domingos, quando posso, para espairecer, vou visitar a jovem mulher da feijoada, da dobradinha e do arrumadinho de charque. Lá, embora nunca me alimente além do que um caldinho de cada panela, observo as pessoas de perto, em silêncio, lendo Millór.

E é exatamente nesses momentos que me dou conta que, sem sequer olhar para cima, para o espaço sideral, sou um mero mortal sem escapatória. Se sou feliz? Não, mas estou feliz. Essa experienciazinha dominical acende a luz da sala de estar da consciência: o quanto somos animais diminutos, meteóricos, quase nada.
E assim vou caminhando, à espera que a próxima noite seja mais leve e me faça sonhar os sonhos, os mesmos sonhos de todo mundo desta velha classe média: ter liquidez suficiente para pagar as contas do passivo existir.
__________________________________________________________
*AHP= António Hermenegildo PORTELA, meu amigo, advogado, jornalista e excelente caráter. Por ele esses textos um dia atingiriam certo grau de excelência.


WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
1°/07/2013









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