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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (104) -- 11/07/2013 - 08:09 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (104)


VW é a sigla para Volkswagen. Tradução literal: carro popular ou carro do povo. Se suspeitarem que discorra sobre essa indústria bem-sucedida, enganam-se. Trata-se apenas de uma pequena alusão a duas pessoas renomadas e brilhantes em seus ofícios: Giuseppe VERDI e Richard WAGNER. Contentemo-nos com o fato de que ambos não sejam tão famosos mundialmente quanto o produto automotivo, o fusca. Bem que mereceriam, pois. Todavia, não se subestime o fato de alguns colecionadores de fuscas não conhecerem os autores de Nabuco e Lohengrin. Há dois traços que eles têm em comum: são compositores de ópera e nasceram no mesmo ano: 1813. E somente isso. A menos que desejemos atribuir a ambos a mesma paixão por Shakespeare e Beethoven.

Eles são contemporàneos de um século dezenove representativo e gerador de grandes músicos; o próprio Wagner casou-se com uma filha do virtuoso pianista Franz Liszt, de nome Cosima. À guisa de detalhe, foi ela que o incentivou a concluir o projeto de Bayreuth Festspielhaus, a casa de ópera e devido à generosidade do rei Ludwig II, da Baviera. Um aspecto destoante é que foram competidores ferrenhos e se Verdi era circunspecto e comedido, Wagner foi homem de vida extravagante e temperamento meio irascível. Inclua-se também, já que não há porque ocultar, certa rivalidade que nutriam entre si. Nesta comemoração dos duzentos anos de nascimento desses dois gênios da modernidade operística, um país musical como o Brasil, não se dispõe a celebrar a data com algum evento marcante.
Quem sabe por que sejamos principalmente um país do futebol.
E leve-se em consideração termos um nome à altura para participar do mesmo bastião, Carlos Gomes. Mas não se espere da cultura brasileira a manutenção e cultivo do hábito de ir à ópera aos sábados. A tradição do bel-canto não faz parte do nosso repertório cultural. Para não parecer injustiça, há que se mencionar o esforço do Teatro Municipal do Rio de Janeiro que durante um bom tempo e hoje com menor intensidade, incentivou o estudo do canto lírico. E se sabe que os grandes talentos eruditos nacionais saem do país e vão estudar nos grandes centros europeus, com bolsas de estudos. Fixemo-nos então em mencionar lato sensu, as principais obras de Verdi e Wagner. Alguns críticos dizem que o primeiro recebeu alguma influência do segundo, mormente no tocante à atmosfera harmónica e orquestral. Em algumas obras do italiano, pode-se notar uma determinada tristanização, termo atribuído à obra imortal de Richard Wagner "Tristão e Isolda".

Uma característica de Wagner é que ele denominava ópera de "drama musical" e se encarregava sozinho de escrever o libreto em todas as obras. Isso é uma espécie de script que acompanha as falas dos cantores-atores. Daí saber-se também da habilidade de Wagner para a direção teatral. Muito nos estenderíamos numa análise wagneriana ao nos fixarmos em sua ampla produção em seus setenta anos de vida. E mais ainda, poder-se-ia narrar sua amizade com Nietzsche, com quem depois rompera. Sabe como é, forças iguais se anulam. Quanto a Verdi, longevo e criativo compositor, a vida lhe foi mais leve e sua conta bancária mais polpuda em face de certa moderação. Dir-se-ia que terminara seus dias bem aquinhoadamente, rico de fato.

Ao morrer no início do século vinte, o maestro italiano legara à humanidade uma qualidade/quantidade significativa de obras magistrais. Podem-se destacar entre suas óperas "Rigoletto", baseada em peça de Victor Hugo, "O rei que ri" de 1851 e "La Traviata", que não me canso de ver/ouvir. Esta inspirada na "Dama das camélias" de Alexandre Dumas, filho. Assim como Beethoven na Nona sinfonia, Verdi escreveu "Força do destino" e "Dom Carlos", inspirado em textos do poeta Schiller. Por fim, a belíssima e colossal "Aída", inspirada na peça de um autor não muito conhecido, o francês Camille du Locle. Para alguns, essa obra tem uma grande influência orquestral de Wagner.
Para maior surpresa de público e crítica, já em idade avançada, Verdi escreveu suas possíveis obras-primas "Otelo" e "Falstaff", do dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare. Curioso em toda essa epopeia de autores exacerbadamente criativos é a grande influência que exerceram sobre tantos autores não adeptos do teatro/música como se pode denominar a ópera. Dentre eles havia um que odiava o universo wagneriano: Debussy, autor francês que teria inspirado Jobim em sua primeira fase de estudante de piano e até mesmo em determinadas melodias de seu belo e variado repertório.

Ainda hoje ao encerrar tais linhas, recordarei os velhos tempos numa fase em que ouvi muita música erudita. Desta vez, para aguçar a memória e elevar o espírito, pelo método aleatório selecionarei "Tristão e Isolda" de Wagner e "La Traviata" de Verdi. E me satisfarei na mesma intensidade com qualquer das duas, porque não haveria melhor terapia para uma noite de inverno camaragibense, regado a um salutar chá verde bem quente.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
10.07.2013









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