Usina de Letras
Usina de Letras
177 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62178 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50582)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (106) -- 26/07/2013 - 08:20 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (106)
"Um livro e uma caneta podem mudar o mundo"
Malala YOUSAFZAI

Ontem à noite, depois de visitar o site da ONU, me comovi tanto de marejar os olhos. Esse choro que não poderia disfarçar me transporta aos sítios mais remotos do Brasil. Lá onde o sol e a lua surgem no mesmo céu mas não conseguem trazer o mesmo alento. Ali onde o conhecimento é tão magro quanto as crianças, os homens e as mulheres. Nessas distàncias geográficas deste país continental, estreitam-se laços e relações, mas não se ampliam a inclusão social e o direito à educação e à moradia.
Malala, a jovem paquistanesa nascida sob uma ideologia teocrática, sente em profundidade a carência de algo mais necessário que a fartura contida na filosofia ignara do Corão. Quando ela, sufocada em sua necessidade de dizer não, clama ao mundo duma tribuna internacional que o conhecimento é mais salutar do que armas, comove a todos. Quase morta pela sanha de ulemás*, ela não se curva a esse tipo de ensinamento dogmático, próprio das religiões. Ela enxerga mais longe, na direção da racionalidade e do desejo de ser livre, no mínimo independente.

Os talibãs, estudantes de uma doutrina fundamentalista, acreditam que a revelação sustenta a honra do ser muçulmano, negligenciando sua origem humana. A menina Malala agora com a voz ecoante no mundo laico, acredita que um lápis e uma mera folha de papel, são mais edificantes do que palavras escritas numa época obscurantista. A etnia pashtun abriga um movimento islàmico denominado sunita Deobandi e são eles mais primitivos do que determinadas seitas religiosas cristãs. No Iraque, que tem Bagdá como uma cidade rica de obras de artes universais, os talibãs destruíram budas milenares. Eles próprios não admitem em sua longa lista de proibições, a leitura de certos livros, excluindo o Corão, claro.

Televisão, celulares, gravadores e càmeras de filmar e fotografar, são pragas ocidentais proibidas e punidas com a morte.
Empinar pipas - pasme - também é considerado perda de tempo, isso porque é costume utilizado nos rituais hindus, dos quais eles têm profunda rejeição. Nascer mulher nessa região afegã ou paquistanesa é sinónimo de escravização. Ela não pode vir à rua senão com um ou mais homens e com a cabeça e o rosto ocultos. Barbear-se e usar relógio, nem pensar. Tais culturas de inspiração teocrática, só são hoje respeitadas em sua manutenção e sobrevivência, porque as democracias ao redor do mundo são extremamente tolerantes. Eu pessoalmente acredito que qualquer incursão na individualidade alheia é invasão à privacidade, prescrita na Constituição brasileira e em alguns estamentos de países orientais e ocidentais.

Se eles, os talibãs afegãos, ao asilarem Osama Bin Laden depois do 11 de setembro, são tão irracionais, o que se pode dizer de organismos legitimados como a CIA que invade e-mails e grampeia as comunicações de cidadãos em pleno mundo civilizado? E o que se dizer do ponto-de-vista do direito internacional de alguém que banca o dedo-duro, como Mr. Snowden, que está entre a cruz e a caldeirinha?
O sentimento de quem desconfia onde tem o nariz é de que existe sob tudo isso, um esforço oriundo de dentro para fora, em busca de um novo repensar do que seja Democracia; seria muito mais um regime do demo/diabo/satanás ou algo que nasce e morre com o ser humano consciente de que tem sua origem na terra e não nos céus? Malala, cuja condição difere das outras meninas espalhadas nesse vasto mundo, talvez transitoriamente as possa representar. As meninas filhas de incerto destino, que servem de depósito de esperma nos mais longínquos confins do Brasil.

Meninas-prostitutas que alegram as horas de parlamentares brasileiros em confortáveis espaços no Distrito Federal com o dinheiro do contribuinte. A essas Malalas não é concedido o tempo necessário nem a devida tribuna. Elas são filhas de um Estado hipócrita habitado pelos mesmos vendilhões, aqueles a quem a religião cristã ocidental e o poder constituído decidiram fazer ouvidos de mercador e olho de pirata.
_____________________________________________________
* Sábios ou doutores da lei nas culturas árabe e turca.

WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
15.07.2013
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui