Quando tomei conhecimento da existência desse refrigerante estava lá pelos sete ou oito anos. Meus pais diziam que era uma porcaria, não devia passar de água suja. Não víamos pela sua cor?
Até então, só nos refrescávamos com água mesmo ou sucos de frutas e vitaminas. Aos domingos ou dias de festa, tomávamos guaraná. Da Antártica ou de outras marcas que existiam no interior.
Contrariamente às outras crianças, eu gostava de um suco de tomate que papai trazia de vez em quando. Vinha numa latinha e se chamava V-8.
Tanto meus pais falaram da coca-cola, que fiquei na dúvida, sem saber se era mesmo água suja. E ela se acentuou ainda mais durante uma viagem que fizemos a Jacareí. Chegando a esta cidade, papai foi visitar um amigo que trabalhava numa distribuidora da Coca-Cola. Ao entrarmos num grande saguão, vimos algumas mulheres que trabalhavam na limpeza. Elas passavam panos no chão e depois os torciam em baldes cheios de uma água escura. Feliz com a coincidência, papai tratou logo de falar:
_ Eu não disse? Agora vocês podem ver com seus próprios olhos. Esses baldes estão cheios de coca-cola!
Certamente não foi por causa disso, mas o fato é que até hoje não cheguei a ser uma fã número um dessa bebida, a preferida por nove entre dez crianças do mundo inteiro.
