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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (111) -- 08/08/2013 - 10:00 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (111)
"mens sana in corpore sano"
provérbio latino

A tragédia moderna não consegue competir com aquela descrita no texto de Shakespeare, embora guarde alguma semelhança. Algum historiador tempo integral deve registrar os acontecimentos, tentando ser o mais imparcial possível, ou não. Do meu modesto observatório, ainda duvido se existam historiadores com esse perfil. A recente ocasião em que conversei com um, ele ainda cria que Adão e Eva houvessem existido. Ou que o mundo tenha quatro mil anos de idade. Podem achar estranho, mas é pura verdade. De outro modo, também duvido se ainda existe algum historiador que se preocupe com uma chacina executada por adolescentes. A impressão que se tem é de que, quem registra a história contemporànea é a imprensa, a mídia digital globalizada.
E essa mesma, a cujo código de ética não tenho acesso, aprecia a priori repetir ad nauseam a notícia de que uma família de policiais fora dizimada por um incapaz, entre aspas. O noticiário carece de pauta e essa é um item emblemático a enriquecer qualquer pauteiro. Para ser honesto mais ainda, já não me surpreendo com o que acontece sob os céus. Um jornalista amigo e muito criativo me ensinou que a manchete que choca e tira o sono é quando noticia que o homem mordeu o cão e não sua recíproca. Por tudo isso, a tragédia contemporànea, se não for banalizada e brega, nada tem mesmo a ver com aquela produzida pelo bardo inglês. O filósofo antigo dizia que "sou humano e nada que é humano, se me torna estranho". Pode ser, mas um conteúdo de tragédia urbana em que um simples adolescente mata cinco pessoas incluindo os pais, não é nada tão simples, embora demasiadamente humano, porque cruel e um tanto inusitado.
As hipóteses que norteiam o acontecimento, variam desde se o menino inspirou-se em videogames, até em ele ser possuidor de uma mente tão perversamente criativa a ponto de. A rigor, uma criança imaginosa e cheia de fantasias, pode também imaginar que, em face da genética, seja induzido a praticar o que aprendeu em seu game predileto. A imaginação de um adolescente ainda não consolidada sua personalidade, é de tal forma fértil que ele é capaz de reproduzir na realidade, aquilo que a ficção não ousa expressar. Outro dia vi um filme de conteúdo bastante interessante, do ponto-de-vista humanístico. Tratava da história de um escritor de personagens heróis que se cansara de escrever e resolvera isolar-se do mundo. Tal isolamento o fez conhecer uma criança de nove anos, cuja principal curiosidade era saber como se escreve uma história. Foi aí que ele, sensivelmente, resolveu dizer a ela que procure sempre observar aquilo que não está vendo. Para isso utilizou a técnica do questionamento e a busca do insight: o que você não está vendo? Ela percebera que para se escrever uma história é necessário ir além da realidade, muito acima do que a percepção pode alcançar.
Suspeito que esse adolescente homicida haja ido além do que essa tosca e morosa realidade lhe pudesse dar. Baseado no conteúdo violento e letal de um videogame, quem sabe ele quisesse experimentar na vida real, o sabor agridoce de uma tragédia familiar. O perfil desse belo e desgraçado menino, feito um personagem de Shakespeare é moldado conforme a ocasião. A perícia criminalística, a medicina forense e a filosofia cibernética, talvez não desvendem jamais a principal razão disso tudo ou de que forma aconteceu. Ao lado disso, não podem desconhecer que está tudo aí, da forma como parece ser e na mesma proporção que mantém perplexo o ser humano em não saber que tipo de tragédia preferiria protagonizar ou dela não tomar conhecimento.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
08.08.2013
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