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Infanto_Juvenil-->A cabra de dona Benedita -- 21/06/2007 - 00:09 (Beatriz Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Cabra de dona Benedita



Houve um período em que mamãe nos apareceu com uma novidade: deveríamos tomar leite de cabra. Fazia bem para a saúde, principalmente para nós, que estávamos em fase de crescimento.

Mas esse leite não vinha embalado como os de hoje, nem era vendido nas leiterias. Aliás, o leite da vaca também não vinha em caixinhas. Era distribuído pelo leiteiro que circulava pelas ruas a bordo de uma charrete puxada por um cavalo e trazia o leite em latões próprios para isto. Quem quisesse podia comprá-lo nas leiterias, onde havia também queijos à venda.

Em nossa casa o leite e os queijos consumidos vinham diretamente da fazenda. Para que não se estragasse, o leite era fervido logo que chegava. Vocês sabem que a gordura do leite fervido vira nata, não é? Vários litros de leite fervido faziam um monte de nata e essa nata batida transformava-se em manteiga. Eu gosto muito de manteiga, principalmente com pão quentinho, mas só de pensar naquela camada de nata que eu via boiando em cima da panela, me embrulha o estômago. Eu detestava nata e nem podia sentir o cheiro de leite fervido.

Fiquei feliz quando soube que começaram a usar um novo método para se esterilizar o leite. Ele se chama “pasteurização” e é feito através de máquinas que elevam bastante a temperatura, resfriando-a logo em seguida, matando assim as bactérias. O leite que compramos hoje já vem pasteurizado. O processo tem esse nome porque foi inventado por um cientista francês chamado Louis Pasteur.

Bem, voltando à vaca fria, ou melhor, à cabra da dona Benedita, nós tínhamos que ir até a casa dessa mulher para tomar o tal leite. Andávamos dois quarteirões com os copos na mão e, lá chegando, nos dirigíamos ao quintal onde a cabra aguardava comendo capim. Mas ela não só comia capim, como fazia cocô, o que empesteava o quintal de tal forma que não se podia respirar nem andar normalmente ali. Com os dedos tapando o nariz, andávamos de cabeça baixa para desviar os pés das bolotinhas espalhadas por todo lado. Ainda com o nariz tapado, engolíamos o leite rapidamente, fazendo gut-gut com a garganta.
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