Quero carinho,
quero atenção,
quero conversa.
Sem pressa.
Sem essa
de hoje não posso, menino,
quem sabe amanhã.
Conto mentiras com a inocência de Adão comendo maçã.
Quero um amigo para viver histórias comigo.
Vozes me levam ao encontro de um bicho.
um galo, um periquito, um cão,
uma ninhada de gatos,
pêlos e patas abraçando minha mão.
Até as formigas têm uma cara simpática.
Converso de longe
- reserva estratégica -
e elas me contam histórias fantásticas,
de folhas, de túneis, de enchentes enormes
e aventuras no topo
do pé de limão.
Vago com elas,
falo com o gato
vôo nas asas do periquito.
Quero carinho,
quero atenção,
quero conversa.
Sem pressa.
Sem essa
de hoje não posso, menino,
quem sabe amanhã.
Liberto do chão
confundo as cores do sonho
com outras de ontem.
E sou tão feliz
no canto do galo, na corrida do cão,
nas asas da ave
ausente do chão.
No pé de maçã
inocente formiga ou doce vilão,
eu não conheço essa tal solidão.
|