-Largue isso! - eu gritei.
E ele largou. Olhou fundo em meus olhos e eu vi algo. Vi sua alma escancarada para mim, e senti o desejo de chorar.
Assim que a primeira lágrima começou a descer por minha face, baixei o olhar e vi o revólver que ele segurava jogado no chão.
Rapidamente vieram os guardas buscá-lo. Ele não reagiu, nem desistiu de me fitar. Senti pena dele, como nunca havia sentido antes.
Enquanto o levavam, fiquei com medo do fututro. Temi pelo meu futuro, mas não tanto quanto temi pelo seu. Não podia imaginar o que seria feito dele, e aqueles momentos se tornaram os mais confusos de minha vida. Só conseguia sentir pena dele. Só conseguia amá-lo, como nunca o amara antes. Só conseguia sentir medo por ele.
Em poucos segundos, toda minha vida passou por minha mente. Lembrei de minha infância com ele. Lembrei de como nos separamos, pouco a pouco. Lembrei de como eu estava sempre ocupado demais para me preocupar com ele. Algum dia me perdoará? Ele precisava de mim, e nem me importei em saber disso. Tentar roubar aquele banco foi seu último ato desesperado.
Agora eu tenho tempo para pensar sobre tudo o que aconteceu, e nunca me senti tão confuso, mas acima de tudo, nunca me senti tão culpado.
Naquele dia no banco evitei que ele se matasse. Era o que eu tinha que fazer. Mas não terá sido tarde demais para salvar meu irmão?