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cronicas-->TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (118) -- 10/09/2013 - 09:15 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TRADIÇÕES, CONTRADIÇÕES (118)

Há assuntos que, para se entender, o estómago dá algumas voltas. Uma delas é essa nova roupagem de alguém se manifestar nas ruas. O uso da máscara, incluindo aquela do fantasma da ópera, está virando moda. E, já que o buraco negro do desemprego continua aberto e disponível, já existem "profissionais" de manifestantes, do mesmo modo que existem os da fila do INSS, dos shows artísticos e outras mumunhas. Talvez seja uma maneira singular de se inaugurar a pedra fundamental de uma democracia que está por vir. Mas, segundo meu analista de textos, o Toinho Portela, o que se ousa denominar democracia, rima com hipocrisia. Vai ver ele está correto em sua afirmação. De minha parte de ignorantão nesses assuntos, encontro quase sempre mais um motivo para rir. Senão vejamos: no artigo quinto da nossa amada Constituição Federal, diz lá que "é vedado o anonimato".
Quero crer que um cabra que sai por aí em praça pública de máscara, está se escondendo e cometendo um leve crime. Infira-se que ele, ou anda mal-intencionado ou quer dar mais um motivo à polícia para mandar ver o caça cabeças. E com o agravante de que pode se tratar de algum masoquista enfronhado em manifestante.

A raciocinar dentro da assertiva portelense, democracia é algo mais do que uma mera hipocrisia, porque pode ser também um disfarce atemporal de que tudo acaba em samba, depredação, pancadaria e prisões efêmeras. A semana acabou desaguando num sábado patriótico, próprio para se refletir sobre se no próximo setembro do ano da Copa, a democracia se disponha a desembarcar em Brasília. Lá, em pleno rincão parlamentar, suas excelências estão tentando ver se aprovam de um modo holístico, o voto aberto, acabando com o segredo do sufrágio universal. Eles demoram muito para descobrir qual o sabor preferido do "somos todos iguais perante a lei". O que a meu ver comporta outra contradição, quando a Carta diz que o voto é secreto e indevassável. Ou ele tem essa característica quando se trata de o povo exercê-lo? Toda essa fanfarra me faz lembrar o velho prefeito Odorico Paraguaçu que derepentemente me vem à baila. Bons tempos os da cidade imaginária de Sucupira.

Mas é bom acreditar que a arte imita a vida. Outro dia, democraticamente, o prefeito médico pediu demissão e renúncia do cargo, porque estava ganhando aquém de sua capacidade de esculápio. Ó bicho bom. Inadvertidamente, alguém com um tino exageradamente democrático irá supor que ele, o esculápio prefeito, andava perdendo dinheiro porque inativara o consultório. Qual o que! O filho duma égua estava mesmo era mergulhado em alguma falcatrua de licitações e outros quebrantos. E não me venha ele argumentar que não sabia do seu parco numerário, numa cidade de menos de 20 mil habitantes. Com menos do que isso, o velho Diógenes saiu nu, escondido dentro de um barril procurando alguém honesto. Ingênua independência essa deste sete de setembro. Nos libertamos dos portugueses imperiais e nos agrilhoamos nas trapaças dos três poderes. Imagine vocês, patrióticos leitor ou leitora serem eleitos deputado federal e, ao cabo de trinta anos proverem-se de uma aposentadoriazinha de trinta mil merrecas. E isso sem falar que, ameaçado de ir pro xilindró, certamente num regime semiaberto. Tudo isso ocorre nas verdadeiras democraciazinhas de faz-de-conta, hermeticamente hipócritas. O feliz ganhador dessa joia mensal é o Senhor Parlamentar José Genoíno, que até outro dia posava de reserva moral de um partido que tudo indica parou de ser dos trabalhadores. Infeliz independência democrática essa.

Então, sem nenhum talento específico para manifestante, qualquer um de nós, velho na forma da lei, a começar por mim, enterra o título eleitoral no fundo da gaveta do escritório doméstico e esquece tudo. Esquece para não ter que se lembrar da ópera bufa do sistema republicano brasileiro. Às vezes, noutra noite perdida, sonha com algo melhor para o povo, em educação, saúde, segurança e outros itens infraconstitucionais. Investe pesado em esperança, acorda satisfeito da vida, olha em volta e observa que tudo está da mesma forma que estava antes de ir dormir. Num feriado como este da independência, nos perguntamos: que tipo de independência? Ou está tudo inserido numa espécie de roteiro folclórico de um longa-metragem de Glauber? No município de São Lourenço, aonde fui duas vezes nesta semana, parece que a Copa do mundo será em 2018. Não se vê um canteirinho de obras, uma leve sombra projetiva do que será.

Quando tiver um tempinho discricionário, tente ver na televisão um documentário do National Geographic sobre o que restou da Copa na Àfrica do sul. Se vamos ser uma cópia daquilo, não sei por que meu talento para Nostradamus é zero. Mas vale a pena conferir e chegar à plausível e triste conclusão de que nossa paciência é maior e diametralmente oposta ao alarido das ruas em suas máscaras que não sabem o que ocultar.
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WALTER DA SILVA
Camaragibe-PE
07.09.2013








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