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Artigos-->PUDIM DE BANHA -- 30/08/2003 - 10:14 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu gostava muito daquela minha nova camisa verde orelhão. Por isso com o maior esmero, que se pode esperar dum mauricinho hipocondríaco, a vestí naquela manhã, imaginando o rumor que ela causaria.



Defronte ao espelho, alisando com escova de pelos duros, meu cabelo de cupim, lembrei-me dum saparrão, cujos olhos verdes e salientes se mostravam mortiços. Meu ventre abaulado, e vítima da contumaz escandescência, deixava-me irritadíssimo. Fazia anos que não via o bimbo pobre; sexo mesmo, só de ladinho, e de vez em quando.



Pra quebrar a monotonia, daquele quarto onde me compunha, liguei o rádio. O locutor gago noticiava a prisão do tal doutor Shipman; médico acusado de matar dezenas de setuagenários durante os trinta anos em que exercera a medicina. Era mesmo um monstro! Seu caso assemelhava-se ao daquele enfermeiro que, com cloreto de potássio, despachara centenas d´álmas pro céu, sob encomenda dum pool de funerárias.



Prosseguindo o noticiário e, sofrendo com as dificuldades causadas por sua tartamudez, o locutor tentava agora informar à população, que um político, cara de pau velho, prometera uma ciclovia com seis quilômetros de extensão, por 2,10 ou 2,30 metros de largura a ser construída num bairro chique da reluzente cidade metropolitana; e que até para o Rio de janeiro, num esforço sobre-humano, se obrigara a viajar, a fim de conhecer as existentes por lá.



A ratazana velha, afirmara que o gasto único, a ser suportado pela prefeitura, seria com a aquisição do pedrisco bom e barato. O tempo do cumprimento da promessa se esgotava. Será que ele honraria sua palavra? Eu não poria minhas mãos no fogo por aquele cabrão catinguento.



Afirmavam, os teclados peçonhentos, que ele mandara instalar, já no final do seu mandato, microfones por todas as salas das repartições onde supunha que seus adversários políticos maquinavam ardis degoladores.



Diziam também que no seu departamento de comunicação social, a improbidade era tamanha que desalentava até aos mais ingênuos crentes na sua benemerência propalada.



Dando seguimento ao noticioso apimentado, o grilo trombeta gago, espargia aos quatro ventos, que havia uma funcionária vicária incumbida de pagar aos fornecedores do seu governo. Mas que tais pagamentos não se davam nunca de forma honesta. Os cheques destinados às remunerações eram preenchidos com valores dez vezes maiores do que os combinados. As diferenças eram sempre embolsadas pela empregada astuta.



Naquele momento sentí uma vertigem angustiante e procurei afastar-me do quarto indo para a cozinha. Mas o cricrilar do ensebado vibrava meus tímpanos inundando a casa com maus agouros; sai pra rua deixando o rádio ligado.



Anos mais tarde soube que aquele alcaide safardana, numa ocasião, perdera-se na estrada vicinal; e que pra achar o labiríntico caminho da volta fez uma promessa: criaria leis que bajulariam os asseclas das seitas malígnas. E foi isso mesmo o que ocorreu. Por meio dos politicóides concebeu um sem-número de datas comemorativas e efemérides com as quais puxava o saco daqueles, que em troca, lhe encobriam os crimes.



Então assim, como sempre foi, certas mãos lavavam as outras; e todas juntas, lesavam cidades inteiras.



Mas o tempo das tais solércias findava-se. Os castigos seriam tantos e tamanhos que só a lembrança dos infortúnios suportados pelos punidos serviriam para intimidar os futuros candidatos a velhacos.



Quem vivesse veria.



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