Todos os domingos ela se faz bela,
E vai a igreja esperar o poeta.
Aquele da “Lira dos vinte anos”.
Que ela leu e releu, e decorou.
A missa acaba.O poeta não veio,
Quase um século se passou.
A pobre velha agora grita histérica,
Figura humana patética a multidão.
Num lamento macabro discursa:
Trechos do “Vagabundo”.
“O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a luz macilenta,
E a preguiça, a mulher por quem suspiro”.
Aplausos.Assobios.Aglomerações.
Garotos gritam em côro:
Olha a louca da Sé...Olha a louca da Sé...
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