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cronicas-->Roupa suja... -- 13/09/2013 - 05:21 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A lavagem de roupas era a tarefa mais exaustiva e desgastante das obrigações

domésticas. Implicava várias fases e a mais chata delas era a esfregação. O sabão

em barra, fosse o Santa Luzia, aquele amarelinho, de pintinhas marrons, ou o

róseo Minerva, eram mesmo soda! Deixavam as mãos descoloridas e podia levar

até ao sangramento.

E à mana Labelle é que cabia essa pesada desincumbência, além de partilhar com

LaToya a arrumação da casa, e o fogão. Eu, o terceiro em linha cronológica, me

ocupava das vasilhas. E dos sapatos, onde contava com a assessoria ainda menos

interessada dos manos menores, Beu e Cashi. E ainda sobrava a pageação dos

petizes, feita em mutirão.

Com mamãe e papai devotando oito horas diárias à fapa - que era como

chamávamos a companhia de tecidos - de segunda a sábado, a chiação não achava

argumentação e o negócio, sem ócio ou sócio, era meter as mãos à obra.

Compadecido do fardo mais pesado de Labelle, papai, que à época já trabalhava na

terceira turma, das dez da noite às seis da manhã, não se fazia de rogado, e muito

menos se incomodava em fazer coisas que homem geralmente não fazia: no

quintal, com a bacia de roupa ao centro dum banco, sentava-se numa ponta, com

Labelle na outra, e botava os muques a funcionar naquela faina ingrata e

repetitiva.

E foi numa tarde dessas, ensolarada e arrastada, así como añorada, que bateu à

nossa porta algum mascate ou visitante ocasional. Atendido o chegante,

acomodado num sofá, servido um gór d´água, esperou por papai. Num par de

minutos, ei-lo que chega: quando o visitante lhe estende a mão, papai exibe às

suas, branquésimas ainda que sob uma uma napa de terra solta, fresquinha, e se

escusa: lamento não poder lhe apertar a mão, estava lidando com terra no

quintal...

O visitante não retornou. Mas deve estar ainda encabulado tentando decifrar

aquela cena: mãos tão alvas, por terra salvas...
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