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Cronicas-->A purcissão... -- 15/09/2013 - 04:34 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O vigário, um Valentino - quiçá mais que o próprio Rodolfo - dizia-o bem,

espevitado, em seu tom abaritonado, potente, do alto do púlpito: "A

Procissão do Corpo do Senhor sairá pela rua...". Mas nós, a massa dos

fiéis, ficávamos mesmo era na "purcissão". Mesmo já indo a escola,

tendo aprendido a escrever bonitinho, ficava feio, pedante e sem

espontaneidade. Passava-se por `metido` aquele que ousasse

transgredir a ordem natural das coisas da linguagem geral.

Ainda bem que não acendi minha vela, que trouxe de casa, senão ela já

tinha se consumido toda só nessa consideração introdutória. Mas a tenho

aqui comigo, sim, posso apalpá-la em meu bolso, branquinha, fina,mas

que tamanho mais exacto! Na certa há de ser de espermacete. Será essa

a grafia correcta? Deus é brasileiro, mas em matéria de grafia ele é

severo. Parece mais português. E lisboeta. A rapaziada tá vendendo velas

pelo adro e pela praça da Càmara, onde o povo se aglomera para a saída da

purcissão. Não garanto, mas dá pra imaginar que a metade da gente da

cidade tá por aqui. E essa outra metade é de gente de fora, das roças,

dos povoados e de bibocas mais distantes. A gente reconhece pelos

chapéus dos homens - e pelas pernas não depiladas das mocinhas. O que as

torna ainda mais apetitosas. Ao Senhor - que se não se mete, tampouco é

gillette. Ai Deus, já pequei mesmo, mas depois confesso, apaga-se tudo.

Menos a vela.

A hora é de acender as velas, ó o Padre saindo da porta da Matriz, todo

paramentado na paixão do Cristo. E eu ardendo pra não queimar as madeixas

cacheadas dessa moça que me vai à frente, tão compungidamente, liderando

a gente. E a vela derretente.
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